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Quase onze meses depois do acidente que a deixou em uma cadeira de rodas, Laís Souza retornou ao Brasil. A ex-ginasta esteve em tratamento nos Estados Unidos e agora volta à sua terra natal para continuar a recuperação ao lado de parentes e amigos. Devido ao tratamento médico de altíssima qualidade que recebeu e às doações financeiras que recebeu para auxiliar nas despesas médicas, a evolução do quadro de Laís é animadora.
Ela se acidentou no dia 28 de janeiro, quando se preparava para competir nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014. A ex-ginasta pretendia competir no esqui aéreo e esquiava em Salt Lake City quando se chocou com uma árvore e fraturou a terceira vértebra da coluna cervical. Ela estava acompanhada da amiga Josi Santos e pelo treinador Ryan Snow e foi prontamente atendida, o que a salvou. Nesta segunda-feira, Laís esteve ao lado do médico Antônio Mattos Jr.. responsável por seu tratamento em Miami, para falar sobre o acidente, a reabilitação e a batalha para voltar a andar.
“Ela quase perdeu a vida. Foi um acidente muito grave, mas apesar de estar no lugar errado e na hora errada, tudo passou a dar certo na vida da Laís. 50% dos pacientes que tem a lesão que ela teve acabam falecendo nas primeiras 24 horas porque param de respirar. Na primeira semana, mais 20% morrem por causa de complicações. A lesão da Laís foi muito grave e na primeira hora pensamos num plano para sua recuperação, que foi única no mundo”, disse o médico.
Em seu tratamento, Laís recebeu três injeções de células-tronco e começou a recuperar a sensibilidade de algumas partes do corpo. O Dr. Mattos afirmou que sua lesão involuiu de “completa” para “incompleta”, que foi um grande avanço.
“Tenho o prazer de informar que 10 meses após a lesão da Laís, depois da terceira injeção de células-tronco no último exame, ela converteu a lesão de completa para lesão incompleta. Hoje ela já tem alguma sensibilidade. Hoje, a Laís tem uma lesão incompleta de medula. Essa foi uma grande conquista. E isso muda tudo. Ela passa a ser candidata a outros protocolos, todos inovadores. Vamos lutar até onde der. Nós prometemos muita luta, muita garra”, disse Mattos.
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Uma recuperação como a de Laís não é rotineira. Mattos afirmou que eles só conseguiram todo esse progresso por causa de um misto de determinação e coisas experimentais na medicina.
"Me sinto muito privilegiada por estar nesse tratamento. É inexplicável o quanto me motiva saber que eu estou dentro disso. Eu estava no momento errado, na hora errada, mas as coisas depois do acidente não podiam ter acontecido de um jeito melhor”, afirmou a ex-atleta, que não perde o otimismo mesmo diante das dificuldades.
“Eu sou muito positiva. Quanto à minha lesão, ainda tem muita adaptação e falo com minha psicóloga para aceitar a situação onde me encontro hoje e encarar, porque não vai ter o que fazer se eu não encarar essa situação de corpo e alma. Preciso abraçar e não olhar para trás. O plano A é voltar a andar, recuperar os movimentos e a sensibilidade”, disse Laís. “É a sensação que eu tenho ainda é de que eu sou uma atleta. É uma grande competição que vou ter que encarar de cabeça erguida, sempre forte para comer bem, treinar, fazer fisioterapia e manter a cabeça boa também”, acrescentou.
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“Alguns sonhos com certeza mudaram, pois hoje um deles é voltar a andar, trazer novidades [médicas] para o Brasil, mas eu continuo a mesma Laís. Meu objetivo é trabalhar, evoluir. Independente disso eu quero estar bem e conquistando meus sonhos, mas vivendo um dia após o outro, pensando sempre no presente”, comentou.
Na terça-feira, Laís participará do Prêmio Brasil Olímpico, no Rio de Janeiro, e em seguida viajará para Ribeirão Preto, sua cidade natal, sob a garantia do Dr. Mattos a recuperação no Brasil poderá prosseguir com a mesma qualidade.
“Eu vou pra casa, estou muito ansiosa, minha família está lá me esperando. A gente ainda está em adaptação pra ver onde eu vou ficar, como eu vou ficar, mas provavelmente eu vou nessa cadeira que eu estou. A cidade é pequena então tem muita gente que me conhece, estou com saudade de rever todo mundo”, encerrou Laís.
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