Kelly, mãe de Fernanda, fez de tudo para encontrar a técnica que ajudou a salvar a sua filha / Arquivo Pessoal
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"Não lembro de muita coisa do acidente, apenas que paramos no posto para abastecer, segurei no meu parceiro e veio a freada brusca. Recordo que fui arremessada e depois arrastada. Senti muita dor, e a sensação era horrível. Pessoas gritavam para não deixar o motorista fugir e, no meio desse tumulto, surgiu uma voz suave perguntando se eu precisava de alguma coisa. Nessa hora, eu não conseguia ver nada, apenas ouvir a voz doce da Lu. Ela me disse que trabalhava no Hospital Marcelino Champagnat e que eu não poderia me mexer até o Siate chegar. Não me deixou um minuto sozinha, me manteve calma e imóvel”, recorda Fernanda de Oliveira Franco, 20 anos, que estava indo trabalhar na garupa de uma moto, quando foi atingida por um carro.
O caminho da jovem e da técnica de enfermagem Luciana Machado se cruzaram porque o local do acidente faz parte do trajeto diário da profissional de saúde até a instituição em que trabalha. Naquele dia, após presenciar o acidente, a profissional, que atua no centro cirúrgico do Hospital Marcelino Champagnat, mandou mensagem para sua coordenadora avisando que se atrasaria porque precisava ajudar uma vítima de acidente de trânsito. Mais tarde, essa mensagem ajudou a mãe da Fernanda, Kelly Patrícia, a encontrar a profissional que - durante os primeiros socorros - ajudou a manter a sua filha viva e com todos os movimentos.
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Cirurgia
Fernanda foi encaminhada pelo Siate para o Hospital Universitário Cajuru, referência ao atendimento de traumas em Curitiba (PR). Foram oito horas de cirurgia, onde o neurocirurgião Ricardo Guimarães identificou duas fraturas na cervical na vértebra C5 e percebeu que, por muito pouco, a jovem não ficou tetraplégica. “A orientação da Luciana para que a Fernanda não se mexesse até a chegada da equipe de resgate foi crucial. O padrão de fratura que ela teve, comumente pode gerar uma lesão regular, deixando o paciente tetraplégico. É uma fratura muito instável, grave, uma luxação cervical, e quando a Fernanda chegou, ela tinha pouquíssimos sinais neurológicos. O primeiro atendimento foi vital para o sucesso da cirurgia e a ausência de sequelas”, afirma o médico.
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Reencontro com a técnica
Kelly, mãe de Fernanda, fez de tudo para encontrar a técnica que ajudou a salvar a sua filha. A única informação que tinha é que ela estava com o uniforme do Hospital Marcelino Champagnat, que, por sorte, fica exatamente ao lado do Hospital Universitário Cajuru. As duas instituições fazem parte do Grupo Marista e muitos profissionais se conhecem. Saiu então perguntando para todos, até que encontrou uma profissional que lembrou que a Luciana chegou atrasada naquele dia porque parou para ajudar em um acidente de trânsito.
“Luciana, precisava muito lhe agradecer por ter ajudado a salvar a minha filha. Sei que o pior não aconteceu porque você agiu rápido e fez o certo. Nada que eu faça por você, vai chegar perto do que você fez pela minha família”, fala a mãe emocionada para a técnica de enfermagem. “O médico disse que se não fosse a imobilização correta, ela poderia ter ficado por lá mesmo. Eu sou só agradecimento”, complementa.
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“Eu fiz o que tinha que ser feito. Assim que vi o acidente, parei o carro e fui ajudar. Nem sei descrever o meu sentimento diante daquela situação. Apliquei o meu conhecimento e consegui ajudar uma vida. Isso é o que me move na profissão”, diz Luciana. “Faz sete meses que trabalho na área, já cuidei de muitas pessoas, mas dessa vez pude encontrá-las novamente. Aqui, será uma amizade para sempre”, assegura.
Futuro
Fernanda está se recuperando da cirurgia em casa e com todos os movimentos do corpo preservados. Mãe, filha e a técnica de enfermagem conversam todos os dias e a promessa é de uma grande amizade. Foram caminhos que se entrelaçaram e que sentimentos como gratidão e amor não deixarão separar.
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