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Em maio do ano passado, a Reportagem do Diário do Litoral foi buscar a história de Clayton Oliveira da Silva que, na ocasião, trabalhava na limpeza da Faculdade de Direito e Arquitetura, da Universidade Católica de Santos (UniSantos). No primeiro contato, era nítida a simplicidade do rapaz que confessou ter um sonho: estudar Letras para poder ensinar idiomas a pessoas carentes.
Na última quarta-feira (21), a equipe estabeleceu novo contato com Clayton da Silva e acabou tendo uma agradável surpresa: “a reportagem do jornal comoveu um empresário que está pagando meus estudos. Estou no terceiro semestre do curso de Letras”, disse o trabalhador, com um sorriso largo, digno da grandiosidade de seus objetivos. O empresário custeia 100% dos estudos.
Morador do Morro da Nova Cintra, Clayton ajuda no sustento da família, formada pela mãe e três irmãos. Ele não trabalha mais na empresa terceirizada que prestava serviços à UniSantos, mas continua no ramo de serviços gerais, agora mais perto de se tornar professor. Antes de sentar no banco universitário, o trabalhador, nos momentos de folga, se dedicava a aprender espanhol, alemão, francês e russo sozinho, sem auxílio de professores.
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“Eu ouço as falas e, com auxílio da internet, pratico a escrita e a conversação. O alemão básico eu já consigo entender e o espanhol eu já falo bem. Meu sonho é poder me formar em Letras e ensinar pessoas carentes, mas não tenho dinheiro para pagar uma faculdade”, afirmava Clayton ano passado, quando recebia R$ 820,00 por mês bruto.
Clayton dizia ainda que usava a literatura tradicional. “Eu comprei um dicionário russo e tenho quatro na língua alemã. Todos os dias eu leio, vejo a tradução e vou memorizando. Depois, com o áudio do celular em alemão, eu vou praticando a pronúncia”, revelava à ocasião. Ele chegou a fazer contato com grupo de ingleses no Morro da Nova Cintra que também falava alemão. “Fiz uma espécie de intercâmbio, com o mínimo de inglês que domino”, contava, quase sem se dar conta da quinta língua em seu currículo.
A luta do trabalhador era compartilhada e admirada pelos alunos de Direito e Arquitetura. Nas faculdades, entre um intervalo e outro, era muito comum os estudantes conversarem com Clayton em espanhol. Todos admiravam seu esforço e sua capacidade de superar as dificuldades. Eles jamais poderiam imaginar que Clayton se tornaria, como eles, um universitário.
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“No Brasil, o que me preocupa é a Educação. Quero ajudar adultos e crianças a interpretar textos. O brasileiro tem pouco hábito de ler e, consequentemente, entender o que está lendo. Meus estudos serão de grande valia para poder ajudar melhor as pessoas”, finaliza.
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