Cotidiano

Jovem desenvolve projeto de espaço coletivo de trabalho na Alemoa, em Santos

Ronaldo Pereira percorre favelas incentivando projetos sociais. Iniciativa foi batizada de Metamorphose Social

Publicado em 07/11/2014 às 20:11

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“É necessário sempre acreditar que o sonho é possível, que o céu é o limite e você, truta, é imbatível”. A música A Vida é Desafio do grupo de rap Racionais MCs define o gestor ambiental Ronaldo Pereira, 28 anos. O jovem negro chama a atenção pela aparência e atitude. Dreads na cabeça, tatuagens pelo corpo e um estilo próprio. Nascido e criado na Alemoa, em Santos, ele é um sonhador nato. Entre as muitas ideias que carrega na cabeça uma é mais urgente: a criação do Gomma Home Office, um espaço coletivo de trabalho, também conhecido como coworking, na comunidade.

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“Vai ser um grande salão feito de madeira onde as pessoas poderão compartilhar experiências e trazer seus trabalhos e projetos para cá. A ideia do coworking na favela é gerar economia local, tornando a comunidade empreendedora”, afirma Ronaldo. “Os moradores ainda não estão botando muita fé, mas quando o projeto tiver início tenho certeza que será uma conquista, principalmente para os jovens daqui”.

O coworking é um modelo de trabalho baseado no compartilhamento de espaço e recursos de escritório. Nele podem atuar profissionais de diversos segmentos, autônomos e usuários independentes. A utilização do local é permitida mediante uma taxa. “Quem for utilizar pagará uma pequena quantia para poder quitar despesas como água, luz e telefone”, destaca. Ronaldo ressalta que fez contatos com uma produtora de vídeos e alguns projetos sociais. Ambos já se interessaram em usar o local.

O Gomma Home Office será erguido onde está o barraco de Ronaldo, entre os becos e vielas da Alemoa, que fica às margens da Rodovia Anchieta e a Rua Bóris Kauffman, área conhecida por abrigar várias transportadoras. A atual construção de madeirite será derrubada e ganhará nova cara. Se tudo ocorrer conforme o jovem planeja, o projeto, que segundo ele é o primeiro em favela no estado de São Paulo, será inaugurado no final do mês.

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Para tirar a ideia do papel e da cabeça, o gestor ambiental conta com a ajuda de voluntários e a doação de materiais.  No local já há muitas vigas, mas para que a obra siga no tempo certo, ainda são necessários telhas, madeirites, cimento, tinta e piso. “Se alguém fez uma obra recente e sobrou material e quiser nos ajudar pode entrar em contato que a gente dá um jeito de buscar. O que não utilizarmos na obra, vamos doar para a comunidade e para outros projetos que necessitam”, ressalta.

Para conhecer mais detalhes ou ajudar o projeto, o contato com o Ronaldo pode ser feito pelo telefone (13) 99145-9000 ou pelo e-mail [email protected] . A iniciativa também conta com uma página do Facebook.

Espaço coletivo de trabalho é desafio do jovem (Foto: Matheus Tagé/DL)

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Vida alternativa

Ronaldo Pereira adotou um estilo de vida diferente. Deixou um emprego fixo para percorrer as comunidades e favelas do Brasil incentivando projetos sociais por meio do Metamorphose Social. A ideia surgiu após um trabalho desenvolvido pelo grupo Guerreiros sem Armas na Alemoa em 2009. “A minha vida mudou ali”, conta.

Sem residência fixa, já que cederá sua moradia para a realização do projeto, Ronaldo dorme na casa de familiares. Leva a vida desenvolvendo projetos e escrevendo poemas. O sustento vem das consultorias e parcerias que desenvolve. “Não preciso de muito. Carrego nas costas uma mochila com o meu notebook e isso me basta. Vivo de escambo (troca). Se tiver fome ofereço meu serviço em troca de comida”.

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