Cotidiano
Elas se alimentam principalmente de pequenos mamíferos, mas quando jovem ela costuma comer anfíbios, lagartos e lacraias
Se o título dessa matéria lhe causou algum tipo de alarme, fique tranquilo, pois ela foi registrada dentro de uma área preservada / Márcio Ribeiro
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Uma Jararaca (Bothrops jararaca) foi fotografada no último final de semana no litoral de São Paulo e impressionou por conta do seu tamanho: Ela media quase 2 metros.
Se o título dessa matéria lhe causou algum tipo de alarme, fique tranquilo, pois ela foi registrada dentro de uma área preservada do Mosaico de Unidades de Conservação Juréia-Itatins, em Peruíbe, isto é, ela estava na casa dela e muito bem cuidada.
Na oportunidade, um grupo fazia o roteiro de educação ambiental chamado de “Circuito das praias desertas” que só é possível fazer com as devidas autorizações e com monitores ambientais credenciados na unidade de conservação.
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A serpente foi encontrada já no final do roteiro, no camping, onde o grupo ia pernoitar. O responsável pelo acampamento disse que já estava monitorando o réptil por alguns dias, mas temia que algum turista desinformado fizesse algo contra o animal e, por isso, pediu ajuda aos monitores.
Por sorte, havia no roteiro profissionais que trabalham no Butantan e são especialistas neste tipo de animal. Eles realizaram a remoção da cobra em segurança e soltaram em um local onde ela poderia ficar mais à vontade e longe da presença das pessoas.
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O biólogo, Fabiano Andrade, que ajudou na remoção, disse que a Jararaca vai ficar bem no local para onde ela foi removida, pois a Mata Atlântica é rica em alimentos e ela estará protegida e segura em seu novo local.
Ele disse também que, apesar de ser um animal peçonhento e perigoso, a taxa de letalidade para os humanos picados é bem pequena. Além dele, as biólogas Ligia Amorim e Valquiria de Oliveira, também ajudaram na transferência do bicho.
De acordo com o biólogo e especialista neste tipo de animal, Thiago Malpighi, da Secretaria de Meio Ambiente e Agricultura de Peruíbe, ao encontrar uma Jararaca em um ambiente natural, como trilhas e cachoeiras, o procedimento é de manter distância segura (usualmente cerca de 1m a 1,5m) e deixar o animal seguir o seu caminho, sendo pertinente também informar o guia/monitor responsável, caso tenha algum presente.
Ainda de acordo com o biólogo, caso o encontro seja na área urbana, em residências e locais habitados, a recomendação é de manter a distância segura, garantir que animais domésticos e outras pessoas não se aproximem, manter o animal em vista e acionar os órgãos locais competentes para a captura do animal. Se possível, obter registro fotográfico (também em distância segura).
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Caso ocorra acidente, a recomendação é procurar a unidade de pronto atendimento mais próxima e o mais breve possível. O acidentado deve ser, se possível, mantido calmo e hidratado. Não devem ser realizados procedimentos de torniquete, incisão, sucção ou qualquer outro, em razão da possibilidade de agravamento do quadro.
Também não devem ser administradas substâncias, bebidas alcoólicas, medicamentos ou outra coisa do tipo, ainda de acordo com as informações gentilmente dadas pelo biólogo especialista.
Em Peruíbe, os acionamentos podem ser destinados à Secretaria de Meio Ambiente e Agricultura, pelo telefone 3451 1066, Corpo de Bombeiros ou Polícia Militar Ambiental.
“ Aqui na região, os encontros aumentam no período entre setembro/outubro a março/abril, período que exige, portanto, maior atenção”, finalizou Thiago.
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De acordo com o portal do Butantan, a Jararaca (Bothrops jararaca) é uma das serpentes mais comuns do sudeste do Brasil, mas há várias espécies de jararacas (gênero Bothrops) espalhadas por todo o país. Ela pode ser encontrada da Bahia até o Rio Grande do Sul, associada à Mata Atlântica, e eventualmente em algumas regiões do Paraguai e da Argentina que fazem fronteira com o Brasil.
As fêmeas da espécie são maiores que os machos e essa diferença acontece por que elas precisam de mais espaço em seu corpo para abrigar os embriões – a reprodução é vivípara, ou seja, ela desenvolve os embriões no útero e os filhotes já nascem "prontos", inclusive com veneno. A gestação dura, em média, de 4 a 6 meses e o nascimento ocorre no verão.
Elas se alimentam principalmente de pequenos mamíferos, mas quando jovem ela costuma comer anfíbios, lagartos e lacraias. Por esse motivo, seu veneno muda de acordo com a idade: o dos juvenis têm maior ação anti-coagulante, mas na fase adulta a ação inflamatória e local é mais intensa.
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Os principais sintomas da picada de uma jararaca adulta em humanos são dor e inchaço local, às vezes com manchas arroxeadas e sangramento no ferimento. Também podem ocorrer sangramentos em mucosas, como nas gengivas e nariz. As complicações podem provocar infecção e necrose na região da picada e insuficiência renal aguda.
De acordo com o Ministério da Saúde, o grupo das jararacas é o maior causador de acidentes com cobras no país, o que representa 69,3% das picadas registradas no Brasil em 2022, e é responsável por mais de 72% dos casos no estado de São Paulo, de acordo com informações do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).