Cotidiano

Jamblam encerra as atividades após 48 anos em Santos

Co-proprietário espera bom movimento em razão da despedida de um dos mais tradicionais restaurantes da Cidade.

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 29/06/2019 às 07:15

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Sérgio Maia contou ao Diário um pouco da história do restaurante. / NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL

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Um dos mais tradicionais restaurantes de Santos, o Jamblam deixará de existir nesta sexta-feira (28). Ao baixar as portas pela última vez, chegará ao fim uma história de 48 anos. Apesar da crise que assola o País, o motivo do fechamento não é financeiro, mas sim uma decisão da família proprietária.

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O Jamblam foi fundado pelo empresário português Adriano Augusto Soares em fevereiro de 1972. Após algum tempo à frente do restaurante, ele decidiu voltar para sua terra natal, Foz Côa, cidade que fica próxima a Porto, em Portugal, deixando sua filha e o marido administrando o restaurante.

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O casamento rendeu duas filhas ao casal. Há cerca de 15 anos, elas decidiram voltar a Portugal para estudar e acabaram seguindo a vida por lá. Entre idas e vindas da mãe para visitá-las, acabou batendo a saudade do país lusitano e com ela veio a decisão de se mudar em definitivo. Com isso, a família deixou a cidade de Santos.

Adriano faleceu no ano passado e, em razão disso, a família decidiu que era hora de encerrar as atividades. "O 'seo Adriano' faleceu e sua herdeira direta, que era sua filha, está adoentada. Os outros herdeiros da sequência, que também vivem em Portugal, não querem continuar nesse ramo. Então, eles preferem encerrar as atividades e alugar o imóvel", afirma o co-proprietário Sérgio Maia, que está há dez anos à frente do restaurante.

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Sérgio explica que a preocupação da família neste momento é com a situação do País, mas que o esvaziamento do Centro de Santos também foi levado em conta. "As notícias que chegam a Portugal é que o Brasil está em uma grande crise financeira e atrelado a isso, o Centro também está com problema muito sério. Nos últimos anos, estão saindo muitas empresas daqui, como as grandes de navegação".

O restaurante ia bem. Todas as contas estão em dia e o movimento era bom como sempre, segundo Sérgio, que diz que tudo foi feito em comum acordo com a família.

"Graças a Deus nós estamos fechando pagando todas as nossas contas e nossos funcionários. Infelizmente, porém, estamos deixando 10 pessoas desempregadas e isso me dói muito. Dói saber que estamos fazendo isso não porque queremos, é porque não estamos vendo uma luz no fim do túnel, e antes que aconteça alguma coisa ruim, a família acha melhor fechar e alugar o imóvel", conta.

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As críticas à situação atual do Centro de Santos continuam. Sérgio diz que não vê as autoridades municipais fazerem algo pela região. "Já participei de diversas reuniões e sempre havia muitos planos para o Centro, mas nunca aconteceu nada. Acho que há uma espécie de pouco caso das autoridades municipais".

Noticiado pelo Diário do Litoral na última segunda-feira (24), o fechamento do Jamblam provocou, segundo Sérgio, uma espécie de comoção nos clientes e muitos acabaram voltando para se despedir.

"Hoje (quinta-feira) nós tivemos um movimento atípico. Me emocionou um pouco saber que recebemos aqui pessoas que deixaram o Centro de Santos há 10 anos e voltaram hoje porque ficaram sabendo do encerramento. Recebemos grupos grandes de 8 a 10 pessoas que vieram aqui para se despedir. A casa ficou cheia e bonita, e acredito que amanhã (hoje) deverá acontecer a mesma coisa porque é o último dia", afirma.

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O co-proprietário lembra dos bons momentos do Centro com saudade e lamenta que a maioria dos restaurantes tradicionais já fecharam as portas.

"Não ficou quase ninguém. Antes era o Paulista, o Jamblam, o Florença e o Café Carioca, entre outros. Agora só ficarão dois. O Centro antigamente era um burburinho. Eu chegava às 8 horas que era quando abria as Lojas Americanas e já tinha gente na porta esperando para entrar lá. Nós estamos nos sentindo um pouco órfãos aqui no Centro. Gostaria que ele tivesse se mantido daquele jeito", diz.

No último dia do Jamblam, Sérgio afirma sai de cena satisfeito e com a sensação de dever cumprido. "Nesses anos todos fizemos grandes amigos. As pessoas gostavam da gente, dos nossos serviços e tudo mais. Isso é muito bom. Nos traz uma alegria muito grande saber que o trabalho foi bem feito ao longo dos anos".

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