Cotidiano

Incêndio no CDHU: moradores revelam que curtos-circuitos são rotineiros no São Manoel

O incêndio ocorreu por volta das 13h30, no apartamento 42, do bloco F, da Rua João Carlos de Azevedo, 48

Carlos Ratton

Publicado em 28/02/2020 às 07:00

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Maria Aparecida perdeu tudo e afirma que o fogo partiu de um curto-circuito em uma tomada em que não havia televisão conectada / Nair Bueno/DL

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Moradores do Conjunto Habitacional Santos - O, no Jardim São Manoel, construído pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), do Governo do Estado, garantem que o incêndio que destruiu um apartamento do complexo, na última segunda-feira (24), não foi por conta da ligação irregular de uma televisão, mas o resultado de uma fiação elétrica incompatível, que já deu sinais de fragilidade em outros imóveis do complexo. Eles acreditam que mais acidentes irão ocorrer se não houver uma revisão técnica urgente por parte de CDHU.

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O incêndio ocorreu por volta das 13h30, no apartamento 42, do bloco F, da Rua João Carlos de Azevedo, 48. As chamas atingiram praticamente todos os cômodos. Apenas um quarto escapou da destruição. O teto do corredor do quarto andar também foi atingido, assim como as portas dos apartamentos vizinhos.

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Duas pessoas foram socorridas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Castelo. O Corpo de Bombeiros foi acionado e conseguiu resguardar os imóveis vizinhos, porém, nada foi salvo dentro do apartamento sinistrado. Os moradores afirmaram que um hidrante próximo ao prédio não funcionou, dificultando a ação dos bombeiros.

Vítima

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Maria Aparecida da Silva, vítima do incêndio, afirma que o fogo partiu de um curto-circuito em uma tomada em que nada estava conectado. "Não foi a televisão porque ele não estava instalada. Meu neto avisou meu filho que viu fumaça saindo da tomada. A vizinha é que viu, pela janela, fogo subindo, atingindo o quarto e parte da sala. Não deu tempo da família fazer nada, só de fugir. Perdemos tudo e estamos no apartamento da minha mãe", revelou.

A vizinha Edjane Barbosa dos Santos garante que vem ocorrendo o mesmo (fumaça nas tomadas elétricas) em vários apartamentos. "Já comunicamos a síndica que sai faísca e os disjuntores travam. É preciso uma avaliação especializada urgente, pois vai haver incêndio em outros imóveis", explica, alertando a caixa de água de um dos blocos está rachada e a pintura de uma coluna que está soltando após praticamente oito meses de entrega do complexo.

Márcia da Silva Correa, que é moradora e que, junto com outras, faz a limpeza dos corredores de quatro prédios do conjunto, revela que é muito comum, quando se lava os corredores, 'minar' água das luminárias. "Lavamos de 15 em 15 dias. A água desce pelos conduítes e sai por entre as lâmpadas. Os apartamentos vivem cheios de mofo e as paredes e tetos úmidos. Aqui, a tubulação do gás corre paralela à elétrica. Tem muitos idosos e crianças aqui", lembra.

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Na Câmara

A vereadora Telma de Souza (PT) se manifestou sobre a questão em seu perfil no Facebook. "Infiltrações, curto-circuitos, rachaduras. Inúmeras são as reclamações dos moradores. Muitas já foram temas de requerimentos de minha autoria. Desta vez, um incêndio destruiu um apartamento. Graças a Deus não houve vítimas, mas a família ainda não sabe onde vai morar. É inadmissível que um conjunto habitacional entregue há um ano já apresente tantos problemas", escreveu, alertando que irá cobrar providências do Estado e do Município.

CDHU

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Procurada, a CDHU informa em nota que enviou, na última quarta-feira (26), uma equipe para realizar uma vistoria no local. "É importante acrescentar que o empreendimento tem Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) e foi entregue à população com seu projeto e instalações elétricas vistoriados e aprovados tanto pela concessionária de energia local quanto pela gerenciadora da CDHU responsável pela fiscalização da obra", finaliza a nota oficial.

Os últimos 165 apartamentos do conjunto foram entregues em junho do ano passado. O empreendimento contempla famílias que viviam em áreas de mangue do próprio bairro, em local sob risco de desabamento. As antigas moradias foram demolidas. O conjunto habitacional teve custo de R$ 43,4 milhões. No total, são 205 moradias. Quarenta já haviam sido entregues em junho de 2018.

Os contemplados pagam prestações mensais proporcionais aos próprios rendimentos. Os apartamentos possuem dois ou três dormitórios. As áreas construídas variam entre 61,2 metros quadrados (cinco unidades, adaptadas para pessoas com deficiência), 61,8 metros quadrados (32 unidades) e 85m² (128 unidades). Todos os imóveis foram entregues com piso cerâmico, além de cozinha e banheiro com azulejos.

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Cerimônia

Durante a cerimônia de entrega simbólica das chaves, o secretário estadual de Habitação, Flavio Amary, afirmou que o governo trabalha "para construir mais casas e apartamentos a quem precisa". Ele anunciou o investimento de R$ 22,4 mil para a regularização fundiária de 855 imóveis de Santos, localizados nos núcleos Nova Cintra I e Vila Pelé. A medida integra o programa Cidade Legal, do Governo do Estado.

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