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O incêndio com mais mortes nos últimos 50 anos no Brasil causou comoção nacional e grande repercussão internacional. Em poucos minutos, 233 pessoas - na maioria jovens - morreram na boate Kiss de Santa Maria - cidade universitária de 261 mil habitantes na região central do Rio Grande do Sul. Outras 127 ficaram feridas.
A tragédia começou às 2h30 de ontem, quando um músico acendeu um sinalizador para dar início ao show pirotécnico da banda Gurizada Fandangueira. No momento, cerca de 2 mil pessoas acompanhavam a festa organizada por estudantes do primeiro ano das faculdades de Tecnologia de Alimentos, Agronomia, Medicina Veterinária, Zootecnia, Tecnologia em Agronegócio e Pedagogia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Uma fagulha atingiu o sistema de exaustão da casa noturna e o fogo se alastrou rapidamente pelo teto com papelão e material de proteção acústica. A maioria das vítimas, porém, não foi atingida pelas chamas - 90% morreram asfixiadas.
Uma série de erros potencializou a tragédia. Sem porta de emergência nem sinalização, muitas pessoas em pânico e no escuro não conseguiram achar a única saída existente na boate. Com a fumaça, várias morreram perto do banheiro. Para piorar, seguranças da casa tentaram impedir alguns frequentadores de sair antes de pagar a comanda.
Na rua estreita, o escoamento do público foi difícil. Bombeiros e voluntários quebraram as paredes externas da boate para aumentar a passagem. Mas, ao tentarem entrar, tiveram de abrir caminho no meio dos corpos para chegar às pessoas que ainda estavam agonizando. Muitos celulares tocavam ao mesmo tempo - eram pais e amigos em busca de informações.
Como o Instituto Médico-Legal não comportava, os corpos foram levados a um ginásio da cidade, onde parentes desesperados passaram o dia fazendo reconhecimento. Lá também foi realizado o velório coletivo.
Vítimas
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) concluiu a identificação de todas as 233 vítimas do incêndio. A lista com a identificação dos mortos na tragédia está no site da SSP.
No total, 233 pessoas morreram no incêndio, que deixou 113 feridos. Segundo a Secretaria, o transporte dos feridos graves é feito por helicópteros da Força Aérea Brasileira e de aeronaves.
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Velório
Familiares iniciaram, no final da tarde de ontem, o velório dos mortos no incêndio que atingiu a boate Kiss, em um ginásio do Centro Desportivo Municipal, ao lado do pavilhão para onde os corpos retirados da casa noturna foram levados. Alguns corpos foram sepultados ainda ontem.
Além da movimentação de familiares e amigos, muitos voluntários caminhavam pelo local, distribuindo água e comida.
Estabelecimento estava com alvará vencido
O delegado Sandro Meinerz afirmou ontem que o alvará de funcionamento do estabelecimento estava vencido na ocasião do incêndio.
“A informação preliminar é que o estabelecimento funcionava com alvará vencido em processo de renovação, mas ainda não renovado”, afirmou o delegado à Agência Estado. “Por que não renovou?”, questionou.
Meinerz disse ainda que a Polícia Civil irá investigar quando foi realizada a última vistoria do estabelecimento e verificar se houve alguma mudança na estrutura do local a partir de então. Além disso, a investigação pretende avaliar se o local estava adequado às normas de segurança e se de fato comportava o número de pessoas que estavam lá.
O delegado afirmou ainda que a Polícia irá investigar o suposto bloqueio das saídas da boate por seguranças e a existência de apenas uma saída de emergência. “Apenas uma saída de emergência?”, questionou.
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