20 de Setembro de 2024 • 06:29
Com os cadáveres sem resfriamento, em sala a uma porta da entrada do Instituto Médico Legal (IML) de Santos, o mau cheiro pode ser sentido por quem está até mesmo no estacionamento do equipamento. O cenário insalubre é descrito pelo presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado de São Paulo na Região de Santos (Sinpolsan), Walter de Oliveira Santos, que esteve ontem no local para reclamar das condições de trabalho dos policiais civis.
Apenas uma geladeira, com capacidade para até 14 corpos, atende a demanda de sete cidades da Baixada Santista e Itariri, no Vale do Ribeira, desde que o IML de Praia Grande está fechado. O IML de Guarujá atende ao próprio município e a demanda de Bertioga.
Até nove corpos chegam diariamente no IML de Santos, atualmente. Antes, a média era de três. Com isso, os funcionários do equipamento trabalham em condições insalubres, de acordo com Oliveira Santos. “Os nossos policiais estão se arriscando a adquirir alguma doença infecciosa, pelo estado lamentável que se encontra o IML de Santos”, ressalta o presidente do Sinpolsan.
Ontem, os corpos estavam ocupando diversas salas do IML, entre elas uma área ao lado da recepção do equipamento. A cada momento em que um funcionário abria a porta entre os dois ambientes, um mau cheiro muito forte podia ser sentido do estacionamento do local, onde estava a Reportagem do DL.
Para o sindicalista, o equipamento precisa passar por uma reestruturação. Segundo ele, além da falta de geladeiras, buracos no teto servem de ninho para pássaros, que entram por janelas com vidros quebrados. “A situação está lastimável”, repete ele, indignado.
Praia Grande
Fechado desde novembro do ano passado, o IML de Praia Grande tinha a capacidade de realizar cerca de 70 necropsias e 500 exames de corpo de delito por mês.
O Ministério Público determinou à época que a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP – SP), responsável pelo local, reformasse o equipamento, no entanto, o órgão decidiu transferir o serviço para Santos a partir de janeiro deste ano.
O terreno onde fica o IML de Praia Grande, pertencente ao Município, foi concedido à SSP por meio da Lei nº 25/14 aprovada pela Câmara Municipal e sancionada pelo prefeito Alberto Mourão (PSDB), para que o Estado realize as adequações necessárias.
SSP
O DL questionou a Secretaria de Segurança Pública do Estado sobre o andamento da reestruturação do IML de Praia Grande. Em nota, a SSP respondeu: “A Superintendência da Polícia Técnico-Científica informa que já realizou os procedimentos visando a publicação nos próximos dias, no Diário Oficial do Estado, de data para abertura de processo licitatório para as obras em Praia Grande”.
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