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As demissões e o menor número de horas pagas na indústria em junho foram potencializados pelas paralisações em função da Copa do Mundo, afirmou o gerente da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), André Macedo. "A produção está distante de seu ponto máximo, e a queda no mês de junho foi de grande magnitude em função da Copa. Isso tem reflexo na população ocupada e no número de horas pagas", disse. Mas, assim como na produção, a tendência já vinha sendo de queda.
"O recuo no emprego acompanha o ritmo da produção. Não se pode dissociar o resultado a desaceleração no setor produtivo", destacou Macedo. Em junho, a produção caiu 1,4% ante maio e 6,9% em relação a junho de 2013. No emprego, isso se refletiu em perdas de 0,5% e 3,1%, na mesma base de comparação.
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"Essa tem sido uma característica que marca a produção e, consequentemente, o emprego nos últimos meses. Tem uma característica de resultado negativo", afirmou o gerente do IBGE. No contingente de ocupados, o instituto verifica quedas há 33 meses quando na comparação com igual mês do ano anterior. O número de horas pagas tem acompanhado essa tendência, à exceção de dois resultados no ano passado que não foram negativos.
Entre os setores, os bens de consumo duráveis e os bens de capital são os que mais arrefeceram a produção nos últimos meses e também são os que mais demitiram. "Há uma perda de ritmo mais elevado nessas atividades", citou Macedo. Segundo ele, as dispensas são maiores em segmentos como meios de transporte (tanto na parte de automóveis quanto na de caminhões), eletroeletrônicos e produtos de metal.
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Em junho, também houve retração de 2,4% no valor real da folha de pagamento na comparação com maio. Segundo Macedo, as demissões e um possível corte de salários podem ter provocado o resultado. Mas a base de comparação mais alta também interferiu, já que em maio houve avanço de 1,8%, diante do pagamento de participação nos lucros a trabalhadores do setor extrativo, explicou.
Desde 2013, a indústria só aumentou o contingente de trabalhadores em quatro dos 18 meses já apurados, quando na comparação com o período imediatamente anterior. Em outros 15 meses, houve demissões. "Tem uma retração que acompanha a desaceleração na indústria", reforçou Macedo.