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O décimo aniversário do PT no poder, que o partido festejou junto com seus 30 anos de vida, começou nos sindicatos, passou por palanques e acabou nas livrarias. Década Perdida - Dez anos de PT no Poder, que o historiador Marco Antonio Villa lança na segunda-feira, é uma dessas "comemorações", mas fora do programa oficial. Como já avisa o título, trata-se de uma crítica pesada aos oito anos de Luiz Inácio Lula da Silva no Planalto, mais os dois primeiros de sua sucessora, Dilma Rousseff.
Adversário antigo do petismo e das esquerdas em geral, Villa não se dedica a um balanço consolidado de grandes temas - saúde, educação, economia, programas sociais. Preferiu criar uma linha do tempo e ir contando, ano por ano, uma história que, ao final das 280 páginas, reprova praticamente tudo no governo . Do Fome Zero ao Trem Bala, das virtudes éticas às alianças com as velhas elites, da "improvisação na economia" ao "desmanche da indústria", ele chega, enfim, à constatação-título: "Foi uma década perdida para o País. Perdemos um momento único na história recente do capitalismo".
O olhar do autor se dirige mais para atitudes, estilos, o modus operandi. E o que ele vê, no dia a dia da era petista, é a improvisação como método, o desperdício como rotina, muita propaganda, personalismo do chefe e permanente confusão entre Estado, governo e partido.
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Já no começo ele ironiza a decisão de Lula de suspender o gasto de US$ 700 milhões com a compra de caças franceses, para usar o dinheiro no Fome Zero. Era um dinheiro que não existia, diz ele: aqueles milhões seriam linhas de crédito fornecidas pelos fabricantes do avião. A alfinetada dá o tom do que virá: as portas se abrindo aos velhos caciques antes tão criticados, as entranhas do mensalão, PT enfraquecido e ascensão do lulismo, a "marolinha’ da crise de 2008 que custou ao Tesouro R$ 282 bilhões, o discurso otimista na economia enquanto o País vivia "o mais longo ciclo de baixo crescimento desde o real".
Por trás de tudo, apenas um projeto de poder, diz o historiador: Lula "infantilizou a política e privatizou o Estado". Eliminou o debate de ideias, mesmo no PT, ao reduzir tudo a disputas pessoais. E ganhava todas, porque o País "vivia, naquele momento, enfeitiçado pelo seu carisma". Mas como explicar, entre tantos erros, os altos índices de aprovação popular? Villa os atribui à "eficiente propaganda governamental, ao desinteresse popular pela política e à inexistência de uma eficaz ação oposicionista".
Quanto a esta, Villa não perde a chance de alfinetá-la, achando-a temerosa, acomodada e, em grande parte, culpada, também, por este Brasil-2013. Que ele define como "uma sociedade invertebrada, amorfa, sem capacidade de reação".
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