Cotidiano

Historiador redesenha história de Santos há mais de 30 anos

Francisco Carballa, que há 30 anos atua na profissão, percorre pontos históricos e construções antigas da Cidade desde 1981, e registra, segundo ele, “tudo o que o rodeou um dia”

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 15/12/2014 às 10:38

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“Redesenhar e registrar para não que não se perca a memória da Cidade”. Assim o historiador Francisco Carballa define o trabalho que vem executando há mais de 30 anos com as construções históricas e antigas de Santos. Ele explica que os desenhos também são parte de uma Santos que o rodeou um dia.

Os registros começaram em 1981 e a primeira leva de desenhos acabou sendo furtada após ser emprestada pelo historiador. Fato o que fez pensar em desistir. “Cheguei a parar, mas cinco ou seis anos depois voltei a desenhar uma parte dessa leva que foi roubada. Na época pensei em abandonar o trabalho”, conta.

Desde então, Carballa continuou a tarefa que se propôs a fazer, mas explica um pouco das dificuldades que já passou ao longo dos anos.

“Já tomei muita corrida por causas destes desenhos. Antes você tinha que ir à frente da casa, fazer um desenho, voltar lá, corrigir e fazer um terceiro desenho. Nesse meio tempo, eu tomava corrida dos donos das casas e de vigilantes, porque eles não entendiam direito o que eu estava fazendo ali e vinham atrás de mim”.

Atualmente a forma de trabalho mudou, conta o historiador, mas a falta de informações atrapalha.

“Agora eu tiro uma foto, mas mesmo assim as vezes eu tenho problema. Eu tenho em casa um vasto arquivo de registros. Tenho desenhos que ainda não foram publicados por estar faltando apenas um detalhe. Devido a isso, tento vasculhar em fotos antigas para ver se eu acho o que falta e completar o máximo possível o desenho”.

Carballa diz se preocupar mais com as casas da década de 1920 e anteriores, e revela qual a construção mais antiga que conseguiu recuperar em seus desenhos.

“Tem muitas casas de 1920 ainda em Santos. Por meio de uma foto eu consegui redesenhar a Capela de Nossa Senhora da Graça, essa foi a mais antiga. Atualmente estou fazendo também a Capela de Jesus, Maria e José. Ela tem muitos detalhes e as pessoas ignoram isso. As imagens dessa igreja ainda estão disponíveis em outras igrejas de Santos”.

Francisco Carballa iniciou os trabalhos em 1981 (Foto: Matheus Tagé/DL)

Evolução x Preservação

Engana-se quem pensa que o historiador é favorável à preservação total das construções antigas que ainda resistem ao tempo.

“Não é tudo que deve ser preservado. É uma ou outra coisa que esteja mais intacta. E mesmo assim, só a fachada, que é como fazem na Europa”, conta.
Para Carballa, a preservação total do Centro Histórico seria um erro. Ele defende a utilização do espaço em detrimento a construções em áreas verdes.

“Preservar tudo é errado. Estaríamos brecando a evolução do centro urbano. O certo seria avançar o Centro da Cidade com prédios e moradias. Aproveitar os locais onde já existem esgoto, energia e condução, para não precisar destruir a natureza, que é o que estão fazendo. Eu moraria no Centro de Santos”, afirma.

Ainda sobre essa parte de seu trabalho, ele resume. “O que eu faço é registrar uma cidade de Santos que está sumida e que tem que sumir. Se ela não sumir, não se renova e fica estagnada”.

Historiador não pensa em exposição

Francisco Carballa diz não querer realizar uma exposição de seus desenhos ou algo do tipo, mas diz o que pretende fazer com os registros da Cidade.

“Pretendo mandá-los ou para o Arquivo Público do Estado de São Paulo ou para alguma outra instituição que realmente os preserve”.

Desenhos estão na internet

Quem quiser conferir o trabalho feito pelo historiador, os desenhos estão disponíveis no site Novo Milênio, nas abas ‘O bonde’ e ‘Bico-de-pena’.

“Quem quiser pode utilizá-los como quiser. A única coisa que peço para quem for utilizá-los é que citem meu nome e mais nada. Não sei até quando vou continuar o trabalho. Acho que até quando eu morrer. Só espero não deixar nenhuma inacabada”, diz.

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