Cotidiano

Guarujá faz Operação Social para acolher pessoas em situação de rua

O grupo de trabalho envolvido na iniciativa faz um mapeamento das áreas que estão com maior incidência, realiza os apontamentos e organiza as equipes que saem a campo

Publicado em 28/09/2015 às 17:05

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Uma abordagem com caráter social, buscando acolher quem esta em situação de rua e ofertar abrigo, atendimento medico, ocupação ou simplesmente o retorno para a casa da família. Essa é a Operação Social da Prefeitura de Guarujá, que tem foco no acolhimento dessas pessoas com o amparo das secretarias de Desenvolvimento e Assistência Social, e Defesa e Convivência Social.

A ação, iniciada há duas semanas, ocorre respectivamente às segundas e sextas-feiras, sendo que no primeiro dia o grupo de trabalho faz o levantamento e o mapeamento dos locais e no segundo dia as equipes realizam as abordagens. Na atividade da última semana, foram abordadas 12 pessoas, totalizando, desde o início da operação, cerca de 50.

O grupo faz um mapeamento das áreas com maior incidência de pessoas em situação de rua, realiza os apontamentos e organiza as equipes para saírem a campo. “Na abordagem, nós procuramos conversar e identificar quais os fatores que os levaram aquela pessoa a adotar a rua como moradia. Então, procuramos saber se têm famílias, se desejam ir para alguns dos nossos equipamentos. Aqueles que aceitam são encaminhados para o Centro Pop ou o Albergue”, explica a coordenadora do Centro Pop, Marlene Oliveira dos Santos.

O grupo de trabalho envolvido na iniciativa faz um mapeamento das áreas que estão com  maior incidência, realiza os apontamentos e organiza as equipes que saem a campo (Foto divulgação/PMG)

De acordo com a coordenadora, no Centro Pop são feitos atendimentos específicos, como encaminhamento para clínica de recuperação, recâmbios para suas cidades de origem, fotografias, regularização da documentação e encaminhamento para o Cadastro Único – CadÚnico. “Muitas dessas pessoas, pelo tempo que estão vivendo nas ruas, já não possuem nenhum tipo de documento. Por esse motivo, é importante a abordagem para conseguirmos avançar nas informações”, pontua.

Dados – Os números do Centro Pop apontam que, aproximadamente, mil pessoas usaram os serviços da unidade, de janeiro a dezembro de 2014. Segundo Marlene, cerca de 400 eram moradores da Cidade e aproximadamente 600 eram de outros municípios. “Aqueles que concordaram, fizemos o recâmbio. Conseguimos enviar 401 para suas cidades de origem. Os guarujaenses procuramos atendê-los nos nossos equipamentos”, conta.

Além disso, 23 indivíduos resgataram o vínculo familiar, se recuperaram da dependência química e entraram no mercado de trabalho, em 2014. Ao todo, 49 regularizaram seus documentos e 23 foram contemplados pelo programa federal Bolsa Família.

Neste ano, até a primeira quinzena deste mês, passaram 623 pessoas pelo equipamento, sendo 291 munícipes e 332 vindos de fora. O serviço social reconduziu para cidade de origem 256 indivíduos, 19 foram encaminhados para clínica de recuperação, 164 levadas para o Albergue, 27 passaram pelo serviço de foto, três para o CadÚnico – Bolsa Família, cinco para regularização de documentos e 109 para outros serviços.

O secretário-adjunto de Defesa e Convivência Social, Anderson Bernardes, alerta que os dados mostram que é cada vez maior o número de pessoas em situação de rua com parentes na Cidade. “O poder público tem sua responsabilidade e está agindo de forma pontual e social, para amenizar o impacto desses indivíduos nas vias públicas. Mas é necessário que os familiares também nos ajudem, procurando resgatar esse indivíduo para reinserir na sociedade e na família”, justifica.

Ainda conforme Bernardes, o mapeamento também chama atenção para migração dos indivíduos de um bairro para outro, ou seja, quando as operações são realizadas na região central, eles migram para as ruas adjacentes ou Vicente de Carvalho.

“Nós identificamos a pessoa e muitas vezes sua família. Agimos, mas não podemos obrigá-los a nada. Todos têm seu direito constitucional de ir e vir garantido e, com eles, apesar da situação em que se encontram, não é diferente, só serão levados a algum lugar se concordarem. Sei que muita gente reclama e faz questionamentos, mas nós guardas e a equipe social não podemos pegá-los à força. Essa é uma luta ingrata e precisamos da compreensão da sociedade civil organizada e da família”, explica.

Vírus HIV fez mulher optar pelas ruas

Um exemplo das pessoas em situação de rua, já conhecida das equipes e beneficiada pelos serviços, é a promotora de vendas, Andréa de Matos, de 40 anos. Ela nasceu no Rio de Janeiro, veio morar em Santos com a mãe com seis meses de vida, cidade onde permaneceu até 2013, quando resolveu vir morar em Guarujá. No entanto, há 19 anos, adotou as ruas como moradia. Segundo ela, a decisão foi motivada quando descobriu que tinha contraído o vírus HIV. À época, ela já estava separada, e por medo de não saber lidar com o preconceito das pessoas em relação à doença, decidiu abandonar a casa e o filho que tinha dois anos – hoje com 21, morador e estudante universitário na capital paulista.

“Eu fiquei com medo do preconceito e resolvi sair de casa. Passei por muita coisa, já recebi ajuda algumas vezes. Aqui, fui para o Albergue. Vou lá, mas só tomar banho, não gosto de ficar. Eles me arrumaram emprego. Eu trabalhava na empresa de ônibus, fiquei bastante tempo trabalhando, mas como sou dependente de álcool, o meu vício me atrapalhou. Eu não uso entorpecente, só bebo, nos dias que não quero, não bebo, mas atrapalha nossa vida. Eu tenho contato com meu filho, sei onde meus parentes moram, mas não quero ir viver com eles”, revela Andréa.

Operação Social e Operação Dignidade – A Operação Social diferencia da Operação Dignidade, já que a segunda possui um objetivo mais voltado à segurança, envolvendo as Polícias Militar e Civil, além da Guarda Civil Municipal (GCM).

As equipes têm conversado com alguns representantes da sociedade civil organizada, que façam suas doações de alimentos ou roupas aos moradores em situação de rua, nas sedes das instituições que atendem, procurando dar nas ruas para evitar a permanência das pessoas nas vias públicas.

De acordo com o plano de trabalho, o atendimento no albergue é realizado à população adulta a partir dos 18 anos. A média de idade verificada, em 2014, foi de 25 a 40 anos. Neste ano, foi percebida uma população com idade mais adulta, entre 35 a 55 anos. Mas, nos últimos dois meses, aumentou o número de pessoas assistidas com mais de 60 anos.

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