Cotidiano

Grupo de mães protesta contra mudanças nas creches de Cubatão

O secretário de Educação Carlos Pimentel garantiu que seguirá com alterações nas unidades

Publicado em 21/10/2015 às 10:51

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Falta de respeito. É assim que as mães que dependem das creches municipais de Cubatão definem a posição da Prefeitura quanto à reorganização das unidades escolares. E foi nesta tônica que foi realizada uma audiência pública na Câmara da Cidade, na última segunda-feira: vereadores intermediando mães revoltadas e secretário irredutível.

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“O secretário foi arrogante. Não apresentou mudanças e disse que vai prosseguir com o projeto”, reclamou a auxiliar de escritório Carolina Unger, moradora do Jardim Casqueiro, que entra no trabalho às 8h em Santos e tinha a facilidade de ter o filho matriculado no mesmo bairro, na UME Nossa Senhora de Fátima.

Após as mudanças, o filho de Carolina será transferido para uma creche no Centro. “A perua que ele vai hoje não faz transporte para Cubatão. Eu teria que procurar outra e a mensalidade aumentaria”, explica.

A sobrinha de Carolina também terá que mudar de creche. E as preocupações de sua irmã Mariana Unger vão além do transporte. “Sabe como é criança, vira e mexe tem que tomar alguma medicação. A creche não administra as doses. Com a criança em outro bairro, como vamos fazer?”, questiona. A filha de Mariana estuda na UME Luiza Cortez e será transferida para uma creche no Centro.

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Segundo as mães, a Prefeitura apresentou uma solução para aquelas que não querem ir para creches em outros bairros: matricular o filho em uma creche conveniada com a Prefeitura. Mas a ideia também não agradou. “Estas mudanças envolvem nossos pequenos diretamente. Para que ele continue na creche municipal terei que escolher a parte da manhã ou da tarde. Mas, como preciso do período integral serei obrigada a deixá-lo na creche conveniada do meu bairro. O secretário afirmou que está tudo em dia, mas é mentira. A casa que está alugada para servir como creche já está com mais de R$ 6 mil em dívidas entre locação e pagamento dos professores. A própria diretora do local confirmou. Além da dívida, a creche ainda vai ter que ter dinheiro para se adequar para receber mais 70 crianças”, denuncia a vigilante Tatiane Barudes, que tem a filha matriculada na UME Marta Magali, na Ilha Caraguatá.

 Mães protestaram contra mudanças durante audiência pública (Foto: Divulgação/PMC)

A batalha das mães é para que os filhos, de zero a três anos, permaneçam matriculados no bairro onde moram, em período integral e em escolas da Prefeitura. “Não queremos nossos filhos estudando no Centro. E por não aceitarmos, eles sugerem as escolas conveniadas. Mas todos sabem que quando a Prefeitura não repassa a verba, as aulas são interrompidas. Se para, com quem deixamos nossos filhos?”, lamenta Rosemary Fernandes.

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Câmara

A audiência pública reuniu o secretário de Educação, Carlos Pimentel, vereadores, professores, gestores de ensino e pais de alunos. Apesar das manifestações contrárias ao projeto, o titular da Seduc garantiu que o novo modelo de educação será implantado — casos excepcionais serão analisados individualmente.

Pimentel fez uma longa apresentação do projeto Crescer Mais, que pretende atender 1.946 alunos da creche até o quinto ano do Ensino Fundamental em período integral nas unidades municipais. Segundo o secretário, com a mudança, será possível garantir a abertura de 1.149 novas vagas em creches para alunos de zero a três anos. Ele afirmou que os alunos do ensino integral terão, além das aulas, diversas atividades extracurriculares, de reforço escolar, práticas esportivas e culturais.

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O secretário ainda explicou que o novo modelo de educação evitará o transporte das crianças de unidade para outra, como acontece com os inscritos no contraturno. Pimentel afirmou que as creches da rede municipal, localizadas na região central, serão destinadas às crianças que necessitam permanecer nos dois períodos. Já nos bairros, serão atendidas as crianças que estudam em período parcial, que ainda estarão disponíveis vagas nas creches conveniadas.

Paulo Sebastião Rodrigues, do Conselho Municipal de Educação, disse que a reorganização na rede de ensino exige uma discussão ampliada, que envolva principalmente professores e gestores. Ele disse que as creches conveniadas apresentam problemas estruturais, o que poderia representar queda na qualidade dos serviços prestados às crianças. Rodrigues lembrou que muitas escolas para funcionarem no período integral necessitariam de adaptações, o que não seria possível em quatro meses.

Peter Maahs, presidente da Associação dos Profissionais das Classes de Suportes Pedagógicos de Cubatão (APROSPEC), afirmou que há confusão entre os conceitos de “educação de tempo integral” e “educação integral”. Ele destacou que não basta aumentar o tempo de permanência da criança na escola, se não existe uma rede de atendimento à criança e ao adolescente.

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O presidente da Câmara, Aguinaldo Araújo (PDT), pediu ao secretário que retome a discussão do projeto, uma vez que as pessoas eram contra o novo modelo de educação.
O presidente da Comissão Permanente de Educação na Câmara, Severino Tarcício (PSB), o Doda, que conduziu os trabalhos na mesa, disse que não há tempo necessário para executar as mudanças previstas no projeto. “Não tem dinheiro para fazer as reformas”.

Prefeitura

Segundo a Administração, há três motivos para a reorganização das creches: a otimização de recursos humanos e materiais, e as implantações do Ciclo da Pré-Adolescência (do 4º a 6º ano do Fundamental) e do Projeto Crescer Mais.
As mudanças começam a ser aplicadas em fevereiro, e devem atingir as crianças que estudam em período integral, da creche ao 5º ano (quatro meses a 11 anos).

A Prefeitura garante que “está aberta a atender as mães sempre que se fizer necessário” e explica que a discussão das mudanças teve início durante a elaboração do Plano Municipal de Educação, de maio a junho deste ano. “Após esse período, a Seduc realizou reuniões de replanejamento sempre às quartas-feiras com os profissionais e técnicos das áreas envolvidas”, garante.

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Atualmente, são atendidas 1.794 crianças nas creches municipais, sendo 594 em período integral e 1.200 no parcial. Já nas unidades conveniadas são atendidas 327 crianças em período integral. O total é de 2.121 crianças atendidas de quatro meses a três anos. Segundo a Prefeitura, não há fila de espera para mães que desejam matricular seus filhos em creches municipais.

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