Cotidiano

Governo recorrerá a térmicas para garantir abastecimento de energia

O documento divulgado nesta semana prevê que a capacidade instalada de projetos térmicos terá acréscimo de 7.500 MW entre 2017 e 2023

Publicado em 13/09/2014 às 20:13

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O Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2023 elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) revela que o governo apostará nas usinas térmicas para garantir segurança ao sistema de abastecimento energético em períodos de menor volume de chuvas. O documento divulgado nesta semana prevê que a capacidade instalada de projetos térmicos terá acréscimo de 7.500 MW entre 2017 e 2023. No PDE 2022, elaborado no ano passado, a estimativa para o mesmo período de sete anos, porém entre 2016 e 2023, indicava acréscimo acumulado de 1.500 MW. O Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado, havia antecipado no mês passado que o novo plano decenal traria importante expansão na geração térmica do País.

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A nova percepção da EPE em relação à construção de novas térmicas fica evidente principalmente entre os anos de 2020 e 2022. O PDE 2022 indicava expansão discreta, inferior a 500 MW por ano, em 2020 e 2021, e nenhum projeto previsto para operar a partir de 2022. O novo plano indica adição de aproximadamente 1 500 MW ao ano em 2020 e 2021 e o mesmo ritmo em 2022. A adição esperada para o intervalo entre 2017 e 2023 equivale a praticamente 40% da capacidade térmica instalada no Sistema Interligado Nacional (SIN) ao final do ano passado.

O estudo mostra que, mantidas as projeções, a participação das térmicas na capacidade instalada brasileira estará em 14,5% do total em 2023, acima, portanto, da marca de 12,3% prevista no ano passado para o final de 2022. "A térmica é um mal necessário Os reservatórios estão ficando menores, a carga continua crescendo e não há perspectiva de aumentar a capacidade de hidrelétricas com reservatórios", sintetiza o presidente da Comerc Energia, Cristopher Vlavianos.

O PDE 2023 prevê que a capacidade instalada de projetos a gás natural praticamente dobrará entre 2023 e o patamar do ano passado, alcançando um total de cerca de 20.000 MW. O plano indica que projetos abastecidos por carvão e óleo combustíveis não devem sair do papel no período. Já a capacidade instalada de projetos a óleo diesel deve encolher, confirmando a sinalização dada pelo governo federal de que o Brasil não terá mais projetos com essa configuração de abastecimento.

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Além de ampliar a necessidade de geração energética a partir das térmicas, opção considerada ambientalmente menos amigável ambientalmente do que os projetos abastecidos por fontes renováveis, a escolha por térmicas também deve encarecer o custo da energia. O mais recente PDE prevê que o custo variável unitário (CVU) médio ponderado das usinas em 2023 estará em R$ 266/MWh, acréscimo de 15,2% em relação à previsão anterior, que indicava CVU médio de R$ 231/MWh em 2022.

O novo plano decenal traria importante expansão na geração térmica do País (Foto: Divulgação)

A representatividade de projetos com custo entre R$ 50/MWh e R$ 150/MWh encolheu, em contraste com a crescente participação de projetos com CVU entre R$ 200/MWh e R$ 250/MWh. A potência instalada de usinas com esse perfil mais caro totalizará mais de 8.000 MW, aproximadamente um terço de toda a capacidade instalada de usinas térmicas prevista no Brasil para 2023.

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Solar

Além do avanço das térmicas em um ritmo mais acentuado do que o previsto até o ano passado, outra particularidade do PDE 2023 é o ingresso da energia solar no sistema interligado nacional. Se até o ano passado a EPE não indicava a geração de energia a partir do aproveitamento dos raios solares, o plano elaborado este ano indica que a capacidade instalada de usinas solares poderá chegar a 3.500 MW em 2023.

A EPE projeta adição de 500 MW de potência instalada de usinas solares ao ano entre 2017 e 2023. "Esperávamos um pouco maior, mas a inclusão de 500 MW ao ano é um importante indicativo de que haverá energia solar", destaca a sócia-diretora da Thymos Energia, Thaís Prandini.

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Um grupo liderado pela Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen) e pela Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine), com o apoio da Thymos, propôs ao governo federal que sejam realizados leilões anuais de contratação de energia solar. A medida ajudaria a atrair fornecedores de equipamentos ao Brasil e reduzir o custo desses projetos. A expectativa é de que o leilão de reserva agendado para 31 de outubro resulte na contratação pioneira de energia solar no mercado regulado.

Expansão

Os projetos hídricos continuarão sendo a principal fonte de energia gerada no Brasil, com participação de 59,7% da matriz em 2023. O número ficará abaixo da marca de 60,5% prevista para o ano de 2022 no plano divulgado nesta semana. O PDE 2022, elaborado no ano passado, indicava que a participação da fonte hídrica no mesmo ano de 2022 ficaria em 65%, o que confirma a tendência de perda de participação das hidrelétricas na matriz nacional.

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A despeito do crescimento menos expressivo de projetos abastecidos por água, a representatividade de projetos de fontes renováveis continuará a crescer. Além da inserção dos projetos solares, chama atenção a previsão de que a capacidade instalada de complexos eólicos será dez vezes maior em 2023, atingindo o patamar de 22.000 MW. Com isso, a geração de energia por fontes renováveis chegará a 2023 em 83,8% da matriz, contra 82,9% em 2013.

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