Cotidiano
"Infelizmente, em várias das manifestações nas cidades brasileiras têm ocorrido desvio claro daquilo que era uma manifestação pacífica", ressaltou o ministro da Justiça
Continua depois da publicidade
Um dia após os atos de vandalismo na Fernão Dias, o Ministério da Justiça propôs uma frente de contenção conjunta da violência e discutirá com autoridades de segurança de São Paulo e Rio procedimentos para investigar protestos, podendo até federalizar parte das ações.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, fará amanhã, 31, uma reunião com os secretários de Segurança de São Paulo, Fernando Grella Vieira, e do Rio, José Mariano Beltrame. Cardozo afirmou que a ação de manifestantes que acabam atuando nos protestos tem sido monitorada de perto pelas áreas de inteligência das polícias estaduais. Agora, a cúpula de segurança nacional e estadual pretende analisar se existe uma "federalização" dos conflitos. "Vamos discutir se há uma competência da Polícia Federal para promover inquéritos ou não", destacou.
Continua depois da publicidade
Além disso, Cardozo ressaltou a necessidade de compartilhar informações entre as autoridades de segurança pública para controlar a situação. "Infelizmente, em várias das manifestações nas cidades brasileiras têm ocorrido desvio claro daquilo que era uma manifestação pacífica. Parece que essa situação exige que órgãos de segurança pública compartilhem informações e tomem informações em conjunto. Vamos discutir uma estratégia comum para enfrentar o vandalismo. A troca de informações e de dados pressupõe uma ação comum."
A reunião com os secretários, confirmada por Grella e Beltrame, vai tentar viabilizar essa troca de informações. A questão será levada, na sequência, ao Judiciário e ao Ministério Público. Ainda nesta semana, Cardozo pretende reunir-se com os presidentes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o ministro Joaquim Barbosa; do Conselho Nacional do Ministério Público, Rodrigo Janot; e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinícius Furtado Coelho.
Continua depois da publicidade
Manifestações
A partir de 174 inquéritos feitos desde o começo dos protestos, em junho, a Polícia Civil de São Paulo, em conjunto com a Polícia Militar e o Ministério Público, já investiga 153 suspeitos de integrarem os black blocs e participarem de atos de vandalismo durante as manifestações.
Todos os suspeitos estão sendo investigados em um mesmo "inquérito-mãe", que tenta encontrar ligações entre os investigados. O objetivo é enquadrá-los por associação criminosa e aumentar a pena dos acusados.
Continua depois da publicidade
"Ainda não conseguimos apontar esses vínculos. A ideia é verificar o ‘modus operandi’, o traje usado, vocabulário, cartilhas para mapear a forma de agir desse grupo", diz o delegado-geral, Maurício Blazeck.
Participantes das investigações afirmam que foram autorizadas as quebras de IPs para detectar combinações feitas antes dos protestos e diálogos travados depois das manifestações nos sites black blocs. A previsão é de que a investigação demore para ser concluída.