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Alexandre Fernandes da Silva, viúvo da auxiliar de serviços gerais Cláudia Silva Ferreira, morta, aos 38 anos, no dia 16 de março, em tiroteio no Morro da Cegonha, zona norte do Rio, e arrastada no porta-mala de um carro da PM, assinou acordo nesta quarta-feira com o governo do Estado e vai receber indenização por danos morais e materiais e pensão, para si e para os quatro filhos. O valor é bem abaixo dos R$ 724 mil pedidos na ação que os parentes estavam movendo contra o governo, agora extinta (o Estado não irá divulgá-lo para preservar a segurança da família).
O viúvo vai receber pensão até 2040, quando Cláudia, que ganhava salário de R$ 800, faria 65 anos. Os filhos terão direito até fazer 21 anos. Conforme eles forem atingindo essa idade, os mais novos vão acumular os benefícios. A família também será inscrita no programa Minha Casa, Minha Vida, para conseguir uma casa própria.
O advogado João Tancredo, que havia ajuizado a ação contra o Estado como representante dos parentes, estranhou o fato de "a Defensoria ter pressionado a família a assinar o acordo". "O governo do Estado usou a Defensoria como advogada própria, para forçar algo que é lesivo para a família", acusou. "Foi um acordo amesquinhado. No caso da chacina da Baixada Fluminense (em 2005, em que as vítimas foram mortas por PMs), conseguimos até R$ 3 milhões por família. Ofereceram a inscrição no Minha Casa, Minha Vida, mas eles já tinham direito de entrar."
O defensor geral do Rio, Nilson Bruno Filho, disse que a família não foi pressionada. "Eu não participei da conversa dele com a família. Eles estão satisfeitos. Não vou falar do profissional (Tancredo). A Defensoria Pública do Rio é a maior do planeta e completa 60 anos no ano que vem. A gente conseguiu uma indenização em tempo recorde, menos de dez dias".
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