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Uma delegação de altos funcionários do governo do Afeganistão reuniu-se com representantes do Taleban na semana passada, numa aceleração dos esforços para encerrar o conflito no país. O encontro, que também incluiu representantes do governo da China e do ISI, o serviço de inteligência do Paquistão, aconteceu nos dias 19 e 20 de maio em Urumqi, capital da província chinesa de Xinjiang, no oeste do país.
Participantes da reunião disseram que o objetivo da reunião foi discutir precondições de todas as partes para um eventual acordo de paz. Representantes do governo afegão e do Taleban, a milícia islâmica que governava o Afeganistão até o país ser invadido pelos EUA em 2001, têm se reunido com frequência, em geral no Qatar, mas encontros de representantes de alto nível, como o da semana passada, são raros. A participação do Paquistão, onde boa parte da liderança do Taleban está refugiada, também é vista como importante para que o diálogo prossiga.
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A delegação afegã foi liderada por Mohammad Masoom Stanikzai, integrante do Alto Conselho de Paz afegão e nomeado na última quinta-feira para ser o próximo ministro da Defesa do país (dependendo de aprovação pelo Parlamento). Também participou o advogado Mohammad Asem, representante de Abdullah Abdullah, um membro importante no governo do presidente Ashraf Ghani.
O Taleban foi representado por três dirigentes, o mulá Abdul Jalil, o mulá Mohammad Hassan Rahmani e o mulá Abdul Razaq. O ex-dirigente do Taleban Maulvi Qalamuddin, atualmente membro do Alto Conselho da Paz do Afeganistão, também participou do encontro. "Essas pessoas são mais importantes do que aquelas que se reúnem no Qatar. Estas negociações são muito secretas", disse Qalamuddin.
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Em comunicado divulgado neste domingo, o Taleban negou que a reunião tenha acontecido. Fontes disseram que os três dirigentes que compareceram o fizeram sem autorização formal para falar em nome da organização. "Os três são muito próximos do ISI e não têm mandato da liderança para negociar acordos de paz", disse uma das fontes.
O Taleban intensificou sua ofensiva contra o governo afegão nos últimos meses e rejeita qualquer negociação de paz até que todas as tropas estrangeiras tenham deixado o país. Os EUA e seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) já anunciaram várias vezes a retirada de suas forças do Afeganistão mas ainda mantêm tropas no país.