Cotidiano

Gargalos causaram prejuízo de R$ 3,38 bilhões aos portos brasileiros; entenda

Atrasos nos embarques de café Reduziram receita cambial do Brasil; Santos registrou 84% de atrasos ou alterações nas escalas de navios, segundo Cecafé

Nilson Regalado

Publicado em 05/02/2025 às 06:30

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'Prejuízo portuário' envolve gastos extras para os exportadores de Café / Divulgação/Governo Federal

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No ano passado, o Brasil deixou de arrecadar US$ 555,62 milhões, ou R$ 3,38 bilhões, em receita cambial devido aos gargalos logísticos nos portos. O Cálculo é do Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé), que contabilizou 5.534 retidos contêineres carregados com o grão retidos nos portos do País.

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No total, 1,82 milhão de sacas de café ficaram armazenadas nos principais terminais brasileiros sem conseguir embarque nos navios. 

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O ‘prejuízo’ do Brasil em termos de receita cambial levou em consideração um preço médio Free on Board (FOB) de exportação de US$ 304,25 por saca (café verde) e a média de R$ 6,0964 do dólar em dezembro.

Já o prejuízo específico dos exportadores de café foi de R$ 51,54 milhões apenas no período entre junho, quando o Cecafé iniciou o levantamento, e dezembro de 2024.

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O chamado “prejuízo portuário” citado pelo Cecafé envolve gastos extras para os exportadores com armazenagens adicionais, detentions, pré-stacking e antecipação de gates. Os dados levam em consideração informações prestadas por 27 grandes exportadores de café.

De acordo com Eduardo Heron, diretor-técnico do Cecafé, os gargalos logísticos também trazem prejuízos aos produtores, que, em sua maioria, são da agricultura familiar. 

“O Brasil é o país que mais transfere o preço FOB da exportação a seus cafeicultores e o não-embarque do produto, por limitações de infraestrutura portuárias, reduz o repasse de capital a eles”, salienta o diretor do Cecafé.

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E os exportadores seguem empenhando grandes esforços para conseguir consolidar a carga devido ao aumento dos embarques de produtos que utilizam contêineres para o acondicionamento de suas cargas e da falta de infraestrutura adequada para cargas conteinerizadas nos portos do Brasil.

“Os imbróglios na logística e os prejuízos que nossos exportadores acumulam demonstram um esgotamento da estrutura portuária. São cada vez mais urgentes os investimentos para ampliar capacidade de pátio e berço, melhorar as condições de rodovias, ferrovias e hidrovias e aprofundar o calado para o recebimento de embarcações maiores”, analisa Heron.

Gargalos Logísticos

Dados do Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital, apontam que o Porto de Santos respondeu por 67% das exportações de café no acumulado de 2024.
E o cais santista registrou um índice de 84% de atraso ou alteração de escalas de navios em dezembro, o que envolveu 132 do total de 157 embarcações. 

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Mas, o pico no cais santista aconteceu em agosto, com 86% dos navios registrando ocorrências.

E o tempo mais longo de espera em dezembro, de 56 dias, também foi registrado no maior porto do Hemisfério Sul. Além disso, 40 navios sequer tiveram abertura de gate no cais santista.

Heron lembra que, apesar do crítico cenário portuário, o Brasil registra recordes sucessivos nas exportações de café graças ao empenho dos exportadores, que saíram em busca de alternativas para realizar os embarques, e à contribuição dos terminais portuários, que vêm empenhando esforços para atender às demandas do setor.

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De acordo com o diretor do Cecafé, “os entraves na logística e os prejuízos acumulados por nossos exportadores externam que os principais portos brasileiros não acompanharam a evolução do agronegócio no País, sendo nítida a falta de infraestrutura adequada”.

“Pátios e berços maiores, condições adequadas nas rodovias, ferrovias e hidrovias para atender ao agronegócio, assim como o aprofundamento de calado para embarcações maiores, são cada vez mais necessários”, completa o diretor do Cecafé.

Mesmo assim, com 46,4 milhões de sacas exportadas até novembro, o Brasil já havia batido o recorde anual de embarques, com crescimento de 24,6% nas exportações realizadas por Santos e 53,2% pelo complexo portuário do Rio de Janeiro.

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Esgotamento dos Portos

E o Cecafé vem mantendo diálogos com os diversos elos do comércio exterior, envolvendo autoridades e o segmento privado, para buscar soluções que minimizem prejuízos.

“A infraestrutura portuária vem apresentando sinais de esgotamento e é emergencial a adoção de medidas que atendam à demanda crescente do agronegócio, proporcionando mais eficiência e competitividade a um dos principais segmentos da economia do País para que ele permaneça gerando bilhões em divisas”, explica do diretor.

Na semana passada, o Comitê Logístico do Cecafé se reuniu com o diretor de Operações da Autoridade Portuária de Santos (APS), Beto Mendes, para debater os desafios logísticos no Porto.

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“Ficamos satisfeitos porque a APS vem acompanhando a questão dos atrasos, monitorando as informações que o Cecafé divulga mensalmente, bem como pelo fato de a Autoridade vir empenhando esforços para melhorias na estrutura portuária, como a projeção de investimentos na terceira via da Rodovia Imigrantes, o aprofundamento do calado e o leilão do Tecon10, que deverá ocorrer no segundo semestre”, comenta o diretor do Cecafé.

“A APS está se empenhando para manter Santos em plena atividade, ao mesmo tempo em que mantém um diálogo permanente para que o Porto de Itajaí também possa colaborar para a fluidez logística do Brasil”, completa o diretor do Cecafé.

Lucro da APS

Na segunda-feira (03), a Superintendência de Comunicação da Autoridade Portuária de Santos revelou que o Porto encerrou o ano de 2024 com resultados financeiros históricos. A empresa registrou um lucro líquido de R$ 844,6 milhões no ano passado, o que representou um crescimento de 29,8% em relação a 2023.

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Segundo a Superintendência, o resultado reflete “a robustez da gestão e o aumento da movimentação de cargas” e consolida a APS “como uma das mais eficientes administrações portuárias do País”.

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