Cotidiano

Fim do auxílio-desemprego afeta mais de 1 milhão de pessoas nos EUA

Desde 2008, o programa do governo federal pagava benefícios para os desempregados a partir do momento em que o auxílio-desemprego estadual deixava de ser concedido

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 29/12/2013 às 01:22

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O fim do pagamento de benefícios do auxílio-desemprego para mais de um milhão de norte-americanos, neste sábado, está levando aqueles que não encontram trabalho a considerar opções como vender seus carros, mudar-se para locais mais baratos ou aceitar um emprego de salário mínimo, depois de terem cortado seus orçamentos e penhorado bens para sobreviver.

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Greg e Barbara Chastain, de Huntington Beach (Califórnia), colocaram seus dois filhos adolescentes no programa de merenda escolar subsidiada pelo governo e pararam de jantar fora, depois de perderem sua empresa de camisetas, em junho, em uma disputa com um investidor. Eles exauriram seus benefícios do auxílio-desemprego estadual e, agora que caducou a prorrogação dos benefícios federais, caso não encontre empregos, o casal planeja tirar as crianças da escola secundária onde estudam e mudar-se para 80 km a leste, onde um parente tem uma propriedade e onde poderão viver sem ter de pagar aluguel.

"Podíamos dispensar um de nossos dois carros, mas aí não dá para ir para o trabalho. É um ciclo interminável", afirmou Greg Chastain, de 43 anos, ao acompanhar sua mulher para o centro de empregos do condado de Orange. Ele disse que a família poderá tentar a sorte em um estado onde o custo de vida seja mais baixo, como Arizona ou Texas, caso consiga emprego nas indústrias dali.

O fim do programa de cinco anos que prorrogou os benefícios do auxílio-desemprego para quem está desempregado há muito tempo afetou imediatamente 1,3 milhão de pessoas e terá impacto nos próximos meses sobre outras centenas de milhares que permanecem sem trabalho. O programa do governo federal dava um benefício médio de US$ 1.166 por mês.

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O fim do auxílio-desemprego afetará mais de 1 milhão de pessoas nos EUA (Foto: Divulgação)

Desde 2008, o programa do governo federal pagava benefícios para os desempregados a partir do momento em que o auxílio-desemprego estadual deixava de ser concedido, após 26 semanas (seis meses). Em seu pico, o programa federal oferecia até 73 semanas de benefícios para aqueles que não encontravam trabalho.

Embora o presidente Barack Obama e a bancada do Partido Democrata no Congresso quisessem manter o programa de US$ 26 bilhões anuais, sua prorrogação foi vítima do acordo com o Partido Republicano para a aprovação do Orçamento, há duas semanas.

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O fim dos benefícios poderá levar a uma queda na taxa de desemprego, mas não necessariamente por bons motivos, como disse o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, durante uma entrevista coletiva em dezembro. As pessoas sem trabalho devem procurar emprego para poderem receber o auxílio-desemprego. À medida que os benefícios do programa desaparecem, a frustração levará muitos desempregados a parar de procurar trabalho e, assim, deixarão de ser computados como desempregados.

Essa tendência já é evidente na Carolina do Norte, que começou a cortar os benefícios do auxílio-desemprego estadual em julho. A taxa de desemprego no estado caiu de 8,8% em junho para 7,4% em novembro, embora o número de moradores do estado que dizem ter empregos tenha crescido muito pouco nesse período.

Segundo o economista Michael Feroli, do banco JPMorgan Chase, o caso da Carolina do Norte é consistente com a teoria de que encerrar a concessão do auxílio-desemprego levará um certo número de desempregados a sair da força de trabalho.

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Alguns desempregados disseram que a perda dos benefícios poderá levá-los a buscar empregos que pagam salário mínimo até que eles consigam trabalho em seus próprios campos de atividade e mais alinhados com suas qualificações.

Richard Mattos, de 59 anos, de Salem (Oregon), está sem trabalho desde março, quando foi despedido de uma organização de serviços sociais onde era gerente. Sem os benefícios do auxílio-desemprego, Mattos disse que ele e sua mulher terão dinheiro para pagar as contas durante apenas um mês. Ele visita diariamente os centros de emprego do governo estadual de Oregon e a Goodwill Industries International. "Não sei o que vamos fazer. Poderemos acabar virando sem-teto por causa disso", afirmou.

Em novembro, a taxa de desemprego dos EUA caiu a 7%, nível mais baixo em cinco anos, mas ela ainda está acima dos 5% ou 6% que assinalaria um mercado de trabalho normal. E o desemprego de longo prazo continua a ser um problema para a economia como um todo, à medida que pelo menos 4,1 milhões de norte-americanos estão sem trabalho há seis meses ou mais.

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Deborah Barrett, de 57 anos, de Newport (Rhode Island), foi demitida de seu emprego como gerente de contabilidade em fevereiro e diz ter enviado centenas de currículos depois disso. Ela disse que não sabe como sobreviverá sem assistência do governo. "É paralisante. Infelizmente, não acredito que minha história seja incomum", afirmou.

Laura Garay, de 57 anos, penhorou suas joias, sacou os recursos de sua poupança para aposentadoria e passou a depender do apoio de amigos depois de perder seu emprego como auxiliar em um escritório de advocacia, e maio - mesmo mês em que foi diagnosticada com linfoma. Seu benefício de auxílio-desemprego de US$ 1.700 mensais cobria o custo das prestações de sua casa em Westminster (Califórnia) e as mensalidades do seguro de saúde, sem o qual ela não poderia pagar a barragem de exames e a radioterapia que a doença requer.

Segundo Garay, a doença a obrigou a reduzir as buscas por emprego, mas ela disse que aceitará qualquer trabalho. "Você não encontra emprego em duas semanas, não encontra em três semanas. Você encontra depois de meses de busca", afirmou.

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