Cotidiano

Fifa descarta cancelar torneio no Brasil, mas pede mais segurança

O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, foi contundente. "Pedimos a segurança que nós precisamos para ver o torneio ir até o final"

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 21/06/2013 às 21:15

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A Fifa exige mais segurança para garantir a manutenção da Copa das Confederações e, nos bastidores, alerta que o jogo deste sábado entre Brasil e Itália, em Salvador, será o "teste de fogo" para evitar que o torneio não tenha de ir para outro país e que possa, na prática, sobreviver.

Nesta sexta-feira, o governo garantiu à entidade que o policiamento será incrementado em 30%. Mas um dos cenários temidos pela Fifa é o ataque ou um atentado dirigido a membros da entidade ou para alguma seleção. Nesse caso, a entidade acionaria um plano B: realizar os jogos semifinais em outro país

O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, foi contundente. "Pedimos a segurança que nós precisamos para ver o torneio ir até o final", afirmou, após se reunir em encontro de emergência com membros do Comitê Executivo da Fifa e da CBF, entre eles, o vice-presidente Marco Polo Del Nero. "O resumo da reunião é que é necessário reforço de segurança. O que nós queremos é que o governo dê segurança para as delegações", disse Del Nero.

Segundo ele, a situação é preocupante. "Lógico que estamos preocupados e certamente o governo vai dar essa segurança", disse, insistindo que a competição irá continuar. "A segurança já estamos dando. Só temos de aumentar o efetivo", declarou. "Não podemos ter nenhuma mácula de um ataque a uma delegação ou uma coisa assim, que seria desastroso para todos nós".

O governo federal admitiu estar preocupado com a possibilidade de que os protestos que se alastram pelo País atinjam diretamente a realização da Copa das Confederações. O temor é real de que os ataques a prédios públicos e privados sejam direcionados à Fifa e às delegações das seleções que disputam a competição.

Dirigentes da entidade diariamente cobram ações. Em resposta ao inesperado cenário, a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge) vai aumentar em pelo menos 30% o efetivo policial que opera dentro e no entorno dos estádios das seis cidades-sede do torneio. De acordo com a Sesge, a intensidade e a dimensão que os protestos tomaram não eram previstos pelo plano de segurança montado para a Copa das Confederações. "A possibilidade de manifestações populares era hipótese remota", admitiu.

Torcedores assistem ao jogo do Brasil x México no Concentra Rio (Foto: Agência Brasil)

Teste

As decisões com relação à segurança estão sofrendo ajustes diários e, por isso, o jogo deste sábado é considerado "estratégico". "A decisão de manter o torneio no Brasil é praticamente decidida a cada dia", afirmou uma fonte. Se a partida se transformar em um caos, dentro ou fora do estádio e, se as delegações oficiais tiverem dificuldades, a Fifa teme que não terá como segurar as seleções no País, com jogadores milionários.

A Fifa procurou o governo brasileiro muito preocupada com possíveis ataques direcionados a ela, como no caso de carros atacados em Salvador e o temor por parte de certas seleções. A entidade está perplexa, pois jamais pensou enfrentar esse tipo de problema no Brasil e chegou a perguntar aos órgãos de segurança nacional o que está havendo no País. "Não temos grande preocupação com o público em geral, mas sim com a ‘família Fifa’", disse a Sesge.

Com o aumento no número de pessoas que integram as manifestações, a secretaria decidiu reforçar o policiamento ao redor das arenas. Existe o temor de que as marchas nas cidades-sede passem a se dirigir para os locais dos jogos. Na última quinta, no Rio de Janeiro, já havia um aumento ostensivo do policiamento, com homens da Guarda Municipal, do Batalhão de Choque e até da Força Nacional. Esse contingente vai crescer ainda mais.

Se essa segurança não for suficiente ou se um "incidente grave" ocorrer neste fim de semana, a Fifa está disposta a pensar na suspensão do torneio já neste domingo. "Estaremos todos em Salvador", admitiu Valcke.

O presidente do Comitê de Organização da Copa da Fifa, Jacques Anouma, admitiu: "a situação é crítica". Questionado sobre o que ocorreria nos próximos dias, ele foi taxativo. "Não sabemos o que vai ocorrer", reconheceu.

Caso a violência afete o jogo, os torcedores ou as delegações, a Fifa acionaria um plano alternativo, que consistiria em jogar as duas partidas das semifinais em outros países, provavelmente na Europa. O jogo teria uma preparação equivalente a de um amistoso Mas, na prática, a transferência decretaria o fim da relevância do torneio e da confiança no Brasil para as próximas competições

Existe a possibilidade de outras sedes, fora da Europa. Na Ásia, o torneio poderia ser inclusive mais lucrativo que no Brasil, diante da presença de astros. Os Estados Unidos são eternas referências, ainda que não sejam os preferidos da Fifa. Mas Valcke prefere, em sua versão oficial, garantir que "não existe plano B". "A Copa das Confederações está ocorrendo no Brasil e a Copa terá de ocorrer no Brasil. Vamos garantir que ocorra da melhor maneira possível", disse.

Alvo

Apesar de pedir mais segurança e tomar medidas de proteção, a Fifa insiste que não deve ser responsabilizada pelos problemas. Segundo Valcke, a Fifa é o "alvo errado" das manifestações. "Não temos responsabilidade", insistiu.

Ele reafirmou que a situação precisa estar resolvida para o Mundial de 2014. "Eu espero que isso não dure até 2014", disse. "O Brasil terá de resolver o problema. A Fifa não tem a ver com isso. A Fifa não tem nada que resolver. Nós somos o alvo errado (das manifestações) e não somos as pessoas com quem têm de falar", declarou. "É um problema do Brasil, não um problema da Fifa", disse.

Questionado se não se sentia pego no meio dos protestos, ele apenas lamentou. "É uma pena. Não fizemos nada para estar no meio disso", disse.

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