Cotidiano
A programação é vasta e abrange performances, sessões de filmes, conferências, exposições, oficinas e shows. O festival ocupa a sala, o foyer e a área externa do Cine Brasília
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O Festival Latinidades, criado em 2008 para comemorar o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, é o maior festival de mulheres negras da América Latina. O evento começa hoje (22) em Brasília e vai até domingo (26). O tema deste ano é Cinema Negro, e a ideia é debater o protagonismo e a representação das mulheres negras no cinema, além de políticas públicas no setor audiovisual. Organizado pelo Instituto Afrolatinas, o evento tem patrocínio da Petrobras e do Fundo de Apoio à Cultura. Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha é comemorado a 25 de julho.
A programação é vasta e abrange performances, sessões de filmes, conferências, exposições, oficinas e shows. O festival ocupa a sala, o foyer e a área externa do Cine Brasília. Hoje, às 18h30, a Organização das Nações Unidas (ONU) lança a Década Internacional dos Afrodescendentes, em solenidade que terá a participação da ministra de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Nilma Lino Gomes, e do coordenador do Sistema ONU no Brasil, Jorge Chediek. Às 21h30, haverá show da cantora Elza Soares.
Todos os eventos, exceto os filmes, serão traduzidos na língua brasileira de sinais (Libras), ao vivo, para pessoas com deficiência. O local do Latinidades é acessível a cadeirantes. Faz parte do evento o projeto Latinidade Sustentável, que traz, entre outras ações, bicicletário com iluminação e segurança durante todo o evento, linha de ônibus para o trecho da Rodoviária ao Cine Brasília, coleta seletiva de lixo, varal social, para troca de roupas usadas e oficinas artísticas. Um ônibus ficará estacionado na área para recolher o lixo eletrônico descartado.
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O tema da mesa de abertura foi Cultura e Educação: Interações no Combate ao Racismo e na Valorização de Identidades Negras. Participaram da discussão a presidenta da Fundação Palmares, Cida Abreu, a yalorixá e musicista Mãe Beth de Oxum, e a coordenadora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades, Cida Bento.
Elas falaram sobre a importância do cinema na construção de sonhos e histórias de identificação e no reconhecimento da população negra brasileira. "A formação da identidade é um cruzamento entre algo que trazemos, que é nosso, e algo que vem de fora", disse a psicóloga Cida Bento. "Trazemos não só desta vida, mas da nossa ancestralidade. Essa identidade se constrói a partir do toque, do contato físico, dessa sensação de pertencimento a um grupo”, ressaltou.
Outro tema abordado foi como a tradição oral e outras práticas culturais negras são fundamentais na transmissão de conhecimento. As participantes da mesa de abertura falaram também sobre a importância da mobilização das famílias e dos professores da educação infantil no combate ao racismo e na promoção da cultura negra, respeitando seus trajes, penteados, danças e músicas.
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Mãe Beth de Oxum emocionou o público ao cantar e defender as manifestações culturais de Pernambuco. Ela falou também sobre a proposta de redução da maioridade penal. Para Mãe Beth, o jovem não pode ser criminalizado, uma vez que o Estado não cuida dele. "A gente está pautando o genocídio da população negra e mostrando como esse projeto é perverso e racista. Jogar todo mundo numa vala comum, que não melhora ninguém, não é a solução”, afirmou.
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