Cotidiano

Falta de segurança e presença de gatos são problemas nos cemitérios de Santos

Unidades têm cerca de 300 vagas disponíveis e 10 enterros por dia. Funcionário diz que um deles ainda serve de rota de fuga para ladrões

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 15/08/2015 às 23:51

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

Continua depois da publicidade

Problemas de manutenção, falta de segurança, infestação de insetos, falta de ossários e gatos. Sim, gatos. Estes são alguns dos problemas encontrados pela Reportagem do Diário do Litoral nos cemitérios municipais de Santos. Paquetá, Filosofia (Saboó) e Areia Branca, todos com questões a serem resolvidas.

Quem já entrou nos três cemitérios conhece a diferença entre eles. O da Zona Noroeste é grande, ainda há espaço livre de campas e túmulos, ou seja, ainda com espaço para mais vagas. Atualmente, este é o cemitério que recebe a maioria dos corpos. O do Saboó recebeu e ainda recebe a maioria das autoridades santistas. Este já foi investigado por compra irregular de campas e fez com que a Prefeitura reformatasse a administração dos cemitérios. Já o do Paquetá é histórico e tombado. Figuras ilustres da história do País estão enterradas no local, que tem 90% da área destinada às irmandades de Santos.

Vamos começar por este último. O Cemitério do Paquetá é considerado patrimônio histórico, arquitetônico e cultural, por sua antiguidade; pelos homens ilustres que aí estão sepultados, tanto a nível municipal quanto nacional; e pela beleza arquitetônica que não se usa mais. Lá estão sepultados o Dr. Martins Fontes, o historiador e pintor Benedito Calixto, Joaquim Xavier da Silveira, o poeta Vicente de Carvalho, Quintino de Lacerda, Paulo Gonçalves, Cleóbulo Amazonas Duarte, Fábio Montenegro, Renata Agondi, Francisco Martins dos Santos, João Gommensoro Wandenkolk (o mais procurado no dia de Finados, por dizerem ser santo); e outras dezenas.

No entanto, o cemitério enfrenta problemas por conta de toda a sua história. Por causa do tombamento, algumas intervenções necessárias são impedidas de serem executadas, ou então se arrastam por conta da burocracia. Outro problema é a falta de recurso por parte das irmandades, responsáveis pela manutenção dos jazigos. “Cada irmandade é responsável por arrumar seus túmulos, mas nem todas conseguem. Nós fazemos o que dá, até onde nos é permitido”, explica o coordenador geral dos cemitérios de Santos, Bento da Silva.

Além destes entraves, o Paquetá tem um problema inusitado. Quase 70 gatos habitam no local, o que impossibilita a desinsetização do local. “Já tentamos tirá-los de todas as formas e também já procuramos um abrigo para eles, mas até agora não conseguimos nada”, completa Silva.

Questionada, a Prefeitura de Santos explica que a desratização é realizada a cada seis meses, a última foi realizada em maio deste ano. Mas confirma que a desinsetização não foi efetuada por conta dos gatos. “É solicitada via ofício para a Seção de Vigilância e Controle de Zoonoses (SEVICOZ). A Coordenadoria já buscou meios para a retirada dos gatos, porém, não há entidade que faça tal serviço. Além dos animais receberem o cuidado de vários munícipes que frequentam o Cemitério, levando alimento (ração), estes são contra a retirada dos felinos”.

Já sobre a falta de manutenção por parte das irmandades, a Prefeitura afirma que a administração do Cemitério do Paquetá, ao notar irregularidades nos jazigos das irmandades, faz as notificação aos provedores via telefone, caso os mesmos não tomem as devidas providências, são notificados através de ofício. “Atualmente não existe nenhum tipo de taxa de manutenção, nem taxa de multas caso não efetuem a limpeza e manutenção. As irmandades possuem um responsável pela limpeza e manutenção dos seus jazigos”, completa, informando ainda que são todas entidades religiosas sem fins lucrativos.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

Falta de segurança é principal problema do Cemitério da Filosofia (Foto^: Matheus Tagé/DL)

Saboó e Areia Branca

No Cemitério da Filosofia e no Areia Branca, o problema maior é a falta de segurança. Os frequentadores não podem andar seguros pelas alamedas. Mesmo com a ronda da Guarda Civil diariamente, a dificuldade permanece por conta da extensão da área. “Aqui é rota de fuga para os marginais. Eles passam por aqui, pulam o muro e sobem o morro. Mas isso diminuiu bastante desde que aumentaram os muros. Antes era bem pior”, explica um dos funcionários administrativos do Saboó.

Sobre esta questão, a Prefeitura se limitou a informar que a Guarda Municipal realiza rondas no local. “Além disso, a Polícia Militar faz patrulhamentos constantes no entorno dos cemitérios”.

No cemitério da Zona Noroeste, além do problema de segurança, há um problema estrutural. Campas recém-construídas estão interditadas porque apresentaram problemas estruturais. Questionada sobre o problema e sobre a fiscalização da obra, a Prefeitura se limitou a responder que “o local está sendo objeto de análise técnica”.

Estrutura

Juntos, os cemitérios têm cerca de 300 vagas. Segundo a Prefeitura de Santos, a média de enterros nos locais seria seis por dia no cemitério do Areia Branca, dois por dia no Cemitério da Filosofia e um por dia no cemitério do Paquetá.

Mas quanto arrecada um cemitério? E quanto é investido? Segundo a Prefeitura, explicando-se, nos anos de 2011 a 2013, os materiais eram todos adquiridos pela dotação do almoxarifado da Secretaria de Serviços Públicos. A partir de 2014 esta Coordenadoria passou a ter dotações próprias para materiais a partir de 2014. “As receitas provenientes dos preços públicos e das multas serão destinadas exclusivamente  à manutenção, à melhoria e à modernização das áreas comuns dos cemitérios públicos, vedada sua utilização para o pagamento de despesa com pessoal”, cita a lei.

Portanto, foi arrecadado no ano de 2014 a receita de R$ 1.723.791,30 e a despesa efetuada com melhorias foi de R$ 805.562,75. Entre elas, a aquisição de três carrinhos elétricos mortuários para os cemitérios, no Cemitério da Areia Branca; construção de urnas de ossário, aumento do muro frontal, pinturas interna e externa, colocação de concertinas, no Cemitério da Filosofia; construção de urnas de ossário, aumento do muro lateral e fundos, readequação dos sanitários masculino e feminino, pintura dos muros e colocação de concertinas e no Cemitério do Paquetá. “Possuímos um saldo remanescente de R$ 918.228,65”, garante.

Continua depois da publicidade

Continua depois da publicidade

Mais lidas

Conteúdos Recomendados

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software