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O T-Grão transformou a Avenida Perimetral de Santos em estacionamento para caminhões. Na manhã de ontem, uma placa delimitando o espaço da via pública avisava: “T-Grão Cargo – Fila de Caminhões”. Quase dois quilômetros da pista eram tomados por veículos de carga com destino ao terminal, no trecho que compreende o Concais e a Capitania dos Portos.
A reportagem do Diário do Litoral percorreu a avenida portuária e conversou com alguns caminhoneiros. Lázaro Matias, um deles, afirmou que já aguardava há 12 horas para ter acesso ao terminal.
Matias conta que foi autorizado a se dirigir a Santos para descarregar antes da 22 horas de quarta-feira. Saiu do pátio regulador de Cubatão, chegou à Avenida Perimetral e se deparou com a fila. Às 11h30 de ontem, ele ainda aguardava.
E não foi por falta de agendamento que a fila de caminhões se formou. Segundo Matias, estava marcado para que ele acessasse o terminal na madrugada de hoje, às 4 hrs.
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“É muito difícil. A gente não tem água, banheiro, nem qualquer tipo de conforto. O jeito é esperar sentado dentro do caminhão”, disse Marcelo Henrique da Silveira, outro caminhoneiro. Ele era o terceiro na fila de caminhões, também aguardava há mais de 12 horas.
Fora o desconforto, os motoristas também enfrentam gastos não planejados. Henrique da Silveira conta que além dos R$ 22 que desembolsou no marmitex e refrigerante para almoçar, sentado à beira da Avenida Perimetral, ele pagou mais R$ 85 para poder estacionar no pátio regulador de Cubatão, antes de chegar a Santos. A entrega da carga ao T-Grão já tinha custado ao caminhoneiro R$ 107, até o final da manhã de ontem. Segundo ele, a empresa não havia informado previsão de acesso ao terminal para descarga. “Vai saber quantas horas mais vamos ficar aqui, parados da pista”, disse.
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A situação do caminhoneiro Alair Antunes era ainda pior. Ele já estava parado na Avenida Perimetral há 15 horas. Mas antes disso, ficou estacionado no pátio regulador de Cubatão por mais seis horas, ou seja, a entrega estava custando a ele, até às 11h30 de ontem, quando falou com a reportagem do DL, 21 horas de espera.
T-Grão
O T-Grão, por meio de nota, justificou o atraso na entrega das cargas e, consequentemente, a formação da fila de caminhões. Segundo a empresa, parte dos veículos agendados para chegarem entre segunda e terça-feira de Carnaval atrasaram sua chegada em Santos, havendo um acúmulo com os caminhões agendados para ontem.
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Ainda de acordo com a empresa, os motoristas enfrentaram dificuldades no Mato Grosso, onde a chuva forte causou obstrução em diversas vias por onde a carga dos clientes do T-Grão precisa passar.
A partir do próximo final de semana, os caminhoneiros a serviço do T-Grão poderão contar com um terminal em Sumaré. Segundo a empresa, o fluxo será então controlado a partir do Planalto.
Codesp
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A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o Porto de Santos, confirma que identificou o excesso de caminhões na Avenida Perimetral desde a noite da última quarta-feira, através de seu sistema de monitoramento de tráfego.
No entanto, não informou a reportagem do DL o número de caminhões estacionados na via. A estatal diz que está concluindo um relatório detalhado dos fatos
(incluindo o número de caminhões) para encaminhá-lo à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), a quem cabe a aplicação de sanções em função do descumprimento das normas estabelecidas pelo Porto.
T-Grão já foi multado em fevereiro
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Não é a primeira vez que o T-Grão descumpre normas e leva à avenida portuária um excessivo número de caminhões. O terminal foi multado pelo Governo Federal no dia 1 de fevereiro por não seguir agendamento prévio obrigatório na chegada dos veículos de carga ao cais santista.
No dia anterior à autuação, 106 caminhões formavam fila e aguardavam para acessar o terminal. A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) estabelece sanções que variam de R$ 1 mil a R$ 2 mil por veículo para esse tipo de infração.
Durante a safra de grãos no ano passado, o T-Grão foi apontado como um dos terminais que receberam caminhões acima do limite de sua capacidade de recepção no porto.
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A aplicação de multas para o descumprimento do monitoramento de caminhões rumo aos portos foi definida pela Antaq no início de fevereiro. As multas variam de R$ 1 mil a R$ 20 mil.