Cotidiano
Sergei Lavrov fez referência ao desejo da Ucrânia de se aliar à Otan e enfatizou que a manutenção do status de neutralidade do estado ucraniano é “chave para a segurança e para os interesses do país”
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O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse hoje (19), em Moscou, que a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é “imprudente”. “É um erro que está acabando com a estabilidade da Europa”, destacou.
Ele fez referência ao desejo da Ucrânia de se aliar à Otan e enfatizou que a manutenção do status de neutralidade do estado ucraniano é “chave para a segurança e para os interesses do país”.
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Em Berlim, o ministro das Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, que retornou de uma viagem a Moscou, onde se encontrou com o presidente russo, Vladimir Putin, declarou hoje em entrevista que “as visões da Alemanha e da Rússia sobre o conflito da Ucrânia são muito divergentes, e que uma solução política para o problema está longe de acontecer”.
A Ucrânia e as potências ocidentais acusam a Rússia de desestabilizar a Ucrânia ao fornecer dinheiro, armas e suprimentos aos rebeldes separatistas. Três rodadas de sanções foram impostas a Moscou por causa do envolvimento no conflito, no qual quase 4 mil pessoas já morreram. Mas, para o governo russo, a questão vai além da luta armada em território ucraniano e já adquiriu contornos de uma nova Guerra Fria.
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Em polêmica entrevista à rede pública de televisão alemã ARD, divulgada ontem (18), Putin disse abertamente que o Ocidente está provocando a Rússia para uma nova Guerra Fria. Hoje, durante um evento com embaixadores em Moscou, o presidente russo declarou que seu país está pronto para cooperar com os Estados Unidos, “se for com base nos princípios do respeito dos interesses mútuos, dos direitos iguais e da não interferência em questões internas”.
Putin reclamou da expansão da Otan no Leste e na região central da Europa e disse que a estratégia da organização gerou mudanças significativas no jogo político que forçaram a Rússia a responder à altura.
A Otan é uma aliança militar criada em Washington, nos Estados Unidos, em 1949, durante a Guerra Fria. Seus 28 estados-membros concordam com a defesa mútua em resposta a um ataque por qualquer entidade externa à organização.
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Em 1999, a Otan começou a se expandir para a Europa, com a adesão da República Tcheca, Hungria e Polônia. Depois, em 2004, foram admitidas as repúblicas do Báltico, Estônia, Letônia e Lituânia; a Romênia, a Eslováquia e Eslovênia. Em 2008, iniciou as negociações para o ingresso da Geórgia e da Ucrânia, que nunca foram concluídas justamente pelo temor de uma reação russa. Em 2009, a Albânia e Croácia entraram para a organização.
Em recente artigo publicado na revista Foreign Affairs, o professor de Ciência Política da Universidade de Chicago, John Mearsheimer, disse que os Estados Unidos e os aliados europeus têm grande responsabilidade pela crise da Ucrânia. “A raiz do problema é a expansão da Otan, o elemento central de uma grande estratégia para mover a Ucrânia para fora da órbita da Rússia e integrá-la ao Ocidente. Ao mesmo tempo, a expansão da União Europeia em direção ao Leste europeu e o apoio do Ocidente ao movimento pró-democracia na Ucrânia foram elementos críticos, também. A ação de Putin não deveria ser surpresa. Afinal de contas, o Ocidente entrou no quintal da Rússia e ameaçou seus interesses estratégicos fundamentais".