Moradia estudantil da USP; local foi pichado com frase racista / Marcos Santos/USP Imagens
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A Universidade de São Paulo (USP) decidiu instaurar um processo administrativo disciplinar para apurar diversas denúncias de agressões que teriam ocorrido na moradia estudantil do seu campus principal, no bairro do Butantã, na zona este de São Paulo.
Uma nota interna à qual a Gazeta teve acesso e que foi divulgada nesta sexta-feira (16), revela que alguns estudantes, que são acusados de serem autores das agressões, foram impedidos de circular na área dos alojamentos, chamados pela universidade de CRUSP (Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo). Veja abaixo o comunicado na íntegra:
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"A USP vem recebendo seguidas denúncias de agressões ocorridas nos espaços do CRUSP, acompanhadas de vídeos, fotografias, cópias de boletins de ocorrência e depoimentos. A USP tem a responsabilidade de proteger a integridade da sua comunidade e de seus edifícios.", diz a nota da instituição destinada aos alunos.
A universidade afirmou que considera inaceitáveis os casos de agressão e diz que as provas apresentadas pelas vítimas como irrefutáveis.
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"Conversas e reuniões têm sido realizadas para enfrentar essa situação inaceitável. Em alguns casos a gravidade dos acontecimentos impuseram a instauração de processo administrativo disciplinar para averiguação dos fatos. Em dois casos, que apresentavam provas irrefutáveis, foram determinadas medidas cautelares de restrição da circulação dos denunciados no CRUSP. Eles terão amplo direito de defesa no âmbito do processo administrativo.", conclui o comunicado.
Casos de racismo e apologia ao nazismo ocorreram há duas semanas
No dia 1º de dezembro, uma frase de cunho racista foi pichada na parede do CRUSP. A mensagem "Volta p/ África" seria direcionada de estudantes de moram nos apartamentos e que são, em sua maioria, pretos e pobres.
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Dois dias antes, outras pichações com suásticas, símbolo nazista, foram encontradas no DCE (Diretório Central dos Estudantes) e também na Faculdade de Direito, no centro de São Paulo.
Ambos os casos de violência foram denunciados nas redes sociais por Marcos Morcego, 22, aluno do quarto semestre do curso de ciências sociais da USP.
“Essa pichação apareceu hoje de manhã, até ontem à noite não tinha. Nessa semana a gente teve símbolo nazista pichado no nosso DCE, que é a representação máxima dos estudantes, talvez tenha alguma relação”, afirmou à reportagem do jornal Folha de S. Paulo.
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Marcos contou ainda que este tipo de ocorrência é comum em outras universidades públicas paulistas. “O Crusp passa por isso há um tempo, mas a gente notou um padrão. Teve na UFABC (Universidade Federal do ABC) um cara com uma blusa nazista, teve na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) pichação nazista no banheiro. A gente vê uma sequência desses atos e o Crusp é um lugar que tem a maioria de gente preta e pobre, que ficas o dia inteiro na faculdade, querendo ou não, se torna um alvo”, afirma o discente.
A instituição admite que não tem câmeras nos corredores dos blocos de moradia. O estudante diz que espera uma solução por parte da entidade.
“Eu não sei se a universidade vai fazer muita coisa porque geralmente não dão respostas, mas, a gente espera pelo menos que eles liberem a gravação das câmeras que têm lá para ajudar na identificação e expulsão eventual da pessoa que pichou”, completa Marcos.
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Com relação aos casos de pichação, a universidade afirmou que repudia "qualquer forma de apologia ao nazismo e ao preconceito racial em suas dependências. O centro de vivência é um espaço administrado pelos alunos, onde são realizadas atividades promovidas pelo DCE, que, como toda a USP, é vítima dessa agressão inominável”, diz uma instituição divulgada à época.
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