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O ex-chefe da sucursal da CIA em Milão, Robert Seldon Lady, deixou o Panamá nesta sexta-feira e está a caminho dos Estados Unidos, e não da Itália, onde foi condenado à revelia a nove anos de prisão pelo sequestro do clérigo islâmico Hassan Mustafa Osama Nasr, dez anos atrás.
"É do meu entendimento que ele está a caminho dos Estados Unidos", declarou Marie Harf, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, ao ser questionada sobre o paradeiro de Lady. Ela não forneceu mais detalhes.
Depois de passar anos longe dos holofotes, Lady foi preso no Panamá esta semana com base em um mandado internacional de busca expedido pela Interpol a pedido da Itália.
Ele cruzou a fronteira com a Costa Rica na quarta-feira, foi identificado e enviado de volta ao Panamá, onde acabou detido. Hoje, o governo panamenho o colocou a bordo de um avião com destino aos EUA.
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O governo do Panamá, que mantém estreitos laços com Washington, não se pronunciou sobre a decisão de enviar Lady de volta para os EUA. O vice-chanceler italiano, Lap Pistelli, limitou-se a dizer que tomou conhecimento da decisão panamenha.
Diplomatas italianos comentaram que Itália e Panamá não possuem acordo de extradição, mas o país centro-americano poderia ter entregado Lady às autoridades italianas se quisesse.
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Lady, hoje com 59 anos, foi condenado pela justiça italiana a nove anos de reclusão pelo sequestro do clérigo islâmico Hassan Mustafa Osama Nasr. Como estava foragido, Lady foi julgado à revelia.
Nasr foi sequestrado por agentes da CIA em Milão em fevereiro de 2003 como parte do programa de "rendição extraordinária", por meio do qual a espionagem norte-americana capturava suspeitos de "terrorismo" e os transferia clandestinamente a bases em países onde não havia proibição jurídica à tortura.
O clérigo foi transferido para bases militares mantidas pelos EUA na Itália e na Alemanha antes de ser enviado para o Egito. Ele afirmou ter sido torturado no Egito antes de ser solto pelos norte-americanos, meses depois de seu sequestro.
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A justiça italiana conduziu uma rigorosa investigação do caso. Vinte e seis agentes da CIA e outros funcionários do governo norte-americano acabariam indiciados, apesar das objeções dos EUA. Todos os réus, no entanto, saíram da Itália antes do indiciamento.