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Um grupo de cientistas da Espanha descobriu uma inédita estratégia para o combate ao câncer com foco nos telômeros, as estruturas que protegem as extremidades dos cromossomos. Com a nova estratégia, os pesquisadores conseguiram bloquear uma proteína essencial para a reconstrução dos telômeros - mecanismo que as células tumorais utilizam para se dividir indefinidamente tornando-se "imortais". Com o uso da técnica, camundongos com câncer de pulmão apresentaram melhoras. O estudo foi publicado nesta quarta-feira, 13, na revista científica Embo Molecular Medicine.
"O desgaste de telômeros está ganhando espaço como um potencial mecanismo para desenvolver novos alvos terapêuticos para o câncer de pulmão", diz o artigo escrito por cientistas do Centro Nacional de Pesquisa Oncológica (CNIO), da Espanha, sob a liderança de Maria Blasco.
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Cada vez que uma célula se divide, ela deve duplicar seu material genético, o DNA, que fica condensado em cromossomos. No entanto, graças ao funcionamento do mecanismo de replicação do DNA, a extremidade de cada cromossomo não pode ser replicada completamente. O resultado é que os telômeros ficam mais curtos cada vez que a célula se divide. Quando os telômeros estão desgastados demais, a célula para de se dividir e pode ser eliminada. Essa morte celular, no entanto, não acontece em células tumorais, que se proliferam indefinidamente. Embora elas se dividam, seus telômeros não se desgastam e uma das razões para isso é que uma enzima, conhecida como telomerase, permanece ativa nas células de câncer - o que não acontece nas células saudáveis.
Uma estratégia óbvia para evitar o reparo constante dos telômeros pela telomerase - e impedir a "imortalidade" da célula tumoral - seria inibir a enzima. Mas testes feitos com essa abordagem não tiveram bons resultados. No novo estudo, os cientistas tiveram foco nos telômeros, mas com uma abordagem diferente.
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Padrões repetidos
Os telômeros são feitos de padrões repetidos centenas de vezes de sequências de DNA. O DNA do telômero é envolvido por um complexo de seis proteínas que formam uma cobertura protetora. A nova estratégia consiste em bloquear uma dessas proteínas, chamada TRF1, de forma que a proteção do telômero seja destruída.
A ideia de usar uma dessas proteínas como alvo ainda não havia sido tentada pelos cientistas, pois havia receio de que a ação sobre elas provocasse efeitos tóxicos. "Ninguém havia explorado ainda a ideia de utilizar uma dessas proteínas como alvo anticâncer.
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É difícil encontrar drogas capazes de interferir com a ligação de proteínas ao DNA e há possibilidade de que drogas com foco nos telômeros sejam muito tóxicas. Por isso ninguém explorou essa opção antes, embora fizesse todo sentido", disse Blasco.
O novo estudo, no entanto, mostrou que bloquear a proteína TRF1 causou apenas efeitos tóxicos menores, que foram bem tolerados pelos camundongos. "No entanto, isso impediu o crescimento de carcinomas pulmonares já desenvolvidos nos camundongos", diz o artigo.
"A remoção da TRF1 induz a um desgaste agudo de telômeros, cujo resultado é a morte celular. Nós observamos que essa estratégia mata células de câncer com eficiência, impede o crescimento do tumor e tem efeitos tóxicos suportáveis", declarou Blasco.
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A proteína TRF1 foi inibida geneticamente - com a remoção do gene que a produz em camundongos - e também quimicamente, utilizando compostos desenvolvidos pelo Programa de Terapias Experimentais do CNIO. Segundo os cientistas, esses compostos poderão fornecer um ponto de partida para novas drogas anticâncer. "Mostramos que podemos encontrar potenciais drogas capazes de inibir a TRF1, que poderão ter efeitos terapêuticos quando administradas oralmente em camundongos", afirmou Blasco.
Taxa alta
Os cientistas trabalharam com modelos de camundongos para câncer de pulmão, o tipo de tumor com as mais altas taxas de mortalidade em todo o mundo. "Agora nós vamos buscar parceiros na indústria farmacêutica para levar essa pesquisa a estágios mais avançados de desenvolvimento de drogas", disse Blasco.
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