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Você, morador de Santos, já deve ter percebido que a Cidade é linda para quem admira a praia. O maior jardim de orla da América Latina, a melhor Cidade para se viver e tantos outros predicados que os próprios moradores elencam. Mas você também já deve ter percebido que a realidade da Cidade está muito além das flores da praia. Não? Não conhece a realidade da Cidade onde vive? O Diário do Litoral mostra.
A Reportagem preparou para este domingo a primeira parte do ‘Raio-X de Santos’ mostrando o que boa parte dos moradores da Baixada Santista desconhecem: a Santos que ninguém vê.
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A Santos que existe entre a Avenida Afonso Pena e a Avenida Governador Mário Covas Júnior, mais conhecida como Avenida Portuária. A Santos que ninguém vê na Zona Noroeste e nos Morros, que será apresentada no próximo domingo, na segunda parte do ‘Raio-X’. E a Santos que muitos nem imaginam que existe, lá na Área Continental, que finda a série, no segundo domingo de julho, dia 12.
Experimente mudar o caminho: dirija seu carro da avenida da praia até a Avenida Perimetral seguindo pelo Canal 4 ou 5. Vá devagar, analise as diferenças assim que você cruzar a Avenida Afonso Pena. É nítido para quem quiser enxergar. Quanto mais perto se está do Porto, mais distante das belezas de Santos. E quem diz isso é quem mora nesta área, como a dona de casa Marilene Abreu, santista de nascimento, há 74 anos. “Estamos esquecidos aqui. O Estuário é largado. Melhoram esta avenida aqui (Siqueira Campos), mas a minha (Barão de Ramalho) continua largada. Precisa melhorar e muito para quem mora deste lado da Cidade”, reclama.
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Este “esquecimento” se estende aos bairros vizinhos e colados ao maior Porto da América Latina. Estuário, Macuco, Paquetá, Vila Mathias. Todos estão bem distantes do que se apresenta nos bairros vizinhos à praia. O comerciante Wilson Luiz Pacheco Mendes, morador da Vila Mathias, sente isso na porta de sua casa e de seu estabalecimento. “Quem vai para a praia tem outra visão de Santos. Nem imagina que aqui a gente vive com enchente há anos, que vivemos inseguros por conta dos usuários de drogas que se espalham pelas ruas do bairro. Aqui é um depósito de mendigo e craquento. Parece que eles limpam a praia e jogam aqui. A Vila Mathias está largada. Todo mundo acha Santos linda, mas a verdade é que a Cidade não tem infraestrutura nenhuma”, desabafa.
Prefeitura
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Questionada sobre os problemas apontados, a Prefeitura explicou que a repavimentação da Avenida Siqueira Campos está sendo realizada dentro das obras da ciclovia do Canal 4. “Intervenção que moderniza o viário promovendo melhorias como reforma de pequenas praças ao longo da via, calçadas em concreto desempenado, acessibilidade e canteiros verdes”.
Ainda segundo a Administração Municipal, as outras ruas do bairro serão atendidas no lote 2 de pavimentação: serviços de drenagem superficial e subterrânea, calçadas, fresagem e pavimentação asfáltica em 65 quilômetros das zonas da Orla, Intermediária, Central e Área Continental. “As obras serão realizadas no prazo de 36 meses e terão início por vias de maior tráfego como as avenidas Ana Costa e Bernardino de Campos, e a Rua General Câmara, no segundo semestre”, garante. Os serviços, com valor de R$ 53 milhões, integram o PROVias, programa para garantir segurança e infraestrutura às vias públicas do Município e agregar intervenção para garantir acessibilidade com construção de rampas de acesso às calçadas, nas esquinas.
Já sobre a questão da Vila Mathias, a Prefeitura que, quanto ao atendimento à população em situação de rua, a Secretaria de Assistência Social faz abordagem de rua, diariamente, das 7 horas à meia-noite, além do plantão da meia-noite às 6 horas; e conta com o Centro Pop (Rua Conselheiro Saraiva, 13) que funciona como uma espécie de porta de entrada desse público na rede de serviços socioassistenciais.
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“A Prefeitura também intensificou o trabalho de requalificação profissional à população que frequenta o bairro. Uma das ações foi a instalação da Vila Criativa, equipamento que tem como principal objetivo oferecer cursos de qualificação que permitem geração de renda e inserção social”. Leia mais sobre a situação dos moradores de rua nas próximas páginas desta edição.
O que pensam os moradores - lado da Orla
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Na praia, tudo é lindo
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Os moradores dos bairros vizinhos à orla da praia de Santos não fizeram tantas reclamações (ou quase nenhuma). Ao serem questionados sobre o que achavam de Santos ou que precisava melhorar na Cidade, a resposta era quase sempre a mesma. ”Santos é uma cidade linda, principalmente para mim que não trabalho mais. É perfeita para quem quer descansar, praticar esportes e até para quem quer trabalhar também”, orgulha-se o aposentado Antônio Carbonaro, morador da Aparecida.
O amigo ambulante, que trabalha com um carrinho de lanche próximo ao Aquário, José Godofredo Oliveira, também morador da Aparecida, nutre a mesma paixão pela Cidade. “Santos é muito boa para se morar. Amo morar aqui e recomendo sempre aos meus amigos”, completa.
As amigas e aposentadas Léa Fagundes e Deonice de Almeida, moradoras da Ponta da Praia, também declaram seu amor por Santos. “É uma cidade excelente, gosto muito daqui”, conta Léa. “Há muita coisa para senhoras como nós, sou feliz aqui”, alegra-se Deonice.
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Cidade do Idoso
O município de Santos tem uma população de 417.098 habitantes. Destes, 77.839 pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, correspondendo a 18,66% da população residente, destacando-se como uma das cidades com maior número de idosos do País. Segundo o Estado, os motivos desta alta prevalência de idosos, além do aumento da expectativa de vida de nossa população, devem-se ao fato de Santos ser uma cidade plana, com sete quilômetros de extensão de praia, possuir o maior jardim de praia do mundo e uma rede de ciclovias, que oferece oportunidades de lazer a esta faixa etária permitindo que essas pessoas se estabeleçam na cidade.
O que pensam os moradores - lado do Porto
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Segurança é um problema para todos
A sensação de insegurança atinge todas as cidades da Baixada Santista. Em Santos, não poderia ser diferente. Em todos os bairros em que a Reportagem passou, antes ou depois da Avenida Afonso Pena, a população tem uma reclamação em comum: falta segurança.
“É um problema de toda a Cidade. Aqui na praia, a gente não pode andar com nada no pescoço ou um relógio no pulso que malandro quer levar”, reclama o aposentado Antônio Carbonaro. O mesmo acredita o ambulante José Godofredo. “Já vi muita gente ser assaltada aqui na orla. Você está passeando e alguém vem e arranca um cordão do seu pescoço. Alguém precisa fazer algo, por mais policiamento”, completa.
Mais segurança e policiamento também é o desejo da aposentada Léa Fagundes. “Tem muitas pessoas diferentes andando aqui na orla, precisa de mais policiamento. A gente fica por aqui na maior preocupação porque tem muita violência por ai”, acrescenta.
Lá na Vila Mathias também tem preocupação com a falta de segurança. “Os comerciantes vizinhos ao meu estabelecimento estão fechando as portas. Tudo porque não temos segurança para trabalhar. Aqui, os usuários de droga dominam”, reclama o empresário Wilson Mendes.
Investindo
Sobre a questão da segurança pública, a Prefeitura garante que tem investido em tecnologia no auxílio às ocorrências atendidas pela Polícia. “Até o fim do primeiro semestre de 2015, a previsão é de que a Cidade conte com 522 equipamentos, totalizando cerca de R$ 10,5 milhões de recursos provenientes de verbas municipais (próprias e de emendas parlamentares de vereadores), estaduais e federais”.
Dados discordam
Segundo estatísticas levantadas pelo Estado e divulgadas na última quinta-feira, dia 25, a Baixada Santista apresentou uma queda em vários índices criminais, contrariando a sensação de insegurança que se instalou pela Região.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado registrou queda de crimes patrimoniais e contra a vida na Baixada Santista e Vale do Ribeira nos cinco primeiros meses do ano. Os roubos em geral caíram 22,06% em cinco meses. Em maio, a quantidade de boletins de ocorrência dessa natureza caiu 11,58% (de 1.891 para 1..672).
Os furtos em geral também recuaram 12,34% nos cinco primeiros meses deste ano. Os roubos de veículo caíram 19,08% em cinco meses. Os roubos de carga registaram redução de 20,83% no quadrimestre, chegando ao menor valor desde 2010. Seguindo a queda dos principais crimes contra o patrimônio, a Região registrou dois casos de roubo a banco. A queda é de 60% no período de janeiro a maio.
De janeiro a maio, os homicídios dolosos também tiveram queda de 16,84%. Os latrocínios caíram nos cinco primeiros meses desde ano, com redução de 50% nos registros. Em maio, a queda foi de 80%.
Com recuo de 26%, os estupros também estão em queda nos cinco meses. O total de ocorrências caiu de 200 para 148. Mensalmente, os estupros caíram 27,91%. O total passou de 43 para 31 em maio. Em ambos os comparativos, o total é o menor desde 2009.
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