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Pioneiro no congelamento de sangue de cordão umbilical para transplantes e tratamento de doenças, o médico chileno Pablo Rubinstein, radicado nos Estados Unidos, acompanha há 22 anos o surgimento e o fechamento de bancos privados de armazenamento de células-tronco, que vendem serviços às famílias com base em promessas de cura de diversos males, da leucemia ao Parkinson.
Especialista em imunogenética, ele defende que os governos intervenham para impedir que propagandas enganosas levem as pessoas a gastar fortunas com os procedimentos, e também para divulgar a importância das doações voluntárias para bancos públicos.
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Hoje diretor do Programa Nacional de Sangue do Cordão Umbilical do Centro de Sangue de Nova York, Rubinstein foi o criador do sistema norte-americano que desde 1992 armazena sangue para aplicação em pacientes não aparentados dos doadores.
No Brasil, colaborou para a implementação do banco de armazenamento do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o primeiro do País, em 2001. Na quarta-feira passada, ele foi homenageado pela equipe do hospital. Após visitar as instalações, onde estão armazenadas 8 mil unidades de sangue (juntando todos os 13 da Rede BrasilCord, são 18 mil, das quais 170 já usadas em transplantes), o médico deu entrevista ao jornal o Estado de S. Paulo.
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Rubinstein não defende o fim de bancos privados, como se discute na Espanha e na França, e sim uma maior divulgação dos prós e contras do armazenamento pago - a coleta, feita na maternidade, custa por volta de R$ 4 mil, e a anuidade, cerca de R$ 1.000.
No caso do banco privado, as células só podem ser usadas no próprio paciente, e não há comprovação científica da eficácia futura (no caso das doenças genéticas e da leucemia, não são recomendadas). No público, ficam disponíveis para todos os pacientes que precisarem de transplante. Em média, a chance de compatibilidade é de 1 para 100 mil.
"O objetivo do banco público é ajudar pacientes hoje. O do privado é hipotético, e o fim é fazer dinheiro. Do ponto de vista legal, é difícil privar as pessoas de guardarem sangue se quiserem e tiverem dinheiro para isso. Mas quando meus filhos me perguntaram o que fazer quando seus filhos nasceram, eu disse: 'Se não existem bancos públicos na cidade, não vale armazenar em particulares".
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E continuou: "do ponto de vista social, é muito melhor investir num sistema que assista a todos, ricos e pobres, e dá a possibilidade de mais gente sobreviver a doenças fatais. Os governos devem assegurar que as famílias recebam informações corretas. A gente já sabe que o que eles vendem não é verdade. É irritante ser inundado por certas propagandas na internet", desabafou.
Os números sustentam sua argumentação. "O melhor que podemos fazer é comparar bancos públicos e privados. O maior privado dos EUA tem mais de 500 mil unidades e foram transplantados menos de 200 pacientes; no nosso, são 60 mil unidades e já tratamos 5.200 pacientes".
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