Cotidiano

Equipamentos culturais não são prioridades na Região

Abandono e obras não finalizadas fazem grandes promessas de cultura, lazer e turismo definharem com o tempo e com a falta de utilidade para a população

Publicado em 15/06/2015 às 10:25

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O que aconteceu com as grandes promessas de equipamentos culturais ou de turismo como o Teatro de Cubatão ou o Centro de Convenções de São Vicente? E com os históricos do Teatro Rosinha Mastrângelo e da Cadeia Velha de Santos? Abandono, obras nunca finalizadas, mudança na utilidade do prédio: por que eles não foram utilizados para o que foram criados – cultura, lazer e turismo? As respostas podem estar na ponta da língua de alguns ou bem longe do pensamento de outros, mas o Diário do Litoral explica o que pode parecer inexplicável.

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Começando por Santos. Quem passa pela entrada do Mastrângelo percebe um movimentação de obras no local com um monte de areia e restos de construção espalhados. Mas não se iluda – as intervenções acontecem no Centro Cultural Patrícia Galvão e não garantem a reabertura do teatro.

O Rosinha Mastrângelo está fechado desde 2009 devido a infiltrações sob o tablado e no teto. Segundo a Administração Municipal, a Secretaria de Cultura (Secult) tem projeto elaborado para a reabertura do teatro, que prevê, além da eliminação das infiltrações sob o palco, a instalação de novo tablado, recuperação da cabine de som, do ar-condicionado, das arquibancadas, camarins e sanitários. No entanto, a Secult ainda busca parcerias para a realização da obra, orçada em cerca de R$ 400 mil. Ou seja, ainda sem data prevista para início das obras e reabertura do teatro.

 Em Santos, Teatro Rosinha Mastrângelo está fechado desde 2009 e ainda não tem previsão de reabertura (Foto: Matheus Tagé/DL)

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Já o problema da Cadeia Velha é um pouco maior. As portas também estão fechadas por conta dos problemas estruturais do prédio, mas a polêmica em cima do equipamento é outra. O Estado e a Prefeitura não apresentaram projetos para o local oficialmente, mas sabe-se que o Governo estadual vislumbra a possibilidade de transformar o local em um novo museu. Só a hipótese já revoltou a classe artística da Cidade, que propõe que o equipamento se torne um formador e fomentador de cultura. O tempo para decidir a utilidade do local pode ser curto: as obras de restauração da Cadeia Velha têm previsão de entrega para fevereiro de 2016. Até lá, qual será a definição?

A classe cultural se reuniu em maio com o Estado e com a Prefeitura, mas nada ficou acertado.

São Vicente

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Na cidade vizinha, os problemas não são diferentes. O Centro de Convenções de São Vicente – equipamento criado para receber eventos turísticos e culturais – está em estado de abandono. E este problema, assim como os outros acima, já foi denunciado pelo DL: equipamentos de ginástica e material de escritório (incluindo documentos) da Prefeitura abandonados, água jorrando de cano devido ao furto de uma torneira, cabines primárias de energia sem fiação e até equipamentos que poderiam ser usados por pessoas portadoras de deficiência largados. Esse é parte do cenário encontrado no local.

O local já sofreu com incêndio, já virou depósito de descarte irregular de lixo em seus arredores e pouco serviu para a sua finalidade inicial. A discussão agora é: o que será feito do local? Vai permanecer como está, vai passar por reforma ou vai ser transformado em Hospital Regional (como já foi proposto)?

 Em São Vicente, Centro de Convenções, que está interditado por risco de desabamento, deve se transformar em Hospital Regional (Foto: Luiz Torres/DL)

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Para a Prefeitura de São Vicente, transformar o prédio em hospital é o melhor caminho. “Proposta ratificada pelos demais municípios da Região Metropolitana, e apoiada pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro, em várias ocasiões. O mesmo, inclusive, já se comprometeu com 50% dos recursos necessários à construção e também do posterior custeio. Tal proposta aguarda no momento a manifestação do Governo do Estado, quanto  aos 50% restantes”, explica.

Até decidir de fato o que será feito com o equipamento, o Centro de Convenções permanece interditado “sob o risco iminente de desabamento”, conforme declarado do auto de interdição do local.

Cubatão

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Parece que transformar equipamento culturais em unidades de saúde é tendência entre as prefeituras da Região. Seguindo sua promessa de campanha das últimas eleições, a prefeita Marcia Rosa (PT) garante que o Teatro Municipal de Cubatão se tornará em um centro de especialidades clínicas para formar o Quarteirão da Saúde, integrado ao Hospital Municipal, a futura policlínica que será reconstruída e aos Pronto-Socorros Central e Infantil. Segundo a Prefeitura, a licitação para a construção do Quarteirão da Saúde será aberta no próximo mês.

De todos os problemas apontados, o Teatro de Cubatão é o mais antigo. Há quase 30 anos o prédio está em obras. Mas, este ano, a situação está pior: portas quebradas, muros pichados e lixo espalhado por todo lado. O estado de abandono é chamariz para usuários de drogas, moradores de rua e mosquitos da dengue. Na parte interna, muito lixo, vazamento, fezes, preservativos usados e um cheio insuportável confirmam a degradação do local.

O Teatro de Cubatão já gastou milhões em verbas públicas e privadas para chegar a esta situação. E a as paralisações nas obras do local se iniciaram nos anos 90, em uma guerra de egos entre os prefeitos Nei Serra e Osvaldo Passarelli, que alternaram a cadeira do Executivo por anos. Passarelli queria o teatro pronto, mas não entregava. Quando Serra assumia, parava as obras do teatro e começava a do Hospital Modelo, hoje o Hospital Municipal. No governo Clermont ainda houve uma esperança, mas não durou muito. O teatro fechou as portas e pode nunca mais abrir para a mesma finalidade pela qual foi criado.

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