Entidades de Guarujá podem promover manifestação em prol dos festejos juninos

A falta de segurança alegada em Santos e Guarujá para a não realização dos festejos juninos nos moldes tradicionais este ano foi assimilada de forma diferente nos dois municípios. Enquanto que na Terra de Braz Cubas a decisão do padre Isac Carneiro da Silva, da Paróquia São João Batista, em não realizar a tradicional festa do Morro da Nova Cintra, não causou muito impacto entre as comunidades, em Guarujá, as entidades prometem mostrar nas ruas a indignação pelo fim dos eventos espalhados pelos principais bairros do Município.

Na última quinta-feira (18), o secretário de formação política da Confederação Municipal das Associações de Guarujá (CEMAG), Jonatas Nunes, disse que hoje, às 16 horas, na Associação do bairro do Pae Cará (Avenida Guarujá, 397), representantes de 60 entidades deverão ‘bater o martelo’ sobre a realização de uma manifestação, na próxima semana, em frente ao Paço Municipal, contra a decisão da Administração em interromper, pela primeira vez na história da Cidade, os festejos juninos, que aconteciam simultaneamente em pelo menos seis pontos do Município.

“É impossível tentar um acordo mais amigável com a Administração. Eles ficaram de nos dar a última posição ontem (quartafeira) e sequer nos receberam. Ficamos aguardando por cerca de duas horas e nada. Vamos fazer uma denúncia pública sobre tudo que vem ocorrendo. O autoritarismo em não provar, com argumentos e documentos, a falta de verba e de segurança. Queremos ver o relatório em que a Polícia Militar aconselha o cancelamento dos festejos”, aponta Nunes, alertando que o dinheiro arrecadado — cerca de R$ 8 mil por barraca — garantia o pagamento de várias contas das entidades.

O secretário da CEMAG alerta que os festejos ocorrem desde antes da emancipação político administrativa de Guarujá (1934 – há 81 anos). “Essa é a primeira vez que não teremos festejos. É a falência pública, pois uma solução favorável, que deveria ser antecedida de planejamento, resultou no fim do evento”, finaliza. 

Descentralizar

A Secretaria de Cultura de Guarujá informa que os Festejos Juninos 2015 ocorrerão de maneira descentralizada com o objetivo de estimular e valorizar as atividades nos centros comunitários, escolas, comunidades religiosas e entidades.

Os Festejos Juninos até então realizados em duas praças grandes (Guaibê e Praça 14 Bis) e duas comunidades tradicionais (Perequê e Santa Cruz dos Navegantes), não ocorrerão este ano. Isso ocorre, conforme a Administração, em função da crise econômica que atinge o País e, consequentemente, todos os estados e municípios.

Festa de Santos é interrompida após 67 anos

A Quermesse da Paróquia São João Batista, a tradicional festa junina do Morro da Nova Cintra, em Santos, iria para a sua 68ª edição, mas o pároco Isac Carneiro já havia revelado que o evento estaria perdendo o controle com relação à segurança, galgado em um panfleto, preparado pela Comissão de Eventos da Paróquia, contendo diversas outras dificuldades, principalmente econômicas, entre elas a falta de subsídios por parte do poder público.

Em Santos, a festa durava 45 dias e contava com pelo menos 20 barraqueiros. Cada barraca dava trabalho para entre 10 e 15 pessoas, geralmente do próprio Morro da Nova Cintra. A quermesse foi criada em 1947 para arrecadar fundos e construir uma igreja maior. Após algumas edições, os frequentadores acumularam o necessário para nivelar o terreno da Praça Guadalajara e atingiram o objetivo.

Cubatão mantém tradição

As tradições populares e manifestações nordestinas das festas juninas serão destaque este ano no Arraial Pé da Serra de Cubatão. O festival tem início em 26 de junho, seguindo até 19 de julho. Além disso, o local de realização será novidade: no Novo Anilinas (Avenida Nove de Abril, s/nº). O espaço vai abrigar shows, apresentações da cultura popular e venda de comidas típicas, sempre de sexta-feira a domingo, a partir das 19 horas.

A cultura tradicional paulista e de outros estados brasileiros também será representada e as apresentações de quadrilhas juninas prometem encantar o público com seu colorido e danças cheias de energia, totalmente inspiradas nas quadrilhas nordestinas. “Podemos dizer que as apresentações artísticas do Arraial são um ‘tiragosto’ do Festival de Cultura Nordestina Danado de Bom. Queremos trazer essa cultura nordestina que está tão presente em nossa Cidade antes de novembro, quando acontece a grande festa. Além disso, estamos valorizando a cultura tradicional paulista e mineira, com suas danças, músicas e sabores”, completa o secretário de Cultura Welington Borges.