Cotidiano

Ensino religioso: Quando Deus se torna disciplina na rede de ensino

Professor da rede municipal de Santos relata como alunos se envolvem com os temas

Publicado em 25/08/2014 às 10:32

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Quão difícil é ensinar religião a alunos do Ensino Fundamental da rede pública? Como tratar de um assunto que é tão complexo até para os adultos? O professor Marco Antônio Marques Lopes, na profissão há 34 anos e há 14 lecionando na Escola Municipal Professor Florestan Fernandes, em Santos, diz que descobriu uma fórmula.

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O sucesso de suas aulas é perceptível para quem assiste a relação entre o professor e os alunos. Abraços, sorrisos e descontração mostram que o ensino vai além das quatro paredes das salas de aula. Há cinco anos lecionando a aula de Ensino Religioso, Lopes acredita que todas as aulas deveriam ser desta forma. “Eles não têm nota. Só tem frequência. É uma disciplina como outra qualquer, a diferença é que ela não reprova. Aliás, seria interessante que todas as matérias fossem assim. Isso é muito interessante. O aluno é obrigado assistir, como outra qualquer, só que não tem atividade para nota. As atividades que eu tenho são a criação de alguns textos sobre os filmes”, explica.

Mas o que faz a aula de ensino religioso ser tão dinâmica para alunos do sexto ao nono ano? Boas histórias contadas em filmes. “Quando eu comecei a dar aula de Ensino Religioso, as aulas ficavam muito parecidas com aulas de História e de Geografia, porque os alunos tinham que estudar aquilo como se fosse uma matéria normal. Ai, eu senti que não havia um interesse muito grande. Foi quando eu tive a ideia, junto com a coordenadora, de trabalhar os filmes. A aula é de Ensino Religioso, mas também é sobre valores, sobre o ensino de valores. Não é só a religião pela religião. Toda religião trabalha valores. Trabalhamos também muito com o cotidiano da escola”, conta o professor, que ministra a aula uma vez por semana em cada classe, durante 45 minutos.

Para gerar o debate entre os alunos e despertar o interesse pelo assunto, o professor escolhe um filme de acordo com a situação atual na escola ou no cotidiano dos alunos. “Eu não tenho uma lista fechada de filmes. Vão acontecendo coisas e eu vou escolhendo o filme de acordo com a situação, seguindo o cotidiano da escola. Eles também me dão ideias. E como eu também dou aula de inglês, eu uso a trilha sonora dos filmes para a aula de inglês. Tudo se encaixa. Sempre sem esquecer o ensino religioso”.

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O educador Marco Lopes em sala de aula na Escola Florestan Fernandes (Foto: Luiz Torres/DL)

O que diz a Lei?

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação diz que o ensino religioso deve ser oferecido em todas as escolas públicas de ensino fundamental, mas a matrícula é facultativa. A definição do conteúdo é feita pelos Estados e municípios, mas a legislação afirma que o conteúdo deve assegurar o respeito à diversidade cultural religiosa e proíbe qualquer forma de proselitismo.

“O ensino religioso, católico e de outras confissões religiosas, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, em conformidade com a Constituição e as outras leis vigentes, sem qualquer forma de discriminação”, diz o primeiro parágrafo do documento que estabeleceu um acordo entre o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Vaticano, de 2008.

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