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Em manifestação na avenida Paulista nesta terça (15), dirigentes da CUT (Central Única dos Trabalhadores) se posicionaram contra o novo pacote fiscal do governo e afirmaram que o trabalhador é quem está pagando pela crise, mas rechaçaram as propostas de impeachment de Dilma.
O presidente da central sindical, Vagner Freitas, defendeu que as medidas propostas nesta segunda-feira, de corte de R$ 26 bilhões e aumento da arrecadação de R$ 40,2 bilhões, vão contra os interesses dos trabalhadores e que faltou diálogo do governo com a sociedade.
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"O pacote é lamentável, recessivo, e imputa a culpa da crise aos trabalhadores. É exatamente o contrário do que a CUT tem apresentado [como proposta]", disse.
Entre as medidas propostas estão o adiamento do aumento do funcionalismo e a volta da CPMF (contribuição sobre movimentações financeiras) por um período de quatro anos.
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Segundo Douglas Izzo, presidente da CUT-SP, o ajuste fiscal e o projeto que amplia a terceirização ameaçam as conquistas sociais.
"Não dá para os trabalhadores pagarem pela crise. E, com o ajuste que foi apresentado e mudanças nos direitos dos trabalhadores, é isso que está sendo apontado." Ele acrescentou que, se depender da CUT, o pacote não passa no Congresso.
Para Freitas, o governo precisa adotar medidas de retomada do crescimento, que aumentem a geração de emprego e renda.
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"Esse pacote dialoga com a política de Levy, que é de corte e não de investimento. Os servidores públicos federais teriam, a partir de janeiro, o resultado do processo de negociação, que foi adiado. A CUT vê com maus olhos o pacote e entende que ele irá enfatizar a crise", disse.
Freitas afirmou que vai procurar a presidente ainda hoje, solicitando uma audiência, e reclamou de "falta de diálogo".
"Acima de tudo mais uma vez o que nos espanta é a falta de diálogo com a sociedade. Tem um fórum criado pelo governo para discutir as questões de Previdência, salário e direitos. O fórum quadripartido, entre trabalhadores, empregadores, governo e Parlamento, vai ser instaurado em alguns dias. E, antes de instaurar o fórum, o governo governa por pacote, sem dialogar com os trabalhadores."
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Negociações salariais e impeachment
Os dirigentes da CUT afirmaram que o pacote e a crise econômica dificultam as negociações salariais. De acordo com Freitas, o governo precisa "dar boas notícias".
"Os empresários vão dizer que tem uma crise econômica, que o próprio governo corta custos, que não há investimento e há incertezas na economia e que, por isso, não podem atender às reivindicações dos trabalhadores. Vão se utilizar das dificuldades econômicas [para não dar aumento]."
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Apesar das críticas, os dirigentes defenderam a continuidade do mandato de Dilma Rousseff (PT) e classificaram as tentativas de impeachment de golpe.
"O mandato da presidenta é legítimo, democrático e tem que acabar em 2018. Ele foi outorgado pelo povo. Uma coisa é a crítica que eu faço ao pacote, mas o golpe nós não vamos tolerar", disse Freitas.
Izzo, da CUT-SP, fez ressalvas em relação ao governo. Segundo ele, Dilma tomou medidas contrárias às promessas realizadas durante a campanha eleitoral. "O que foi apresentado para a população brasileira efetivamente não é aquilo que está sendo implementado."
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Manifestação
Os manifestantes se concentraram das 10h até por volta de 12h30 na avenida Paulista, entre a Rua Itapeva e a Pamplona. A pista sentido Paraíso ficou fechada para o trânsito.
O ato, cujo lema era "em defesa da democracia, do emprego e do salário", foi o primeiro da campanha salarial unificada. A campanha reúne categorias com data-base no 2º semestre, como metalúrgicos, bancários, químicos, petroleiros da FUP, enfermeiros, aeronautas, aeroviários, comerciários, serviços, médicos e psicólogos.
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