Duas tentativas de assalto violentas em apenas três dias na via Anchieta

Um ônibus da Viação Cometa foi alvejado com dezenas de tiros na noite de terça-feira, na Via Anchieta. O veículo transportava 34 passageiros de São Paulo para Santos. O motorista teve ferimentos leves. Essa é segunda tentativa de assalto violenta num intervalo de apenas três dias na mesma rodovia, na Baixada Santista.

Segundo declarações do motorista do ônibus à imprensa, cuja identidade foi mantida sob sigilo, o veículo foi fechado por um carro de cor prata na altura do km 47 da Via Anchieta por volta das 21h.

Os ocupantes do carro atiraram contra o pára-brisa, mas o condutor não parou o ônibus seguindo viagem até a Estação Rodoviária de Santos. O motorista teve ferimentos leves causados pelos estilhaços dos vidros alvejados do ônibus.

Já à meia-noite de sábado, dia 22, uma motorista sofreu ataque parecido no trecho entre os kms 55 e 44 da Via Anchieta. A leitora enviou seu relato via email para o Diário do Litoral, sua identidade também será preservada. 

Na madrugada do dia 18, o caminhoneiro autônomo Carlos dos Santos foi fechado por um veículo no viaduto da Alemoa, teve seu caminhão e a carga roubados, e foi mantido refém por quatro horas, na Cidade Náutica, sob a mira de armas pelos bandidos.   

À imprensa ontem, o comandante da Polícia Militar do Estado de São Paulo, coronel Benedito Roberto Meira, respondeu que o efetivo da PM recebeu reforço de 25 policiais na terça-feira.

O coronel Meira disse também que a Operação Verão inicia no dia 19 de dezembro nas rodovias e no dia 26 nas cidades da Baixada Santista, totalizando 2 mil policiais militares a mais na operação ostensiva. “Só pro policiamento rodoviário são 147 policiais militares”.

“Hoje nós temos aqui na Baixada, 26 policiais militares que trabalham por meio de diária extraordinária, que é aquela hora extra que o policial recebe por horário adicional trabalhado. Nós acabamos de acertar o reforço de mais 30, portanto são 56 policiais militares para atuarem no policiamento rodoviário”, disse ele

O coronel Meira explicou que o reforço atuará exclusivamente nos pontos das rodovias com maior incidência de assaltos. “Esses policiais militares que trabalham na diária extraordinária vão atuar principalmente nos pontos críticos. Quais são? Via Anchieta, dos kms 44 ao 52; na mesma Anchieta – na chegada à Santos, nos kms 58 a 63; na Imigrantes, na comunidade Esperança, nos kms 58 a 60, no trecho de semáforos, nós temos sete semáforos, nós vamos ter uma solução para esses semáforos só em 2016, quando o governo (estadual) vai concluir as obras dos viadutos. E também nós temos um outro problema que diz respeito à Padre Manoel da Nóbrega (rodovia), que é dos km 270 a 293”, mencionou.

Resposta da Ecovias

Procurada, a Ecovias respondeu em nota que “a atuação da Ecovias está limitada ao provimento de infraestrutura e operação rodoviária. As ações contra problemas de segurança pública, como assaltos, atos de vandalismo e outros tipos de violência, são de competência exclusiva do Poder Público. Nas rodovias, essa tarefa é realizada pela Polícia Militar Rodoviária, que conta com o apoio da Ecovias no fornecimento de insumos (viaturas, equipamentos, combustível) e tecnologias.

A concessionária informou também que se reúne com a polícia e participa de grupo de trabalho que estuda a segurança. Esse grupo definiu medidas de segurança adicionais. Alguns itens, como novas câmeras, já foram atendidos. Há outros, como implantação de barreiras físicas e iluminação em desenvolvimento”.

Polícia Rodoviária

A Reportagem enviou email solicitando mais informações sobre o reforço no policiamento nas rodovias, mas o setor de comunicação da Polícia Militar Rodoviária não respondeu até o fechamento desta edição. 

Leia abaixo na íntegra a Carta do Leitor atacado na via Anchieta: 

Ataque na Via Anchieta

"Fui atacada, acredito, pelo mesmo carro que atacou o ônibus ontem (terça-feira), um chevrolet - astra/prisma, prata, não consegui ler o modelo nem a placa) no dia 22/11/2014 por volta da meia-noite entre o km 55 e 44 da via Anchieta sentido São Paulo. O carro se encaixa com a descrição, tinham quatro homens, motorista armado e pelo menos mais um integrante armado no banco de trás. Eles me ultrapassaram e fecharam a pista cruzando o carro, um homem do banco de traz saiu atirando no pneu do carro, conseguimos escapar, ele nos seguiu, passou por nós atirando e nos fechou novamente. O motorista saiu atirando várias vezes novamente, conseguimos escapar, ele nos perseguiu por ainda alguns quilômetros, mas depois desistiu.

Por sorte, só pegou um tiro no meu carro, pela perícia feita. O policial comentou que o calibre deveria ser no mínimo 45. Foram momentos de desespero.  No momento da perseguição, tentei muito ligar para a polícia, um péssimo atendimento, pois só caiu na gravação e eu ficava na espera por minutos, até que na hora de atender a linha caía. Dois postos policiais no caminho estavam fechados. Tentei falar com a polícia durante todo o caminho sem sucesso. Prefiro manter meus dados anônimos, pois fiquei com muito medo desses bandidos."