Cotidiano

Dólar sobe mais de 3% em três dias e chega a R$ 2,25

Na quarta-feira, 29, foi um novo capítulo na novela do Fed, o banco central dos EUA, que voltou a indicar que os estímulos à economia podem acabar em breve

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 01/11/2013 às 21:54

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Após um período de calmaria que durou quase o mês de outubro inteiro, uma série de notícias ruins durante a semana que passou fizeram com que em apenas três dias o dólar subisse pouco mais de 3% e fechasse ontem cotado acima de R$ 2,25.

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Na quarta-feira, 29, foi um novo capítulo na novela do Fed, o banco central dos EUA, que voltou a indicar que os estímulos à economia podem acabar em breve. Na quinta-feira, foi a vez do resultado fiscal negativo do governo brasileiro. E, ontem, um crescimento da atividade industrial no piso das expectativas.

Diante de tantas notícias e da própria alta do dólar, o mercado de juros futuros também reagiu e os contratos mais longos subiram fortemente, chegando a 12% ao ano. Com isso, os fundos de investimentos e as aplicações em títulos de renda fixa podem iniciar uma nova rodada de rentabilidades negativas em função da chamada "marcação a mercado", que faz com que esses papéis percam quando sobem os juros no futuro.

Segundo profissionais da área de renda fixa, os comentários nas mesas de operação ontem eram de que o mercado já começou a colocar nos preços dos títulos a possibilidade de rebaixamento do rating brasileiro. Mas existe um limite para esse repasse, já que, mesmo que as agências de classificação de risco tomem a decisão de reduzir a nota brasileira em função de seus resultados fiscais, o País não perderia o "grau de investimento", como lembrou o chairman do Goldman Sachs no Brasil, Paulo Leme.

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Muitos fundos estrangeiros têm limitações, a partir das notas de classificação de risco, para aplicar seus recursos, e somente a perda do grau de investimento poderia gerar uma venda generalizada de títulos do Brasil.

O dólar subiu mais de 3% em três dias e chegou a R$ 2,25 (Foto: Divulgação)

Estímulos

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Mas não só as notícias locais fizeram com que o mercado reagisse com pessimismo. Na quarta-feira, o Fed fez um comunicado como que alertando o mundo de que as interpretações em relação à ata de sua última reunião, em que os investidores entenderam que a redução dos estímulos monetários americanos poderia demorar, não estão exatamente bem calibradas. Isso significa que os estímulos podem ser reduzidos mais cedo do que se pensava, o que representaria menos dólares no mercado global, dando força à moeda americana.

Além disso, o comunicado fez com que os juros americanos começassem a subir, refletindo imediatamente nos juros de títulos no Brasil. Ao término da negociação regular na BM&FBovespa de ontem, a taxa do contrato futuro de juro para abril de 2014 estava em 10,02%, de 10,00% no ajuste anterior. O juro para janeiro de 2015 indicava 10,67%, de 10,57% no ajuste anterior. Na ponta mais longa da curva, o DI para janeiro de 2017 apontava 11,67%, ante 11,47% na véspera. Já a taxa do DI para janeiro de 2021 marcava 12,02%, de 11,84% no ajuste anterior.

Na quinta-feira, os juros já começaram a subir por causa do resultado fiscal que registrou um déficit recorde em setembro, ameaçando o cumprimento da meta fiscal. Ontem, com a disparada do dólar, algumas ordens de "stop loss", em que os fundos são obrigados a vender para parar suas perdas, amplificaram as altas do juros.

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Em apenas três dias, o dólar abandonou o patamar de R$ 2,18 e superou os R$ 2,25. Ontem, a moeda americana oscilou em alta durante toda a sessão e terminou com ganho de 1,03% no balcão, fechando em sua maior cotação desde 27 de setembro.

Logo cedo, a moeda americana já registrava ganhos ante o real sob a influência do exterior, onde o dólar também avançava ante várias divisas, e da divulgação dos números da produção industrial brasileira em setembro. "Mudou o humor do mercado em função da economia", comentou o gerente de câmbio de um banco, que preferiu não se identificar. em referência ao governo e ao Banco Central.

"O real acompanhou hoje o movimento das piores moedas lá fora", acrescentou profissional de um outro banco. "Além disso, enfrentamos uma série de acontecimentos: o BC não rolou todos os contratos de swap de novembro, tivemos um déficit fiscal grande e a balança comercial também veio ruim", citou. Os contratos de swap são aqueles usados para irrigar o mercado de dólar e assim segurar a cotação.

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Ao não renovar o contrato, na prática é como se o BC estivesse comprando dólar e ajudando a fazer a moeda subir. Desta forma, nem mesmo o leilão de venda de dólares com compromisso de recompra, chamado de "leilão de linha", no valor de US$ 1 bilhão, que tem sido feito sistematicamente pelo BC desde que o dólar atingiu os R$ 2,45, foi suficiente para segurar a alta de ontem da moeda americana.

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