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A série de manifestações contra o aumento das passagens vem ganhando corpo e, ontem, o já conhecido jargão “o gigante acordou”, relacionado ao despertar do povo brasileiro diante das injustiças sociais e a corrupção, ficou nítido para quem circulou pela orla de Santos.
Com cartazes, apitos, bandeiras do Brasil e outros adereços, cerca de dois mil manifestantes partiram do calçadão da Avenida Conselheiro Nébias rumo à travessia das balsas, via avenidas Bartolomeu de Gusmão e Saldanha da Gama.
A manifestação pacífica e apartidária, que começou por volta das 18h30, ocupou duas pistas, provocou congestionamentos e deu muito trabalho à Polícia Militar à Companhia de Engenharia de Tráfego de Santos (CET), que acompanharam tudo de perto e tiveram que desviar o trânsito para as vias internas da orla.
Formada, em sua maioria, por estudantes, a passeata foi ganhando corpo por onde passava e pediam adesão para quem aparecia nas janelas dos prédios. Em cada canal, os estudantes sentavam no chão e tentavam sensibilizar as pessoas das imediações. O mesmo ocorreu em frente à Escola Escolástica Rosa e demais unidades de ensino.
Por volta das 20 horas, os manifestantes fecharam todos os braços de atracação das balsas e contaram com o reforço de mais centenas de pessoas que vieram dentro de uma embarcação oriunda de Guarujá.
Depois, ainda reunidos em uma plenária, os manifestantes discutiram as principais reivindicações, envolvendo baixa do valor e melhorias no transporte público; a não obrigatoriedade do cartão; a volta dos cobradores; contra a dupla função do motorista; passe livre para estudantes.
Segundo um dos organizadores do movimento, Gustavo Alejandro, hoje uma comissão tentará uma reunião com o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), para solicitar a redução das tarifas na Cidade.
Primeiro ato
A primeira manifestação ocorreu na última quinta-feira, que contou com cerca de 300 pessoas. Número suficiente para ofuscar o espetáculo Ópera-Samba José Bonifácio de Andrada e Silva – Herói da Pátria e Patriarca da Independência, realizada na Praça Mauá, no Centro de Santos.
A encenação teatral fez parte do ato cívico em comemoração aos 250 anos de nascimento do patriarca, que contou com a presença do governador Geraldo Alckmin, que transformou Santos em capital do Estado, com uma extensa agenda naquele dia.
Segundo ato
O mesmo número de pessoas participou do segundo ato, na Praça da Independência, no dia seguinte (sexta-feira) às 17h50. O movimento seguiu pela Avenida Presidente Wilson (praia) na divisa entre Santos e São Vicente. O trânsito ficou paralisado para quem ia à cidade vizinha.
O congestionamento se estendeu até o Emissário Submarino, no José Menino. No fim da tarde, o trânsito no Gonzaga chegou a ser completamente paralisado durante a saída dos manifestantes. A manifestação pacífica terminou por volta de 20h30. A Polícia Militar acompanhou toda a movimentação à distância.
Terceiro ato
No último sábado, os manifestantes deixaram o Emissário Submarino às 19 horas e seguiram pela Avenida Presidente Wilson (praia) sentido São Vicente, até o Centro da cidade. O trânsito ficou parado naquele sentido. A PM e a CET acompanham toda a movimentação à distância, com cinco viaturas cada. A CET isolou a faixa da Avenida Presidente Wilson ocupada pelos protestantes.
Guarujá/Cubatão
Em Guarujá, ontem também foi dia de manifestação. Cerca de 700 pessoas se concentraram, às 17 horas, na Praça das Bandeiras. Meia hora depois, seguiram pela Avenida Marechal Deodoro da Fonseca, entraram na Avenida Puglisi e se concentraram no Paço Municipal. Depois, os manifestantes seguiram para a balsa via Avenida Adhemar de Barros.
Hoje, segundo informações, será a vez de Cubatão sediar o movimento, que terá concentração na Praça dos Emancipadores, em frente à Prefeitura e à Câmara para, depois, ocupar a Avenida Nove de Abril, principal da Cidade.
Conforme o conselheiro Municipal de Saúde de Cubatão e membro do Centro dos Direitos Humanos da Baixada Santista Irmã Maria Dolores, Manoel Serpa, o movimento espera todos aqueles que não estão só insatisfeitos com o aumento da tarifa do transporte público, mas também os que sentem a falta de uma saúde pública digna, de uma segurança pública presente, uma educação de qualidade e emprego para os filhos.
Ontem, o Jornal Folha de São Paulo publicou reportagem dando conta que ao comparar o preço das passagens com o salário mínimo, São Paulo e Rio têm as passagens mais caras. O paulistano tem que trabalhar 14 minutos para pagar uma passagem. Para o morador do Rio, são 13 minutos.
Vale lembrar que a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) autorizou o aumento da tarifa dos ônibus intermunicipais da Região Metropolitana da Baixada Santista em 7,5%.
A inflação oficial em 2012 foi 5,84% e o Governo Federal concedeu às empresas de transportes coletivos urbanos uma redução de 3,6% na carga tributária.
Neste sentido, o aumento praticado chega a 11,1%, se somado o reajuste praticado (7,5%) com o benefício que as empresas ganharam do Governo Federal (3,6%).
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