Cotidiano

Diretor da CIA admite uso de tortura em interrogatórios de membros da Al Qaeda

Documento denuncia a detenção de cerca de cem suspeitos de terem ligações com a Al Qaeda, no âmbito de um programa secreto autorizado pela administração do então presidente George W. Bush

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 11/12/2014 às 20:03

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

Continua depois da publicidade

A Agência Central de Inteligência (CIA, sigla em inglês) dos Estados Unidos admitiu hoje (11) que não estava preparada para prender e interrogar os suspeitos pelo atentado contra o World Trade Center, em Nova York, no dia 11 de setembro de 2001. As declarações do diretor da agência, John Brennan, foram dadas em uma entrevista à imprensa, dois dias após a divulgação de um relatório nos Estados Unidos que denuncia a CIA de ter usado “técnicas de tortura” durante interrogatórios de membros do grupo extremista Al Qaeda, que assumiu a responsabilidade do atentado.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

“A CIA navegou em terreno desconhecido, não estávamos preparados. Tínhamos pouca experiência na detenção de prisioneiros e poucos agentes estavam formados para conduzir interrogatórios”, disse John Brennan. Ele também admitiu que as técnicas usadas  para interrogar os suspeitos foram ineficazes, “brutais e repugnantes”. A entrevista de Brennan repercute a divulgação de um relatório pela Comissão sobre Serviços de Informação do Senado dos Estados Unidos, divulgado nessa terça-feira (19).

Continua depois da publicidade

Leia Também

• Policia de Londres prende 76 pessoas em protesto contra mortes de negros nos EUA

• Explosão em centro cultural francês mata um cidadão alemão no Afeganistão

• Atentado suicida contra InstitutoFrancês deixa mortos em Cabul

O documento denuncia a detenção de cerca de cem suspeitos de terem ligações com a Al Qaeda, no âmbito de um programa secreto autorizado pela administração do então presidente George W. Bush.

“Em nenhum momento, as técnicas de interrogatório reforçadas da CIA permitiram recolher informações relativas a ameaças iminentes, tais como informações relativas a hipotéticos ataques bombistas, que muitos consideraram que justificavam tais técnicas”, disse a presidente da comissão, a senadora democrata Dianne Feinstein, durante a apresentação de um resumo do relatório.

Continua depois da publicidade

O documento também acusou a CIA de ter mentido, não só ao público em geral, mas também ao Congresso e à Casa Branca, sobre a eficácia do programa, nomeadamente ao afirmar que as técnicas usadas podiam permitir “salvar vidas”. No entanto, o relatório sublinhou que as técnicas “eram brutais e bem piores do que a CIA havia descrito aos representantes” do Congresso.

Em 20 conclusões que criticam  a agência, o resumo do relatório da Comissão sobre Serviços de Informação do Senado (atualmente controlado pelos democratas) acusou ainda a CIA de ter submetido 39 detidos a métodos considerados como brutais durante vários anos, alguns dos quais não autorizados pelo governo norte-americano. “A CIA usou essas técnicas de interrogatório várias vezes durante dias e durante semanas”, diz o relatório.

Continua depois da publicidade

Mais lidas

Conteúdos Recomendados

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software