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A presidente Dilma Rousseff anunciou neste domingo (27) que as metas do Brasil para redução de emissões de gases estufa são de 37% até 2025 e de 43% até 2030, tendo como base o ano de 2005. Os números são considerados ousados e contentaram os ambientalistas.
As metas de redução apresentadas pela presidente são mais ambiciosas que as da maioria dos emergentes, mas ficam abaixo da parcela global de emissões atuais do Brasil, sendo consideradas tímidas em relação ao que o país já fez e tem colocado em curso.
Isso é coerente, porém, com a posição política brasileira de que os cortes dos países em desenvolvimento devem ser menores dos que os feitos pelas economias industrializadas.
"O Brasil é um dos poucos países em desenvolvimento a assumir uma meta absoluta de redução de emissões. Temos uma das maiores populações e PIB [Produto Interno Bruto] do mundo e nossas metas são tão ou mais ambiciosas que aquelas dos países desenvolvidos", afirmou Dilma. O anúncio foi feito em discurso na Conferência da ONU para a Agenda de Desenvolvimento Pós-2015, em Nova York.
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Cerca de 60 países já haviam divulgado suas metas para reduzir a produção de gases do efeito estufa, entre eles China, Estados Unidos, União Europeia, Japão e Rússia, responsáveis por 66% das emissões mundiais.
O discurso foi preparado com grande esmero e sigilo pela presidente, que buscava um anúncio ousado a fim de criar uma agenda positiva em meio à crise política e econômica que enfrenta. Com esse espírito, destacou as políticas sociais do governo, que segundo ela contribuíram para que mais de 36 milhões de brasileiros saíssem da pobreza extrema. "O Brasil saiu, no ano passado, do mapa mundial da fome", afirmou a presidente.
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Após o discurso, em entrevista coletiva, Dilma admitiu que o país vai cortar menos emissões de gases estufa do que tem cortado até agora. Ela afirmou, porem, que esse movimento é necessário para manter o crescimento econômico.
Carlos Rittl, secretário-executivo da rede de ONGs Observatório do Clima, disse que a meta é "insuficiente" como contribuição do Brasil para evitar que se ultrapasse o limite de 2ºC de aquecimento neste século. Mas reconheceu que é uma das mais ambiciosas apresentadas até agora.
"A presidente Dilma demonstra que o Brasil, com seu anúncio, quer deixar o grupo de países que fazem parte do problema para integrar o grupo dos que buscam a solução", elogiou Rittl.
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Em seu discurso na ONU, a presidente prometeu 23% de participação de fontes renováveis na matriz energética do país.
Em junho, ao lado do presidente dos EUA, Barack Obama, ela havia anunciado 20%, uma meta considerada tímida por ambientalistas. Contando com hidrelétricas, o objetivo é alcançar até 2030 participação de 45% fontes renováveis.
A presidente notou que, no mundo, a média é de apenas 13% e, na OCDE (organização com países desenvolvidos), de apenas 7%.
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Dilma voltou a prometer a restauração e o reflorestamento de 12 milhões de hectares até 2030 e o fim do desmatamento ilegal, o que também havia feito em 2009. Também prometeu a recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas e a integração de 5 milhões de hectares de lavoura-pecuária-florestas.
A organização ambiental WRI (World Resources Institute) estima que as emissões do Brasil diminuíram 36% entre 2005 e 2011, principalmente devido a esforços para a redução do desmatamento.