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O dia do jornaleiro Orlando Gonçalves de Freitas, de 75 anos, começa às 2h50, no bairro Solemar, em Praia Grande, onde reside. Ele sai de casa antes do sol raiar para abrir a sua banca de jornal às 5 horas, no Paquetá, em Santos. Uma banca simples e pequena, diferente da maioria em Santos.
Mas, após 55 anos de atividade, ele vê um futuro cada vez mais incerto para o ramo. O advento da internet foi um golpe certeiro nas vendas de jornais e revistas. “O que me mantém são os clientes fixos que compram jornais e os colecionadores dos bonecos da Marvel e dos carrinhos de ferro da Ferrari”, afirma Orlando.
Surpreso ao saber que hoje é comemorado o Dia do Jornaleiro, o seo Orlando sorri, mas com um aparente desânimo. O jornaleiro conta que, atualmente, tem um faturamento líquido de R$ 800 por mês. “Para quem tirava R$ 1.500 por mês, tirar R$ 800 hoje, é complicado”, comenta o seo Orlando. “Vendo mais balas do que jornais e revistas. Os jornaleiros estão sobrevivendo disso, de vender doces e refrigerantes. Eu não posso vender esses produtos porque não tenho energia elétrica aqui”, diz o seo Orlando.
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“Dá desgosto trabalhar com banca de jornal hoje”, afirma o seo Orlando, relembrando os tempos de prosperidade do seu negócio na década de 1960. “Eu chegava de madrugada e rodava todas as boates aqui dessa região vendendo jornais e revistas. Vendia tudo e ainda assistia aos shows”, diz saudoso o seo Orlando que começou o negócio aos 20 anos de idade.
O jornaleiro também percorria o porto até a Bacia do Macuco todos os dias. “Eu chegava a vender 600 exemplares de jornal por dia”, lembra.
O seo Orlando abriu sua banca em 1959 na Praça Cândido Gafree, no Paquetá, em frente ao Escritório do Tráfego, na zona portuária de Santos, e mudou o estabelecimento para a esquina da Rua General Câmara, nº 509, com a Rua João Otávio, há aproximadamente dez anos.
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Em sua banca há uma placa de “Vende-se”, mas o jornaleiro veterano não põe fé que consiga vendê-la. “Se alguém quiser comprar, eu vendo”. O futuro a Deus pertence.
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