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Neste mês, o Senado aprovou a chamada Lei da Palmada (PLC 58/2014), projeto que inclui dispositivos no Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (Lei 8.069/90), para garantir o direito da criança e do adolescente de serem cuidados e educados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante. No entanto, a legislação por si só não altera o comportamento dos cuidadores.
Educar não é uma tarefa fácil. Muitas vezes o modo de se expressar das crianças pode ser confundido com o mau comportamento ou manha. Portanto, entender o processo de desenvolvimento das crianças é extremante importante para promover uma mudança na cultura de castigo como forma de educar. Os norte-americanos sabem bem disso e intitulam o período entre 1,5 a 3 anos de idade como terrible twos, período em que os bebês passam por grandes mudanças. Passam a engatinhar e andar, iniciam o processo de fala e construção de frases, e tentam impor suas vontades e desejos.
Nessa idade também são comuns os momentos em que as crianças ficam agitadas, gritam, se jogam no chão, choram, lançam objetos longe ou agridem quem estiver por perto. Lidar com isso requer mais paciência e calma do adulto. Para tanto, a ONG Promundo criou o manual Pelo Fim dos Castigos Físicos e Humilhantes – Manual para sensibilizar pais, mães e cuidadores de crianças, em parceria com as entidades: Promundo, Save the Children (Suécia) e a Fundação Bernard van Leer. O material traz atividades que podem ser aplicadas aos cuidadores e profissionais da infância para que haja mais conhecimento sobre os estágios de vida das crianças, o comportamento e as necessidades em cada fase.
Confira 10 ações indicadas para o cuidado de crianças na Primeira Infância, da concepção aos a 6 anos de idade:
1. Diálogo entre os cuidadores: conversar com a família e educadores sobre o modo de educar é importante para alinhar os pontos sobre o que deve ser feito em cada situação. E se os adultos discordarem sobre algum ponto, o ideal é que a discussão aconteça na ausência da criança, para que um não tire a autoridade do outro.
2. Cuidado com as palavras: muitas vezes as palavras machucam mais que a agressão física. Então, o cuidado com o que é dito é primordial. Lembre-se: educação precisa partir primeiro do educador, por isso palavras como “obrigada”, “com licença”, “desculpe”, “por favor”, entre outras devem fazer parte do vocabulário do adulto e da criança.
3. Respirar fundo: esse exercício é ótimo tanto para os cuidadores quanto para acalmar as crianças. Quando os pequenos estiverem agitados, coloque-os em posição confortável, mantenha o contato físico e visual, ajude-os a respirar devagar e fundo até acalmarem.
4. Conversar com a criança: pode parecer banal, mas tem grandes efeitos, pois além de aprender novas palavras, eles vão, aos poucos, entendo como as coisas funcionam.
5. Explicar causa e consequência: os pequenos estão descobrindo o mundo agora e por vezes não sabem as consequências das ações. Para estes momentos, chame a criança para explicar o que pode acontecer, mostre também que ela é importante para você e por isso está alertando sobre o perigo que aquela atitude pode representar.
6. Dar exemplo: o modo de agir das pessoas ao redor das crianças é uma das principais fontes de aprendizado. Por isso, é necessário ficar atento com o comportamento dos adultos.
7. Pergunte: se a criança agir de maneira não desejada, questione – com voz calma e baixa - por qual motivo a criança reagiu dessa forma. Não a pressione se ela não responder de maneira clara, pois expressar os sentimentos com palavras pode ser difícil.
8. Mostre o comportamento esperado: sempre diga, de forma clara, como a criança deveria reagir e responder. Por exemplo, se ela não gostou do sabor da comida e cuspiu, explique que neste caso, ela deve usar o guardanapo e dizer que não gosta do item em questão. Reapresentar o mesmo alimento, mas preparado de maneira diferente pode ser uma solução para manter a alimentação saudável.
9. Reforço positivo: brigar e criticar as más atitudes das crianças nem sempre funcionam e quase sempre as deixam mais tristes. Por outro lado, o reforço positivo se mostra mais eficaz. Então, valorize as boas ações com elogios.
10. Interaja: responder ao olhar e aos questionamentos dos pequenos é tão importante quanto dar carinho, beijos e abraços. A troca de sorrisos, risadas e os incentivos são extremamente valiosos para eles.