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Todos os dias são capturados aproximadamente dez animais – entre silvestres e domésticos – nos 6,3 mil quilômetros de rodovias sob concessão do Estado de São Paulo. Executado pelas concessionárias que administram as rodovias, esse tipo de serviço e a manutenção de equipes especializadas na sua execução são previstos nos contratos de concessão, fiscalizados pela ARTESP – Agência de Transporte do Estado de São Paulo. Os principais objetivos são reduzir os riscos de acidentes e preservar as espécies da fauna nativa. No ano passado, esses profissionais capturaram na malha rodoviária sob concessão 3,8 mil animais. No primeiro semestre deste ano foram apreendidos 1,7 mil. Além da retirada da pista, a concessionária é responsável por dar destinação ao bicho.
De acordo com as concessionárias, a maioria dos casos de invasão da pista tem a participação de cavalos e bovinos. A Cart, responsável pela administração de trechos das rodovias Raposo Tavares (SP-270), da João Baptista Cabral Rennó (SP-225) e da Orlando Quagliato (SP-327), por exemplo, informa que na sua concessão 61% das ocorrências são com esses dois tipos de animais. Cães e bichos selvagens aparecem em seguida. Entre os silvestres, algumas das raças citadas pelas concessionárias são capivara, macaco, bicho-preguiça, onça parda e algumas corujas.
Além do trabalho de captura, as administradoras das rodovias desenvolvem também diferentes tipos de ações para evitar que os animais cheguem às pistas. No caso dos animais domésticos de grande porte, a conscientização dos proprietários rurais de áreas vizinhas às rodovias é a principal ferramenta, feita através da distribuição de material impresso e notificações, que destacam a importância de manter as cercas em bom estado de conservação e as porteiras sempre fechadas. É ressaltado, inclusive, que a responsabilidade pela guarda do animal é do proprietário, que está sujeito a sanções legais em caso de acidente. As concessionárias também realizam constantes reparos nas cercas que definem a faixa de domínio das rodovias que administram.
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Animais Silvestres. Para os silvestres são construídas passagens subterrâneas nos trechos mais críticos, que permitem aos animais transitarem de um lado para outro da rodovia sem risco para eles ou para os usuários. A SPMar, responsável pelo Trecho Sul do Rodoanel, por exemplo, destaca que em sua área de concessão há 16 dessas passagens, sendo que dez delas são transpostas por cursos d’água que ajudam na movimentação dos animais com hábitos aquáticos e terrestres. As concessionárias também instalam placas de sinalização nos trechos onde é mais comum a presença de animais silvestres, com a finalidade de alertar os motoristas.
O acionamento das equipes especializadas na apreensão dos animais é realizado pelo Centro de Controle Operacional (CCO), que toma conhecimento das ocorrências através do monitoramento pelas câmeras espalhadas pelas rodovias, ligações feitas pelo usuário através do 0800 e comunicação dos agentes de inspeção de tráfego, que fazem rondas ao longo das estradas em viaturas durante 24 horas. A concessionária Rota das Bandeiras explica que os profissionais responsáveis pela captura recebem orientações teóricas e treinamento na prática de laçar bois e cavalos, além de aprender a identificar “sinais dados pelos animais”. Para o transporte, as equipes utilizam caminhões e reboques adaptados especificamente para essa finalidade.
Doação ou leilão. Após a apreensão, os animais são encaminhados pelas concessionárias a locais onde recebem alimentação e acompanhamento veterinário. Permanecem nessas áreas até a localização do dono ou por dez dias. Após esse período são doados a instituições filantrópicas ou leiloados. Há, ainda, concessionárias que mantém parcerias com Centros de Controle de Zoonoses (CCZS) de prefeituras por onde passam as rodovias, que auxiliam na guarda e destinação dos bichos. Para retirar os animais, os proprietários têm de pagar o custo do transporte e da estadia no pátio da concessionária.
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Já para a destinação dos animais silvestres apreendidos, há concessionárias que mantém parcerias com ONGs e outras acionam a Polícia Militar Ambiental. A Autoban – responsável pelo Sistema Anhanguera-Bandeirantes – informa que mantém desde 2009 um projeto junto a ONG Mata Ciliar que recebe esses bichos e dá os cuidados necessários para posterior reintegração ao seu habitat natural. A Ecopistas, que administra o corredor Ayrton Senna-Carvalho Pinto, encaminha os animais selvagens para o Centro de Recuperação de Animais Silvestres (Cras) do Parque Ecológico do Tietê.