Cotidiano

Descartada bactéria no PS Central de Santos

No entanto, secretário Marcos Calvo revela que remédio não teria sido administrado no tratamento de um dos pacientes que faleceram

Publicado em 23/09/2015 às 10:01

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O resultado parcial da sindicância que apura as duas mortes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Pronto Socorro Central de Santos, apresentado ontem de manhã pelo secretário de Saúde de Santos, Marcos Calvo, garante que os pacientes não faleceram por conta da infecção causada pela bactéria produtora de Carbapenase (KPCs) — enzima que impede que os remédios façam efeito.

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No entanto, Calvo revelou que um dos pacientes não recebeu medicação prescrita pelos médicos, durante o tratamento no equipamento, conforme detectou o vereador Evaldo Stanislau (PT), autor das denúncias que levaram à suspensão temporária das internações e uma reavaliação clínica de todos os pacientes da unidade na ocasião.

“Foi constatado que o remédio não foi administrado. Porém, segundo os dois médicos responsáveis pela sindicância até então, a falta do medicamento não contribuiu para o agravamento do estado do paciente e nem sua morte”, disse o secretário, alertando que a sindicância continua por mais 30 dias (até 23 de outubro) e essa questão, como outras, será avaliada e responsabilidades serão cobradas.

Conforme Calvo, os médicos responsáveis pela avaliação parcial analisaram os prontuários e todos os procedimentos adotados nos dois pacientes — um de 43 e outro de 52 anos. O primeiro ficou internado por oito meses e o segundo 52 dias na UTI do PS Central, que voltou às atividades normais no último dia 4 e já possui sete pessoas internadas. 

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Marcos Calvo - Secretário disse que remédio não foi administrado (Foto: Matheus Tagé/DL)       

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O caso do PS Central foi publicado em primeira mão pelo Diário do Litoral no dia 14 de agosto último, sob o título ‘Vereador denuncia bactéria letal na UTI’. Stanislau descobriu a situação pessoalmente após ser alertado por equipes que trabalham no equipamento. Ele constatou que além de remédios prescritos não serem comprados, faltava regras de operações para lidar com infecções e de mecanismos de proteção para evitar as cruzadas; manual de rotinas para precauções e controle de infecções e a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) operacional — que é obrigatório por intermédio da Portaria Ministerial 2.616/98.

Ainda descobriu falta de insumos básicos; de equipamentos (estetoscópios, termômetros e outros); documentos de rotina e procedimentos padronizados para higienização de circuitos respiratórios e equipes incompletas de enfermagem. Conforme Calvo, tudo está sendo avaliado pela sindicância, cujo resultado deverá ser apresentado em outubro.   

Desdobramentos

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O caso do PS Central gerou abertura de inquérito policial pela delegada Daniela Perez Lázaro, do 2º Distrito Policial de Santos sobre a possibilidade de ter ocorrido crime de homicídio causado por negligência; inquérito civil pela Promotoria de Justiça de Saúde Pública de Santos e uma audiência pública na Câmara.

Procurado ontem, o vereador Stanislau ratificou a existência da bactéria, atestada por outros colegas médicos, durante sua inspeção. “Tive acesso às certidões de óbitos. Além disso, foi prescrita polimexina, indicada para combater bactérias multirresistentes, como a KPC”.

Ele disse que é preocupante a constatação do secretário que medicamentos prescritos por médicos não foram administrados e “isso será evidenciado nas oitivas realizadas pelo MP, pela polícia e outros órgãos”, finaliza o vereador, alertando que apresentou requerimentos na Câmara exigindo respostas técnicas e bastante detalhadas sobre a situação.

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