Cotidiano
Sete carros que estavam no estacionamento foram soterrados e uma coluna de sustentação foi atingida na altura do 1º andar. Um dos apartamentos foi invadido por terra e escombros
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Moradores de 29 apartamentos tiveram que sair às pressas de um prédio, na região do Ipiranga, em São Paulo, na madrugada de hoje (24), por volta das 3 horas, por causa do desabamento do muro de arrimo em cima da edificação. Sete carros que estavam no estacionamento foram soterrados e uma coluna de sustentação foi atingida na altura do 1º andar. Um dos apartamentos foi invadido por terra e escombros. O bloco fica em um condomínio com outros dois edifícios.
No total, nove apartamentos estão interditados. Agentes da Defesa Civil do município estão no local e informaram que os outros 20 apartamentos do condomínio estão sendo monitorados e devem ser liberados ao longo do dia. Além dos imóveis no edifício, nove casas ao redor também estão interditadas.
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No fim da manhã, moradores se aglomeraram em frente ao prédio e a Defesa Civil autorizou a entrada de um a um para retirar pertences. José Francisco Marques dos Santos é um dos residentes do bloco atingido. Ele mora com a esposa e dois filhos, de 8 e 12 anos. “Eu estava na janela, por volta das 2h40 e ouvi uns estalos muito fortes. Meu filho estava com dor de barriga e eu levantei para dar remédio. Eu falei para minha esposa 'que barulhos são esses' e a gente não identificava. Eu saí na janela para olhar o que era, quando o muro caiu e atingiu o apartamento de baixo”, conta ele. “No apartamento de baixo, se eles estivessem na cama, teriam morrido”, completa.
Santos bateu, então, de porta em porta, chamando outros moradores para deixarem o prédio. “Comecei a gritar para o povo descer: 'Desce que o prédio vai cair'”. Depois dos primeiros estalos, o muro caiu e bateu em uma das colunas. Segundo moradores, foi possível sentir um tremor. "A sensação é de que o prédio estava caindo ou de que ia explodir”.
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Na hora do desabamehnto, os moradores do apartamento mais prejudicado estavam em casa. "Eles estavam no apartamento, eu bati na porta, eles estavam muito nervosos, não achavam a porta para sair, aí empurrei todo mundo para fora”, conta o vizinho Santos, que ficou de pijamas em frente ao condomínio edifício até às 11h, quando houve a liberação para que os moradores buscassem objetos pessoais.
Kelly Oliveira também mora no bloco mais atingido. Ela, os dois filhos e a mãe saíram com a roupa do corpo quando ouviram o barulho e viram, pela janela, que o muro tinha desabado em cima dos carros, o que provocou um forte cheiro de gasolina. “A gente foi se vestindo pelas escadas, até tentamos pegar mais coisas, mas como o cheiro [de gasolina] estava muito forte, a gente se preocupou mais em sair do prédio”, contou. Emocionada ela disse que “o Natal acabou, não tem Natal, não tem nada. Você trabalha 15 anos para pagar uma casa e vê isso acontecer. É difícil”.
À Agência Brasil, Kelly contou que as casas teriam sido construídas de forma irregular: “Teve casa que foi construída aqui encostada no muro de arrimo. Eu liguei na subprefeitura para denunciar e nunca veio um fiscal, nunca veio ninguém olhar. É revoltante”, desabafou.
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Nara Prada Martins também estava na porta aguardando em fila para pegar objetos em casa. Apesar de o bloco dela (Bloco 2) não ter sido afetado, todo o condomínio foi evacuado. A informação que recebeu do síndico de seu prédio é que o Bloco 3 foi o mais afetado e deve continuar interditado. Já os blocos 1 e 2 devem ser liberados antes.
Ela disse que mesmo que o apartamento seja liberado, ficará apreensiva em voltar e que cada barulho que escutar vai deixá-la em alerta e assustada. Por outro lado, teme que não terá pra onde ir, caso o imóvel continue interditado: “E eu vou para onde?”.
Até a conclusão dessa reportagem, a Coordenação das Subprefeituras da Prefeitura de São Paulo, não se posicionou sobre a denúncia de construção irregular feita pela moradora.
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