Continua depois da publicidade
Embora tenham diminuído, os casos de dengue continuam acontecendo no Estado de São Paulo, mesmo com a chegada do período frio. Dados do Ministério da Saúde mostram que, na semana de 6 a 13 de junho, foram registrados 22,8 mil novos casos no Estado, além de terem sido confirmadas mais 23 mortes. O número de pessoas que ficaram doentes neste ano no Estado subiu para 536,3 mil e o total de óbitos confirmados chegou a 283. No Brasil, segundo o Ministério, foram contabilizados desde janeiro 1,12 milhão de doentes e 434 mortes.
Para o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Edson Duarte Moreira Junior, os números da dengue indicam que seu principal vetor, o mosquito Aedes aegypti, está ganhando a guerra. "Estamos numa situação extremamente grave, pois oferecemos ao transmissor todas as condições para que se prolifere e as tentativas de controle não têm sido eficazes. O vetor é inteligente, adaptado ao nosso meio e está sendo favorecido pelas mudanças climáticas." Ele lembra que, em anos anteriores, a chegada do frio era uma barreira para a dengue, o que não ocorre este ano, como indicam os números do Ministério.
A região Sudeste, com clima mais ameno, tem 64,5% dos casos no País, enquanto a região Nordeste, de clima mais quente, aparece em segundo lugar com 16,5%. Cidades paulistas lideram o ranking nacional da dengue nas quatro categorias populacionais, segundo o último boletim epidemiológico do Ministério: Onda Verde entre os municípios com até 100 mil habitantes; Catanduva na faixa de 100 mil a 499 mil; Sorocaba entre as cidades com mais de 500 mil e menos de um milhão, e Campinas, acima de um milhão.
Dados da Organização Mundial de Saúde apontam que a dengue é um problema de saúde pública em mais de 125 países, expondo à doença metade da população mundial - 3,9 milhões de pessoas. Nas Américas, o crescimento mais expressivo de pessoas infectadas e de óbitos ocorreu no Brasil. Os outros países do Cone Sul não tiveram mortes por dengue em 2015.
Continua depois da publicidade
Mudanças climáticas e urbanização
Números do Ministério da Saúde mostram que, entre 2002 e 2014, o país teve 7,4 milhões de casos da doença. A incidência ocorreu em todas as faixas etárias, mas constatou-se aumento entre as crianças, adolescentes e jovens adultos entre 19 e 25 anos. A partir de 2002, ocorreu um aumento importante de incidência de casos graves, segundo o pesquisador da Fiocruz. "Durante os anos vem se percebendo uma duração maior dos surtos ou epidemias. As razões, além das mudanças climáticas e da urbanização rápida, podem estar na evolução do vírus."
Continua depois da publicidade
De acordo com Moreira Júnior, se antes uma fêmea gerava 200 filhotes por ciclo, hoje ela gera cinco vezes mais, graças à abundância de alimento - o sangue humano. As aglomerações urbanas e o lixo moderno, com abundância de plástico, favorecem a proliferação. A doença causa impacto social e econômico significativo, segundo ele. "A América Latina gasta 2,1 bilhões de dólares por ano apenas para tratar a doença, sem considerar o custo do controle do vetor, que é ainda mais caro. Mesmo assim, não está havendo uma reversão nos casos."
Na falta de controle mais eficaz, ele acredita que a vacina pode ser uma arma importante. Atualmente, quatro laboratórios trabalham no desenvolvimento de vacinas contra a dengue. O produto mais adiantado é da francesa Sanofi, que passou pela fase de desenvolvimento clínico e industrial e deve ser lançado entre o final deste ano e o início de 2016.
Imunizante
Continua depois da publicidade
A vacina do Instituto Butantã, órgão do governo paulista, em parceria com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, finaliza a segunda fase de testes e aguarda autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para antecipar a fase três - a última do processo. Outras iniciativas, as vacinas da japonesa Takeda e da farmacêutica britânica GSK, com o Instituto de Tecnologia Imunobiológica (Bio Manguinhos) da Fiocruz, estão nesse mesmo estágio.
Continua depois da publicidade