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O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, irritou as autoridades israelenses após alegar que Israel teria "executado" um garoto palestino que aparece ferido em um vídeo. Nesta quinta-feira (15), o governo israelense acusou Abbas de mentir, e divulgou imagens que mostram o jovem se recuperando em um hospital.
Ahmed Manasra, 13, foi perseguido por civis e atropelado após ter participado do esfaqueamento de dois israelense em Jerusalém na segunda-feira (12), segundo a versão da polícia israelense. Seu primo Hasan, de 15 anos, também participou do ataque, tendo sido baleado e morto no local.
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Em um vídeo divulgado nas redes sociais por um jornalista palestino e assistido por quase 3 milhões de pessoas, um transeunte israelense grita ofensas enquanto Ahmed aparece ferido no chão. "Atire na cabeça dele, esse filho da p*", diz o israelense em hebraico a um soldado que estava no local.
Na noite de quarta-feira (14), Abbas fez um pronunciamento na TV dizendo que Israel participa da "execução sumária de nossas crianças a sangue frio" e que Ahmed seria um dos jovens mortos. Um quadro do vídeo é reproduzido na transmissão. Pouco depois, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, respondeu acusando Abbas de "mentir e incitar" a violência.
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Na terça-feira (13), o Hospital Universitário Hadassah, de Jerusalém, havia dito que Ahmed estava consciente e em condição estável. Nesta quinta (15), os meios de comunicação israelenses divulgaram amplamente fotos do garoto se recuperando dos ferimentos algemado a um leito.
Em comunicado, o Ministério da Justiça israelense comentou as fotos sarcasticamente: "O 'mártir palestino assassinado', alguns minutos atrás no hospital Hadassah".
O gabinete de Abbas disse que o pronunciamento se baseou em informações incorretas. "Pensamos inicialmente que ele [Ahmed] havia sido assassinado", disse Saeb Erekat, auxiliar do líder palestino. "Depois a informação que recebemos era de que ele estava clinicamente morto."
Apesar disso, não pareceu haver uma tentativa de reparar o erro de informação.
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"Poderia haver muitas formas de prender essas pessoas [agressores], mas eles [autoridades israelenses] escolhem atirar para matar, e isso é o que aconteceu em muitos casos", disse Erekat.
O episódio provocou fortes reações em Israel. O presidente Reuven Rivlin disse em um comunicado que "a verdade não é relativa".
"Não se pode transformar um assassino em vítima e culpar a vítima por querer se proteger."
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As trocas de acusação entre autoridades agravam o já tenso ambiente entre palestinos e israelenses. Desde o início do mês, ao menos oito israelenses morreram e dezenas ficaram feridas em ataques de palestinos com facas, pedras e armas de fogo. No mesmo período, ao menos 30 palestinos foram mortos por israelenses, incluindo 13 pessoas que morreram após realizar ataques. Centenas de palestinos ficaram feridos em confrontos com colonos e soldados israelenses.
O governo israelense respondeu à tensão com o fechamento de bairros árabes em Jerusalém Oriental, origem da maioria dos agressores palestinos responsáveis por ataques recentes. Além disso, as autoridades anunciaram a flexibilização das regras de porte de armas e o envio de soldados para cidades israelenses a fim de reforçar a segurança. A repressão de manifestações nos territórios palestinos ocupados também se intensificou.
A atual onda de violência entre palestinos e israelenses teve início em embates entre muçulmanos e soldados na Esplanada das Mesquitas, na Cidade Velha de Jerusalém. O local é sagrado para seguidores do islamismo e do judaísmo e o acesso a ele foi limitado diversas vezes nas últimas semanas pelas autoridades israelenses.
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