Cotidiano

Da favela do Sambaiatuba para a UFRJ

Estudante de São Vicente quebra barreiras e faz Direito em universidade federal

Publicado em 04/01/2015 às 11:17

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O sonho de Gabriela Barreto era ingressar em uma universidade pública. Criada pela tia, entre os becos e vielas da favela do Sambaiatuba, em São Vicente, a jovem negra de 19 anos não se deixou abater pelas dificuldades e foi à luta. Ela, que sempre estudou em escola pública, viu no incentivo dos professores e da família a motivação para alcançar seus objetivos e, agora, comemora o primeiro ano de sucesso no curso de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um dos mais concorridos do Brasil.

“Fui para o Rio de Janeiro apenas com a mala das roupas na mão. Muito despreparada financeiramente e com medo de não conseguir ficar”, afirma a estudante, que contou com o auxílio das assistentes sociais da UFRJ e de informações de veteranos para conseguir a bolsa auxílio existente nas universidades federais. “Como sou cotista de renda e de escola pública consegui a bolsa acesso por seis meses. O que me deu um fôlego”.

Para entrar na UFRJ, Gabriela utilizou as notas obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2013. A pontuação obtida na Redação – 925,00 – foi imprenscíndivel para a estudante garantir a vaga na universidade carioca. A estudante não realizou cursinhos pré-vestibulares, contando apenas com a bagagem que obteve nas escolas por onde passou e muita leitura. “Os professores da Etec (de São Vicente) nos incentivavam a ingressar em uma universidade pública. Eram muito bem preparados e engajados nesse sentido”, explica

Gabriela conta que as diferenças sociais na universidade são muito grandes. “Muitos são filhos de famílias de advogados e com bons recursos financeiros. De 60 alunos da minha sala, nem 10 são negros. Também saíram de escolas públicas como eu. No aspecto geográfico, o Rio de Janeiro é bem diferente de São Vicente a pobreza não se concentra em um lugar ela é um contraste”, destaca.

No primeiro ano de curso, além de passar sem nenhuma depedência, Gabriela emplacou um projeto de iniciação científica. “O campo de iniciação científica é enorme. Estou estudando a Aplicação da Antropologia e do Empirismo ao Estudo dos Algozes Sociais”, conta orgulhosa. A estudante vicentina pretende ser professora e, para isso, se dedicará à pesquisa. “Quero ser professora para poder repassar conhecimento e humanizar a minha profissão”.

Feliz, a jovem encoraja outras pessoas que têm o sonho de ingressar no ensino superior. “O ensino público está defasado é certo, mas hoje só não entra no ensino superior quem não quer. Há 10 anos, a minha família não contava com ninguém formado. Hoje tenho uma tia formada em Ciências Contábeis e outro que faz Administração. Eu, se não tivesse obtido nota suficiente para entrar na UFRJ, com certeza estaria optando por alternativas como o Fies e até mesmo bolsas as faculdades concedem”.

A estudante, antes de conseguir a vaga na universidade carioca, havia conquistado uma bolsa integral do Programa Universidade Para Todos (Prouni) para o curso de Direito da Universidade Católica de Santos (Unisantos), o qual chegou a cursar por um período.

 Estudante vicentina conseguiu vaga no curso (Foto: Divulgação)

Oportunidades

Para quem deseja uma vaga em universidades federais ou estaduais de todo o País, no início do ano o Ministério da Educação (MEC) abrirá inscrições para o Sistema de Seleção Unificado (Sisu). Nele, poderão se cadastrar pessoas que realizaram o Enem no ano passado.

Outra opção é o Prouni. O programa destina bolsas integrais e parciais para cursos em universidades privadas. O cadastro é semelhante ao do Sisu e leva em conta as notas obtidas no Enem. As inscrições ocorrem no início e no meio do ano.

O governo federal também oferece o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Ele é destinado ao financiamento na educação superior em universidades particulares. Podem recorrer ao financiamento, os estudantes matriculados em cursos superiores que tenham avaliação positiva nos processos conduzidos pelo MEC.

O governo de São Paulo oferece o programa Bolsa-Universidade. O estudante contemplado recebe bolsa integral de seu curso. Em contrapartida, ele deverá atuar como educador universitário em uma escola participane do Programa Escola da Família, que abre unidades escolares aos sábados e domingos para a comunidade. 

O crédito privado universitário Pravaler oferece a oportunidade do estudante poder fazer o curso que deseja com mensalidade dividida em duas parcelas. Em Santos, a Unimonte oferece juros zero durante todo o período financiado e a Unimes enquanto o estudante frequenta o curso. Mais informações sobre a iniciativa podem ser obtidas no site www.portalpravaler.com.br .

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