Cotidiano

Curso de Medicina passará de 6 para 8 anos em 2015

A ideia é ampliar a oferta de médicos e melhorar a formação. Definida por medida provisória, a ampliação deverá ser regulamentada em 180 dias

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 09/07/2013 às 00:39

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A partir de 2015, o curso de Medicina passará de 6 para 8 anos e os estudantes terão de trabalhar 2 anos no Sistema Único de Saúde (SUS), antes de conseguir o diploma. A ideia é ampliar a oferta de médicos e melhorar a formação. Definida por medida provisória, a ampliação deverá ser regulamentada em 180 dias. Na Saúde, os gastos devem chegar a R$ 45,7 bilhões até 2020.

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O programa, batizado de Mais Médicos, inclui ainda o recrutamento de profissionais estrangeiros para trabalhar em áreas prioritárias, a abertura de 11.447 novas vagas para graduação e outros 12.376 postos de especialização em áreas consideradas prioritárias até 2017.

A presidente Dilma Rousseff citou, na cerimônia de lançamento do plano, pesquisas de opinião que apontam a saúde como um dos problemas mais importantes do País, agradeceu os "que foram e os que não foram" às ruas reivindicar melhorias no setor e afirmou que não adianta erguer hospitais modernos se não houver bons médicos, enfermeiros e gestores ali trabalhando.

O novo formato do curso de Medicina é inspirado no modelo existente na Inglaterra, disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Concluído o curso de seis anos, o estudante passará para um segundo ciclo, de dois anos, onde terá de atuar em serviços públicos de saúde. A exigência será universal: tanto para instituições da rede pública quanto privada da ensino.

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Bolsa

No período em que trabalharem nos serviços públicos de saúde, os estudantes receberão uma bolsa, financiada pelo Ministério da Saúde. Os valores ainda não foram definidos. O governo calcula, no entanto, que ela ficará entre o que é concedido para as residências médicas (R$ 2,9 mil mensais) e o que é pago para profissionais inscritos no Provab (R$ 8 mil).

A partir de 2015, o curso de Medicina passará de 6 para 8 anos (Foto: Divulgação)

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No primeiro ano, estudantes vão atuar na rede de atenção básica. No segundo ano, o trabalho será feito nos serviços de urgência e emergência. Os alunos continuarão vinculados à instituição de ensino onde foi feita a graduação e, assim como ocorre com a residência, serão avaliados. A carga horária ainda não foi definida.

Pela proposta, o segundo ciclo poderá ser aproveitado para abater um ano de curso de residência em especialidades básicas, como Medicina de Família, Ginecologia, Obstetrícia, Pediatria e Cirurgia Geral. Há também a possibilidade de o período ser incluído na contagem para cursos de mestrado. A forma como isso será feito também está nas mãos do Conselho Nacional de Educação

O formato de oito anos poderá ser revisto em curto prazo. Há a possibilidade de o primeiro ciclo, atualmente de seis anos, ser reduzido para cinco. O assunto, no entanto, ainda terá de ser debatido pelo Conselho Nacional de Educação. A intenção é se aproximar do modelo inglês, onde a duração do primeiro ciclo varia entre 4 a 6 anos, treinamento supervisionado dura outros dois anos e a especialidade médica, de 3 a 8 anos.

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Para atuar no segundo ciclo, os alunos receberão um registro provisório. A instituição de ensino deverá estar ligada a uma rede de serviços públicos de saúde, onde seus alunos vão desempenhar as atividades. Caberá à instituição definir o local de trabalho do estudante.

A ideia é que o aluno seja supervisionado por professores. A forma como isso será feito também será definida pelo Conselho Nacional de Educação. Também não está acertado como será feito o reembolso das instituições de ensino pelo trabalho de supervisão O aluno receberá o diploma somente depois de completar os oito anos de formação. Só aí receberá a inscrição permanente. De acordo com o Ministério da Saúde, o modelo proposto prevê que o profissional com registro provisório, mesmo sem diploma, responderá caso cometa uma infração ética ou erro no atendimento do paciente.

A criação do segundo ciclo não vai dispensar o internato, realizado atualmente no quinto e sexto ano. Nessa etapa, o estudante não tem autonomia. Durante o treinamento da segunda etapa, o estudante aos poucos ganha mais autonomia. A expansão da duração do curso de Medicina, de acordo com o governo, não tem como objetivo principal a ampliação da oferta de médicos. A meta, de acordo com os Ministérios da Saúde e da Educação, é ampliar a formação do profissional e driblar um problema que o governo julga enfrentar atualmente, que é a especialização precoce. Na avaliação do governo, a partir do 4.º ano estudantes concentram suas atenção nas áreas com que têm mais afinidade, deixando de lado pontos considerados essenciais para o atendimento do paciente.

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Embora detalhes ainda não estejam definidos, o governo já decidiu que durante o ciclo de dois anos o estudante terá permissão para atuar apenas nos locais indicados pela instituição de ensino a que ele está ligado. Não será permitida a realização de plantões ou atuação em outros serviços.

Ingresso

Padilha disse estar convicto de que o aumento do curso para oito anos não vai desestimular o ingresso de estudantes para Medicina "Em nenhum país em que a medida foi adotada isso ocorreu", avaliou. O ministro afirmou que a atuação no serviço público pelo período de dois anos em nada se assemelha com o serviço civil obrigatório. "Não tem nenhum paralelo. Alguns países com esse modelo de formação de profissionais médicos apresentam também os serviços sociais. Trata-se de um treinamento remunerado." O ministro da Educação, Aluizio Mercadante, disse que, terminados os seis anos, o estudante já poderá ser considerado como médico. O registro para atuar, no entanto, será limitado.

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