Desigualdade social disparou no Brasil e maior país da América Latina vê quase todo o planeta crescer à sua frente / Agência Brasil
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Cerca de 400 mil pessoas moram em favelas na Baixada Santista. A informação é da Central Única das Favelas - CUFA. O número representa praticamente ¼ da população da região, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do ano passado, dando conta que a soma dos nove municípios representava 1.897.551 habitantes.
A questão da falta de habitação digna é uma ferida há décadas aberta sem solução. Seria preciso pelo menos 100 mil moradias dignas para acabar com o martírio de uma população que mal tem saneamento básico, fundamental para a saúde humana.
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O problema é ainda maior porque, além da precariedade das habitações em que vivem, os moradores da Baixada estão entre os mais de 33 milhões de brasileiros que não têm o que comer em 2022 - 14 milhões a mais do que em 2021. O dado faz parte do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil.
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"Desde 2020 nos mobilizamos para ajudar essas famílias com doações de cestas, produtos de higiene e limpeza. As ações continuam, só que as doações caíram cerca de 85% e a demanda aumentou em 20% se compararmos com o ano passado. A maioria é mulheres, tanto que o programa de doações chama Mães da Favela e já está na terceira edição", informa a Direção da CUFA.
Segundo a entidade, são faxineiras, manicures e outras profissionais que ficaram desempregadas e vivem de benefício. Esse ano, numa parceria com a Petrobrás, haverá um programa de doações de botijões de gás para pessoas em situação de vulnerabilidade social.
A entrega vai funcionar da seguinte forma: uma pessoa da família levará o botijão vazio e receberá um cheio em troca. Cinquenta dias depois da primeira distribuição, haverá uma nova e assim, sucessivamente. Só na região da Baixada Santista, ao todo, serão distribuídos quatro mil vales até 2023, beneficiando 1.100 famílias.
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"Um botijão de gás pode custar até R$ 150,00 - 10% de um salário mínimo. Para as famílias mais pobres, a despesa pesa muito no orçamento. São dezenas de ligações todos os dias pedindo alimento e, pelas redes sociais, chovem pedidos de cestas básicas. A inflação e alta nos preços dos alimentos têm nos forçado a manter o trabalho assistencialista", revela o presidente da CUFA, Deraldo Silva.
O presidente enfatiza que o Programa Mães da Favela se transformou numa grande mobilização para arrecadar alimentos, produtos de higiene e limpeza, com participação de grandes empresas e que, em dois anos, já atendeu 160 mil pessoas. Mas há muito o que fazer para minimizar o sofrimento de milhares de cidadãos e cidadãs da Baixada Santista. "Ainda não conseguimos mudar a chave emperrada por uma economia em crise", afirma Silva.
CUFA BS
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A CUFA Baixada Santista atua há 15 anos na região organizando ações que servem como ferramentas de integração e inclusão nas áreas da educação, lazer, esportes, cultura e cidadania. É uma organização brasileira reconhecida nacional e internacionalmente. Existe há 22 anos e foi criada a partir da união entre jovens de várias favelas, principalmente negros, que buscavam espaços para expressar suas atitudes, questionamentos ou simplesmente sua vontade de viver.
Tem o rapper MV Bill que já recebeu diversos prêmios devido à sua ativa participação no movimento hip hop e a Nega Gizza, referência feminina no mundo do rap, conhecida por seu empenho e dedicação às causas sociais. O telefone da CUFA é (13) 99643-8475.
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