Cotidiano
Em entrevista ao Diário do Litoral, prefeito César Nascimento (PSD) fala sobre a terceira pista, o pátio de caminhões e o retorno da classe média à Cidade
César Nascimento também destacou os projetos de habitação popular que até o final do ano devem dar mais dignidade a moradores de bairros populosos / Renan Lousada/DL
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O prefeito de Cubatão, César Nascimento (PSD), acredita que a marca mais significativa de seus 98 primeiros dias no cargo foi a aproximação da Administração Municipal “com o cidadão e o servidor”. Afinal, na avaliação do prefeito, “quando você está mais próximo da sociedade, erra menos”.
E essa interação deve se aprofundar com a entrada em funcionamento do aplicativo da saúde, que deverá estar em plena atividade até junho.
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Mas, segundo o prefeito, a Administração Municipal também intensificou a “aproximação” com as indústrias do Polo Petroquímico, que sofreram um “baque” nos “últimos 15 anos com o fechamento de 17” unidades em Cubatão, a maioria transformada em pátios de contêineres “que não geram emprego”. Ao final de quatro anos, César sonha com uma “Cubatão com a economia pujante novamente”.
E esse caminho passa, inclusive, pela verticalização de bairros como o Casqueiro, que desperta com a construção de milhares de apartamentos. O objetivo é atrair parte da classe média cubatense “que se mudou para Praia Grande” nos últimos anos. Em 78 minutos de entrevista, César também falou sobre terceira pista da Imigrantes e sobre estacionamento de caminhões na Cidade.
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O prefeito também destacou os projetos de habitação popular que até o final do ano devem dar mais dignidade a moradores de bairros populosos, como Água Fria e Mantiqueira. Os bairros de Pilões e Vila Noel também serão extintos e os moradores serão transferidos para conjuntos habitacionais, dentro de um amplo projeto habitacional intitulado Programa Vida Digna.
Serão ao todo aproximadamente 6.500 pessoas beneficiadas com moradia, como acontece na Vila Esperança, após um amplo projeto de urbanização, por meio de um convênio do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal, dentro do Programa Vida Digna.
César Nascimento - Então, nós fomos convidados para participar do Conselho da Autoridade Portuária. De imediato, mandamos o nome do Fabrício Lopes, que é o nosso secretário de Indústria, Porto, Emprego e Empreendedorismo. E nós mostramos que não somos contra o Porto, mas aquela área é inviável.
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Nós fizemos um investimento de quase R$ 40 milhões no Casqueiro para transformar o bairro e o pátio que eles querem vai atrapalhar. Pela geografia, pela paisagem, o Casqueiro me permite trazer de volta a classe média. Nós perdemos 17 mil habitantes para Praia Grande em dez anos. Ou seja, o cidadão daqui tem sucesso na vida, passa a ganhar melhor, mas vai comprar um imóvel em Praia Grande.
Então, estamos trabalhando num bairro com projetos, com incentivo para a construção civil. Estamos verticalizando o bairro. Então, estamos nessa linha de trabalho, de valorização do Casqueiro, aí, o Porto vem colocar um pátio para mil caminhões naquela área? Todas as entidades ambientais falam que o material particulado é o que mais contamina o ser humano, dá problema respiratório. Aí eu vou colocar mil caminhões ali com a queima de combustível fóssil que mais espalha material particulado no ar no meio dos bairros mais populosos que eu tenho que é Bolsões, Ilha Caraguatá e Casqueiro? E nós apresentamos para a Autoridade Portuária de Santos vários exemplos de outros terrenos.
Eu falei para eles: não precisa ter medo de vir conversar conosco porque somos pessoas amadurecidas, pessoas inteligentes também. Mas, nessa área que eles querem, impossível. Não tem esse tipo de atividade econômica ali, eu vou matar o Bolsão que só tem uma entrada. Só entra ali pelo acesso da Imigrantes ou pelo Casqueiro. Imagina colocar caminhão, bi-trem no Casqueiro?
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César - Já tem três empresas que estão com projeto em tramitação. Vamos ter duas torres ali, onde o Pita tinha um campo de futebol. Ali vão ter duas torres de 22 andares na tipologia de Praia Grande. Há prédios com piscina, academia, salão de festa, sauna. E através do incentivo que nós damos, conseguimos encaixar no Minha Casa Minha Vida nível 2. Ou seja, vão ser apartamentos de R$ 220 mil, R$ 250 mil e financiado pela Caixa Minha Casa Minha Vida, nível 2.
César - Sim, temos também já assinado, está em processo aqui também, a construção de uma unidade do Roldão Atacadista na Vila Nova, ali na Avenida Martins Fontes, do lado da Faculdade de Medicina. Naquele terreno que era para ser shopping foi vendido para o Roldão.
César - Muito boa. É o que eu falei. Os primeiros dias de governo nós buscamos voltar a dialogar com todos os segmentos da sociedade. Durante longo período, o poder público ficou distante, criou-se uma lacuna entre o poder público, o Ciesp e os demais empresários da Cidade. Então, hoje nós estamos recuperando esse diálogo, não só com a indústria, mas com todo segmento empresarial. Temos reunião mensal com o Ciesp, com a Associação Comercial de Cubatão.
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Estamos nos aproximando para dialogar, buscar saídas que sejam boas para todos. Então, temos muitas oportunidades que estão para vir. Lançamos um pacote de incentivo fiscal no período da pandemia em parceria com o Ciesp: a Prefeitura oferece terrenos públicos, dá desconto de IPTU por 15 anos, isenta de ISS por 15 anos os novos empreendimentos que venham para a Cidade para produzir de maneira sustentável. Mas, até hoje não conseguimos colher os frutos. Por quê isso aconteceu? Porque não houve uma divulgação.
Hoje o Ciesp está nesse trabalho de começar a dar divulgação. Quem abraçou também a ideia de dar divulgação foi o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico, Jorge Lima. Ele gostou do pacote de incentivo. A gente está tentando atrair novos investimentos. Em 15 anos, perdemos 17 indústrias. E as plantas estão ociosas. A maioria virou pátio de contêiner, que não gera nenhum tipo de riqueza para o município.
César - Hoje, há uma renovação na cadeia produtiva que já existe. Não temos grandes empreendimentos vindo para Cubatão, mas temos novos investimentos daquelas empresas que já estavam aqui. E o melhor exemplo é a Refinaria (Presidente Bernardes), que vai contratar quatro mil trabalhadores para a nova unidade de querosene verde. Isso, que começou agora, né, começou agora e são 5 anos para entregar.
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São R$ 5 bilhões de investimentos aqui. É muita grana. Quem entrar no começo da obra vai ter emprego por cinco anos. Esses quatro mil funcionários vão ser durante o pico da obra, no ano que vem.